segunda-feira, 2 de março de 2009

JEITO DE TRISTEZA

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jeito de alegria
(marcos quinan/ lucivaldo dos santos/ márcia corrêa)

se fosse a canção de amor
deixava pra trás a tristeza
não seguia do mal a dor
pra se plantar a leveza

se fosse a vida um acaso
procurava achar a nascente
onde estivesse a alma
e tudo que a gente sente

se fosse só jeito de alegria
regando um sentimento
um olhar de amor no dia
punha na paz o momento

porque uma canção de amor
na vida enquanto avança
é jeito de alegria
no colo da esperança

Violão, voz e percussão - Eudes Fraga

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Jeito de Tristeza

Ele era assim sempre, com riso e piada pronta para todas as situações. Talentoso e inteligente, aos 16 anos, Lucivaldo resistia bravamente aos apelos do álcool, das drogas e dos delitos tão comuns entre os jovens do bairro onde morava. As dificuldades financeiras da família doíam no menino, mas ele seguia firme, com olhar de quem se sabia portador de um talento extraordinário para as artes.

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Escrevia sentimentos, desenhava e pintava pensamentos, brincava com a vida com um humor perspicaz e às vezes sarcástico. Tinha calor no coração e era assim um vaga-lume na escuridão da desesperança que às vezes se abatia sobre seus colegas. Certa vez se definiu como uma lâmpada, que iluminava o caminho de quem o seguisse. Nada modesto também, aliás, portador de uma lucidez rara nos caminhos do auto-conhecimento.

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Em 2008 escreveu um texto, após uma audição de música instrumental, onde dizia que as manhãs de sábado no Centro Espírita Casa de Amor em Macapá, onde freqüentava o grupo de jovens, eram como “um jeito de alegria” em sua vida. O texto virou poema, que foi musicado pelo compositor Marcos Quinan e gravado, em estúdio caseiro, pelo cantor Eudes Fraga. Na tarde deste domingo, 1º de março, Lucivaldo partiu para o mundo dos espíritos. Não de um jeito com alegria, como vivia.

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Ao brincar de pira-pega com amigos no lago do Curiaú, apoiou as mãos em um poste de refletores fincado dentro da água e morreu eletrocutado. Um poste ali colocado para clarear a beleza do deck do balneário recém reformado e ampliado pelo governo do estado. Um poste de energia dentro d’água, sem proteção adequada. Irracionalidade que levou o menino compositor, deixando para trás muita saudade.

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Márcia Corrêa - http://novopapeldeseda.blogspot.com/

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1993 / 2009
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2 comentários:

  1. Irracionalidade e tamanha tristeza!
    Poema lindo...

    Ps: Esse menino é aquele o qual voce havia me falado?

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  2. Sim, ele mesmo. Muito triste, uma pena não tê-lo conhecido pessoalmente.
    Abraço.

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