quarta-feira, 31 de março de 2010
MARIA FERNANDA - Quem sabe?
Hoje a hora é tarde
Quem sabe outro
Verso em prosa me aguarde
Quem sabe sonho e
Te encontro mais tarde
Na sala sentado
Sentindo saudade
Quem sabe me olhe, me sinta?
E se cale
Saúda a vida
Entre o verde e o azul, a grade
Maria Fernanda - http://mariamenina-interior.blogspot.com/
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terça-feira, 30 de março de 2010
ARMANDO NOGUEIRA
Quartetos Ultraleves
(Sérgio Souto e Armando Nogueira)
vento do meu ultraleve
lá vou eu cruzando o ar
aonde quer que tu me leves
vivo o enlevo de voar
arco-íris ultraleve
risca o céu lentoveloz
aonde quer que tu me leves
abre a asa sobre nós
sobe e desce ultraleve
no teu gesto de albatroz
entre nuvens cor de neve
abre as asas sobre nós
ultraleve é passatempo
com alma de passarinho
teme a chuva teme o vento
haja sol no teu caminho!
Ultraleve é um brinquedo
tempo e vento no meu rosto
nunca é tarde, nunca é cedo
pra sentir tão leve gosto
ultraleve é devagar
devagar quase parando
enquanto o jato dispara
o ultraleve vai levando
meu amigo ultraleve
parceiro de solidão
aonde quer que tu me leves
te levo no coração
..
segunda-feira, 29 de março de 2010
ARMANDO NOGUEIRA
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“Pelé era atleta completo e Garrincha um artista perfeito”.
OPORTUNIDADE NA ÁREA CULTURAL - RIO DE JANEIRO
A Lume Arte e Marketing Cultural está produzindo o Viradão Carioca 2010 e contratando profissionais da área de produção cultural (coordenação, produção executiva e assistente de produção) para um período de 5 a 10 dias de trabalho.
Os interessados devem enviar CV para:
jbarroso.com@gmail.com
Enviado por Julio Barroso
Produtor Executivo
Via NICE PINHEIRO - http://www.nicepinheiro.blogspot.com/
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JAC. RIZZO - Canção quase conformada
No espelho do mar
em que me afogo
tudo é água e calma
O outro lado é sol e sal
e o fogo das horas
que me queima a alma
Não sobrevivo
morro de morte natural
Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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domingo, 28 de março de 2010
MEU POEMA
se não soarem como
simples palavras
harmonizadas na estética
mas ardendo
no universo
da minha procura
se soarem como
ferimentos da luta
entre a angústia
e o amor
conterá o poema
vestígios da minha alma
em casca e dor
.
MQ
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sábado, 27 de março de 2010
ERRO
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Erro
Se hoje uma dor
Veste teus olhos
Muito amor
Sente o perdão
Se o fato, o ato
Ainda choram
Feito uma lança
No coração
O teu caráter
Quem absolve
E te concede
Sua razão
Porque é assim
Que a vida mora
Quando erramos
É construção
MQ
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sexta-feira, 26 de março de 2010
CANÇÃO DOS POVOS DA NOITE
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Canção dos povos da noite
(Marcos Quinan)
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Arranjo de Base – Eudes Fraga
Arranjo de Cordas – Roberto Stepheson
Violão - Eudes Fraga
Cello – Marcus Ribeiro
Viola – Eduardo Pereira
Violino – André Cunha
Sax Soprano - Roberto Stepheson
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IMPERTINÊNCIA
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Impertinência
Para Bibico, Eliane e Beth
Palavras maculadas
Pela impertinência
Cantando o indecifrável
Que o poeta busca
Talho por vez
Sucessivamente
Talho por talho
Como fosse enlevo
O amigo dentro
Do poema e na valsa
Que ele nunca ouviu
A amiga frágil
Perdendo-se do poeta
E amada até o fim
A amiga forte
Trajando querer profundo
Enfim livre da mordaça
Contemporâneos
Irmãos em tantas coisas
Separados por caminhos
Até que a morte nos reúna
MQ
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RUY GODINHO - RODA DE CHORO
RODA DE CHORO – SÁBADO – DIA 27.03.10
O destaque do 1º bloco vai para a Coleção Choro Carioca. O compositor enfocado é o clarinetista e compositor Luiz Americano, nascido em Aracaju, no ano de 1900. Ele mudou-se aos 21 anos para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como músico profissional, tocando clarinete e saxofone.
No 2º bloco, o destaque vai para o instrumentista e compositor paulista Izaías Bueno de Almeida, um dos mais respeitados bandolinistas de todos os tempos e o som do CD Quem Não Chora Não Ama, lançado em 1999.
No 3º bloco, o destaque vai para o violonista e compositor alagoano – radicado em São Paulo - Zé Barbeiro. Nome dos mais conhecidos no choro paulistano, ele apresenta o CD Segura a Bucha, lançado em 2008.
No 4º bloco teremos a cantora maranhense Lena Machado, que lança em primeira mão, em Brasília, o segundo CD de sua carreira, Samba de Minha Aldeia, produção independente de 2010.
No 5º bloco, a boa surpresa é a performance do tecladista, acordeonista e compositor acreano Chico Chagas, músico acompanhador e diretor musical de intérpretes de renome, que lança seu primeiro CD solo E Por Falar em Acordeom, lançado em 2007.
Ouça pela internet:
Rádio Câmara, Brasília: www.radio.camara.gov.br (rádio ao vivo), sábados, 12h.
Rádio Roquette Pinto, Rio de Janeiro: www.fm94.rj.gov.br
terças e quintas-feiras, 14h; quartas e sextas-feiras, às 2h.
Rádio Utopia FM, Planaltina-DF, quartas-feiras, 18h.
Produção e Apresentação: Ruy Godinho
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quinta-feira, 25 de março de 2010
EVERTON BEHENCK - FÁBULA
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Era uma vez
Dois
Um era ausência
O outro
Repleto silêncio
Um era o tempo
O outro
Era voz e voraz
Um era nós
O outro
era só
Um era pó
O outro
era pão
Era uma vez
Dois
Um era perto
O outro era parto
Um era santo
O outro
Nem tanto
Um era seco
O outro
Era prato. Servido.
Um era livre
O outro
Perdido
Era uma vez
Dois
Um era vida.
O outro
era volta
Um, alegria
O outro
Revolta
Um era amor
O outro
Era amar
Um era dor
O outro
Melhor
Era uma vez
Dois
Um era paz
O outro
paixão
Um era medo
O outro
Segredo
Um era pranto
O outro
Desejo
Um era tarde fria
O outro
Sabia
Até que um dia
Um se desfez
O outro se pôs
No lugar
Era uma vez
Dois
Iguais.
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Everton Behenck - http://apesardoceu.wordpress.com/
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quarta-feira, 24 de março de 2010
JAC. RIZZO - Nas entrelinhas
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Para um amigo que escreve e sente
e ama e pinta íris azuis...
Entre as palavras que escrevo
há intervalos de suspiros,
há soluços e segredos
que a alma guarda ou inventa.
E há abismos de solidão
nas entrelinhas.
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Pensar e escrever
é tão 'sozinho'!
Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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terça-feira, 23 de março de 2010
MARIELZA TISCATE - NASCER DE NOVO
De um susto se nasce de novo
De amor, de manhãzinha
Se nasce de um poema no muro
De nuvem no céu espiada
Se nasce de novo dum corte
Por milagre que pareça
Se nasce ainda depois
Da fruta mordida no chão esquecida
Nasce de novo o sabor
Num futuro imprevisto
Se nasce do que não é visto
De um inesperado sonho
Que aparece em noite escura
Se nasce de novo num canto
De uma perdida esperança
Que de tanto nascer de novo
De esperar nunca se cansa
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segunda-feira, 22 de março de 2010
ELOMAR FIQUEIRA MELLO - OBRA PRIMA DA CULTURA BRASILEIRA
O Sr. Ernesto Santos Mello, filho de tradicional família de fazendeiros da Zona da Mata do Itambé e da região do Mata - de - Cipó de Vitória da Conquista, casou-se com D. Eurides Gusmão Figueira Mello, de ascendência hebraica (cristão novo da linhagem Figueira e Azeitum). Por dificuldades econômicas ou mesmo por costume da época, quiçá, habitaram nos primeiros tempos a velha casa da Fazenda Boa Vista, propriedade de seus avós Virgílio Figueira e D. Maricota Gusmão Figueira. Ali, naquela velha casa, onde pousaram levas e levas de retirantes flagelados das grandes secas cíclicas do sertão nordestino, aos 21 de dezembro de 1937, nasceu Elomar Figueira Mello, primogênito do jovem casal .
Aos três anos de idade, em face da fragilidade da saúde do menino, seus pais alugaram, na cidade de Vitória da Conquista, uma pequena casa numa rua chamada Nova. Enquanto seu pai se ausentava por longos períodos na lida de tanger boiadas, D. Eurides, ao som da velha máquina de costura, ganhava o pão, ao tempo em que embalava o frágil menino. Aos sete anos de idade, seus pais deixaram definitivamente a vida urbana, transferindo-se para o campo, onde Elomar com seus irmãos Dima e Neide, perpassou toda infância pelo São Joaquim, Brejo, Coatis de Tio Vivaldo e Palmeira de Tio Kelé. No São Joaquim, berço da 2" infância, cursou parte do primário escolar, completando este e o ginasial na cidade no ano de 1953.
No ano seguinte, a contragosto seu, deixa o curral, o roçado e os folguedos da vida pastoril, para ir cursar o científico no Palácio do Conde dos Arcos em Salvador. Em 1956, interrompe o curso e volta à terra natal para servir ao exército, passando a morar com sua avó paterna na mesma fazenda, vizinho bem próximo da velha casa onde nasceu. A partir dos dezoito anos, a casa de mãe Neném, sua avó, será sua morada toda vez que voltar de férias da capital, embora visite constantemente sua avó Maricota na cidade e seus pais no São Joaquim. Esta preferência de habitação deve-se ao fato único de mãe Neném, em sendo católica apostólica, ter sido mais tolerante com o tipo de vida do moço poeta, de perfil boêmio. Em 1957, novamente em Salvador, conclui o científico. Em 1958, perde o .vestibular de geologia, face o já grande enredamento com a música nos meios intelectuais dali. Em 1959, faz o vestibular para arquitetura. Conclui o curso em 1964, após o que, incontinenti, regressa de modo decidido e definitivo ao Sertão para, tendo a arquitetura como suporte econômico mínimo, escrever sua obra.
A música e a poesia essencial, com a força de seus encantamentos, despertaram o compositor numa idade muito tenra, e o poeta, um pouco mais tarde. Aos sete anos, no São Joaquim, os primeiros contatos inevitáveis com a música profana de menestréis errantes, como Zé Krau, Zé Guelê e Zé Serradô, tem maior importância, destacando-se o primeiro pela forma esdrúxula de suas parcelas ou pelas narrativas épicas amargas que já despertavam profundos sentimentos na alma do embrionário compositor.
É bom assinalar que até então só tinha ouvido a música eclesiástica do hinário cristão, do culto batista evangélico, fé única de sua família da parte de sua mãe.
Assim que ouviu os primeiros acordes de viola, violão e sanfona e as primeiras estrofes das tiranas dos côcos e parcelas dos três Zés, têm início as primeiras fugidas de casa, pelas bocas-de-noite, não só para ouvir como também, por excelência, para aprender os primeiros tons no braço do violão, o qual será, a partir dali, seu instrumento definitivo. Note-se bem que estas proezas davam-se às voltas e muito às escondidas, pois que não só para seus pais e parentes, como também para toda sociedade de então, labutar com música era coisa para vagabundo. Tocador de violão, viola ou sanfona, era sinônimo de irresponsável. As primeiras composições datam dos onze anos. Já a partir dos sete , oito anos quando vinha à cidade, toda noite ia à casa do Tio Flávio ouvir no rádio uma música estranha executada com instrumentos estranhos diferentes do violão , viola , sanfona etc... Música esta que mal começava logo, terminava. Anos mais tarde ao chegar a capital descobre que aquela música era a protofonia de “O Guarani” e quando mortificado também descobre escrita musical, a partitura e o que mais lhe causou espanto: a existência de milhares de músicas, escritas por milhares de compositores que viveram a partir de centenas de anos passados.
Aos 17 anos, já lê bem e mal escreve. Começa, então, nesta idade propriamente as composições literárias e musicais numa seqüência interminável, mas sem ainda ter uma linha definida. Destas Calendas são: Calundu e Kacorê, Prelúdio nº Sexto, Samba do Jurema, logo após, Mulher Imaginária, Canção da Catingueira e abertura de O Retirante. Em 1959-1960, começam a lhe chegar idéias de trabalhos maiores em envergadura e vai compondo aleatoriamente o ciclo das canções. Contudo, sempre preso à mesma temática, as vicissitudes do homem, seus sofrimentos, suas alegrias na terrível travessia que é a sua vida e, sobretudo, seu relacionamento com o Criador. Isto, é claro, a partir do seu elemento circunstancial, o Sertão, sua pátria. Verdadeiramente, onde vive.
Em 1966, já arquiteto e morando no sertão, casa-se com Adalmária, doutora em Direito, e filha da capital, contudo de orígem "sertaneza", da qual nascem Rosa Duprado, João Ernesto e João Omar. Enquanto muito trabalha à arquitetura menos vai compondo, sonhando com certa estabilidade econômica (que nunca chegou) para dedicar-se integralmente à música. João Omar, Maestro e Compositor, acompanha o pai desde os nove anos de idade.
Em 1969, sela o caderno da sua primeira ópera, o "Auto do Catingueira", mais tarde, parcialmente partiturada, face o caráter popular da obra. Durante a década de 70, projetou muito da arquitetura e um pouco mais na música. No começo dos anos 80 inicia a carreira de peregrino menestrel, de viola na mão, errante, de palco em palco pelos teatros do país, conquistando uma pequena platéia composta de poetas, músicos, compositores e de intelectuais de linhagem pura, sem modernosas e, por fim, de simples pessoas do povo, atraídas mais pela linguagem dialetal, a temática sertânica e as melodias fora de moda e (segundo Dr. Raimundo Cunha) indançáveis.
A partir daí, quando já abandonando a profissão liberal e em firmando-se mais fundamente na composição, compõe a Fantasia leiga para um Rio Seco, confiando a escrita orquestral a seu amigo e patrício de sertão Maestro Lindembergue Cardoso, por ainda ser ananota em escrita para orquestra. Em 1983, por ocasião da gravação do Auto da Caatingueira, na Casa dos Carneiros, fazenda onde mora desde 1980, faz sua primeira incursão no universo orquestral, quando partitura a abertura do Auto da Caatingueira para violão, flauta e violoncelo.
A partir de 1984, ainda na fase das canções, começa a esboçar a seqüência das óperas e das antífonas. É quando escreve as antífonas: I - Loas para o justo - para barítono e quarteto misto; II - Balada do Filho Pródigo - para tenor, coro e orquestra; a IV - Meditações a partir de Romanos VII - para coro e orquestra. Em 1993, a XI - Alfa - para violão e orquestra, ou seja, um concerto para violão e orquestra.
As antífonas de números VI, VII, VIII, IX, X, XI Beta e XI Delta estão praticamente compostas, faltando apenas irem para a partitura. Por outro lado e paralelamente às antífonas, a partir de 84, começa também mais propositadamente a fase das óperas, porquanto já estão em partitura. A Carta, ópera em quatro cenas, O Prólogo de O Retirante, ópera em dois atos. As outras óperas, Faviela, O Peão Mansador, A Casa das Bonecas, Os Poetas são Loucos, mas Conversam com Deus, De Nossas Vidas Vaporosas "ensaios", Os Lanceiros Negros e os Pobres, os Miseráveis e os Desvalidos, já estão quase todas compostas, faltando tão somente serem partituradas.
Ainda em paralelo vem a série dos Galopes Estradeiros, que trata de sinfonias compactas. Desta já se encontra em partitura o primeiro Galope Estradeiro. O segundo, o terceiro e o quarto já estão mais do que esboçados.
Quando deixou a fazenda, a vida na capital lhe foi muito severa. Tanto nos tempos de estudante interno como durante os anos de faculdade, onde nas casas-de-pensão que habitara mal conseguia lugar nos porões, junto a ratos e aranhas. O normal era ir dormir com fome. O pouquinho dinheiro que sua mãe lhe mandava gastava com aulas, cordas de violão, e compras de partituras e livros, o que era escasso e muito caro naquela época.
Numa certa feita, pelos idos dos anos de 1960, durante um rigoroso inverno, quase morre entrevado e à míngua num frio porão de uma casa-de-pensão na Avenida Sete, onde foi valido, abaixo de Deus, por uma estudante de enfermagem, mineira, que lhe dava o alimento de colher na boca, por impossibilidade de movimentar pernas, braços e pescoço gravemente atacados por inesperado reumatismo poli-articular agudo. Lurdinha era seu nome.
Nestas circunstâncias foi forjado o cantor dos "Retirantes", o poeta de "Os Pobres, os Miseráveis e os Desvalidos".
O ano que passou em sua terra natal, a serviço da pátria, foi de grande importância em sua formação musical, pois que na convivência de primos, de amigos, poetas e cantores, livre de maiores responsabilidades com os estudos, conheceu de perto a música nacional urbana, a seresta, o samba e o tango argentino. São seus contemporâneos deste gosto: Camilo de Jesus Lima, Euríclides Formiga, Chagas, o seu tão querido tio Valter, brilhante cantor, junto a mais de meia centena de primos e amigos mais ou menos da mesma idade, os quais durante o dia estudavam ou lidavam nas fazendas circunvizinhas. Nas noites, era o declamar Cecéu, recitar Kayan, Lamartine, Rabelo da Silva, Camões e violões e serestas nestas marés, muitas e tantas vezes tentava mostrar suas composições... - "Para, para, para" gritavam. É que sua música nova doía nos ouvidos d'antanho.
Durante o dia, passava roupa a ferro com os seus primos Mouvê e Lupen e o Seu irmão Dima, com o fim de ajudar sua vó "mãe" Neném fazer a feira. Era de extrema simplicidade a casa da vó, que, sempre rastreada pela pobreza, vivia unicamente de aluguéis do pequeno mangueiro onde morava. Durante a semana, e mais nas sextas e sábados, ali na Boa Vista, pousavam tropeiros e viajantes que vinham para as feiras ou passavam pela cidade. Não havia luz elétrica, nem água encanada. Elomar compunha à luz de fifó.
Estas lembranças, estas marcas vivas de todo um passado amargo e alegre, vão permear sua obra por todo o percurso; desde as parcelas e tiranas dos primeiros tempos até as óperas e galopes dos últimos dias.
Atualmente, Figueira Mello já um pouco mais adiantado na estrada, continua compondo intensamente, varando os dias e as noites sem descanso. No seu labutar, confessa que tem de escrever sem perda de tempo, pois que a obra é imensa e o tempo já declina pela tarde. Já deixou a Casa dos Carneiros, na Gameleira, onde demorou por um bom tempo de sua vida e donde saiu o grosso do ciclo das canções. Ali de volta, pretende concluir sua obra bem longe, bem distante dos mundos urbanos, pois que não só sua obra, como também sua própria pessoa, não é outra coisa senão antagônicos dissidentes irrecuperáveis de sua contemporaneidade tendo em vista sua formação estritamente clássica e regionalista. Daqui leu todos os poetas, escritores e profetas hebreus; leu os mélicos e os clássicos gregos; os latinos, incluindo Esopo e o Fedro; os italianos, franceses, ingleses, espanhóis, russos e, por último, os alemães, tendo, é claro, antes disto perpassado pelos essenciais patrícios.
A partir dos dezessete, já enveredava-se pelas novelas de cavalaria em leituras longas e sonhadoras. Bate-se frontalmente com a chamada arte contemporânea. Horror à dita cultura ( que segundo ele é um DX, salvo o bom cinema) estatudinese da América do Norte, o que lhe traz à lembrança palavras de antigas profecias "sertanezas", que sentenciaram: "que haverá de chegar um tempo de baixar os muros e levantar os munturos - vivemos o tempo do culto às nulidades. São os minimalismos que estão chegando....", clama o compositor.
Assim, para Figueira Mello o que importa é concluir suas óperas, antífonas e galopes, pôr tudo em partituras a nanquim e enfardados em campa antiga, guardar o monobloco passageiro do tempo até a estação futura, bem-vinda quadra remota, onde o aguarda uma geração que, por justiça, haverá por certo de ouvir e amar sua música tão fora de moda nestes dias. Ó Tempora! Ó Mores!
Elomar - http://www.elomar.com.br/index.html
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domingo, 21 de março de 2010
FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
Massangana Multimídia lança minissérie para internet
Os grupos de estudos de Dramaturgia e Trabalho do Ator do Projeto TelaTeatro, da Massangana Multimídia Produções, apresentam ao público,no dia 22 de março, às 19h30, no Cinema da Fundação, a minissérie “Stufana”. Destinada à internet, a ficção é contextualizada em uma cidade que fechou suas portas em 1959 com a finalidade de passar cinqüenta anos em total isolamento. Porém, nove pessoas saem secretamente da cidade coberta dois anos antes de sua abertura oficial, visando conhecer melhor o mundo que, supostamente, deverão salvar. O objetivo desse projeto é investigar a criação dramatúrgica contemporânea, do ponto de vista da “cultura de convergência”, conceito segundo o qual todas as linguagens narrativas se interpenetram e se retroalimentam. A entrada é gratuita. Mais informações no blog www.stufana.blogspot.com.
Serviço
O que: Lançamento da minissérie para internet "Stufana"
Entrada: Gratuita
Quando: 22 de março, às 19h30
Onde: Cinema da Fundação
Endereço: Rua Henrique Dias, 609 – Derby. Recife-PE. CEP.52010-100
Informações: www.stufana.blogspot.com.
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CORA-INHA - GESTOS DE CADA LUGAR
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Cora-inha
O Cruzeiro do Norte
Na ponta de cada estrela
Desenha réstias no caminho
Esperando só para vê-la
A lua espalha as nuvens
Traz brilho pra espiar
Pela janela do quintal
Tão cheia como um olhar
O vento bem de mansinho
Não sai lá do portão
Inquieto como menino
Curioso como irmão
E o sol se prepara
Em muitos tons de cores
Para proteger seu dia
De todos os temores
O rio corre festeiro
Vindo de tanto lugar
Para entregar suas beiras
Presente de quando chegar
A canoa se finca na água
Dia e noite a esperar
O tempo que não é longe
Quando fores navegar
Mocorongos acendem fogo
Enfeitam-se de fidalguias
Um coro de Boraris
Ensaiam as cantorias
Cora, Cora-inha
Corazinha do Tapajós
Cora, Cora-inha
Corazinha dos Boraris
Cora, Cora-inha
Da Terra do Chão
Cora, Corazinha
No fundo desse Brasil
Lugar de seu coração
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MQ
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sábado, 20 de março de 2010
EVERTON BEHENCK - APESAR DO CÉU
Nenhuma palavra é dita assim, fácil.
É preciso
Arrancá-la da pele.
Tirar o sangue
Do seu sentido.
Não ter medo
De sua veia aberta.
Ninguém escreve uma palavra assim, fácil.
O espelho de uma letra
Nem sempre mostra
A beleza de seu reflexo.
E é preciso saber olhar
O rosto disforme
Do que sentimos.
Para contá-lo.
E ao contá-lo
É preciso reconhecê-lo.
E estamos lhe oferecendo
A eternidade.
E é provável
Que ele sempre volte.
E nos será cobrado recebê-lo.
Escrever nunca é fácil.
É mais um traço.
Na parede de um condenado.
Everton Behenck - http://apesardoceu.wordpress.com/
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RENDA BRANCA
por entre as folhas
a renda branca
veste o mormaço
que o húmus transpira
na terra que bruscamente
chega ao mar
e o mar sereno que seduz as praias
em véu de espuma se instila
cobrindo o braço de terra
que tenta abraçar
respingando a água salgada
na renda branca
que a aranha negra
fez pra morar
indignada levando
o novelo no ventre
vai tecer sua casa longe do mar
neste exato momento
o computador recebe
a fotografia que o satélite
tirou do lugar
encoberto de nuvens
como a renda branca
que a aranha negra
leva no ventre
para tecer no ar
momento dos seres vivendo
o tempo no instante que o instante
se equilibra na harmonia
daquele lugar
MQ
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ASSIM SE ESCREVE A HISTÓRIA - GESTOS DE CADA LUGAR
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Assim se escreve a história…
Telelém... igapó Quimiã
Erê... igarapé Quinã
Uma história me achou
Fingindo que era eu
Foi Valdete quem contou
E Padrinho prometeu
Que um dia até Oswaldo
Saberia o nome meu
Vindo de tantas lonjuras
Pra ser vizinho do seu
Erê, telelém igapó Quimiã
Erê, igarapé Quinã
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MQ
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sexta-feira, 19 de março de 2010
RUY GODINHO - RODA DE CHORO
Especial Walter Pinheiro
O RODA DE CHORO deste sábado vai ser especial. Isso porque estaremos recebendo em nossos estúdios o flautista, saxofonista e compositor paulistano Walter Pinheiro, que apresentará o CD duplo Som na Brasa – Regional Brasileiro, primeiro disco de sua carreira, gravado em 2009.
Das vinte músicas que compõe o disco, doze são de autoria dele. As oito restantes são de ícones da música instrumental: Heraldo Do Monte, Muari Vieira, além de Maurício Carrilho e Zé Barbeiro, que participaram das gravações, juntamente com Milton Mori, Roberta Valente, Rui Alvim, Luciana Rabello, Marquinho Mendonça, dentre outros.
Na oportunidade Walter falará de sua experiência como aluno da Berklee, de Boston (EUA), onde foi fazer especialização.
Ouça pela internet:
Rádio Câmara, Brasília: www.radio.camara.gov.br (rádio ao vivo), sábados, 12h.
Rádio Roquette Pinto, Rio de Janeiro: http://www.fm94.rj.gov.br/ .
terças e quintas-feiras, 14h; quartas e sextas-feiras, às 2h.
Rádio Utopia FM, Planaltina-DF, quartas-feiras, 18h.
Produção e Apresentação: Ruy Godinho
CASTRO ALVES - SAUDAÇÃO A PALMARES
Nos altos cerros erguido
Ninho dáguias atrevido,
Salve! - País do bandido!
Salve! - Pátria do jaguar!
Verde serra onde os palmares
- Como indianos cocares -
No azul dos colúmbios ares
Desfraldam-se em mole arfar! ...
Salve! Região dos valentes
Onde os ecos estridentes
Mandam aos plainos trementes
Os gritos do caçador!
E ao longe os latidos soam...
E as trompas da caça atroam...
E os corvos negros revoam
Sobre o campo abrasador! ...
Palmares! a ti meu grito!
A ti, barca de granito,
Que no soçobro infinito
Abriste a vela ao trovão.
E provocaste a rajada,
Solta a flâmula agitada
Aos uivos da marujada
Nas ondas da escravidão!
De bravos soberbo estádio,
Das liberdades paládio,
Pegaste o punho do gládio,
E olhaste rindo pra o val:
Descei de cada horizonte...
Senhores! Eis-me de fronte!
E riste... O riso de um monte!
E a ironia... de um chacal!...
Cantem Eunucos devassos
Dos reis os marmóreos paços;
E beijem os férreos laços,
Que não ousam sacudir ...
Eu canto a beleza tua,
Caçadora seminua!...
Em cuja perna flutua
Ruiva a pele de um tapir.
Crioula! o teu seio escuro
Nunca deste ao beijo impuro!
Luzidio, firme, duro,
Guardaste pra um nobre amor.
Negra Diana selvagem,
Que escutas sob a ramagem
As vozes - que traz a aragem
Do teu rijo caçador! ...
Salve, Amazona guerreira!
Que nas rochas da clareira,
- Aos urros da cachoeira -
Sabes bater e lutar...
Salve! - nos cerros erguido -
Ninho, onde em sono atrevido,
Dorme o condor... e o bandido!...
A liberdade... e o jaguar!
A Duas Flores
São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bom como os prantos,
Que em parelha descem tantos
profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rodas da vida,
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
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quinta-feira, 18 de março de 2010
CÉU DE MAPIÁ - GESTOS DE CADA LUGAR
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Céu de Mapiá
Telelém...
Tempo do Rio de Ouro
Céu do Mapiá
Fundado na terra Purus
Onde o Acre vem desaguar
No lugar que passando eu vim
Pra contar e ouvir alegria
Aonde todos ali são por todos
Plantando e colhendo valia
E no Céu Mapiá, telelém...
Rezando com a natureza
Erê telelém fui canoa
Na cheia que dá flutuo
Na copa que quer voar
Nas mãos tive o terçado
E um céu... que é o Céu de Mapiá
Telelém...
Sebastião que é padrinho
Na memória vive pra reforçar
Que o natural é sagrado
E cura sem nada cobrar
Telelém...
Madrinha Rita
Eu vim, acabei de chegar
Trazendo alegria na fita
E o mundo sem governar
Zelo é a flor da saudade
No gesto que quero te dar
Meu riso bate na porta
Do Céu do Mapiá
E o coração vai roubando
O amor que tem no lugar
Meu improviso imita
Tudo o que quero cantar
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MQ
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quarta-feira, 17 de março de 2010
FARSA DA PALAVRA
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farsa da palavra
farsa da palavra
nas bocas
sem a emoção
da verdade
farpa da palavra
pregando minha
miséria inventada
locupletando
em beijos no chão
ou a prestação
farsa da palavra
de mão em mão
atos falsos
da palavra em vão
intenções falsas
da palavra em vão
tentando dispor
complacente
de quem sou
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MQ
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WANDA MONTEIRO - O BEIJO DA CHUVA
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ILHA
Quando a melancolia me assola
Presenças me acometem
Tudo vira excesso!
Tudo me invade
Vira Nada
Um Nada
Que de tão Nada
Expurga-me!
Expulsa-me !
Fora de Mim
Viro Ilha
Feito terra desgarrada
Ilha
Que de tão Ilha
Em vez de flutuar na água
Flutua no ar
Entre o abismo do Céu
E o abismo de Mim.
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terça-feira, 16 de março de 2010
VINÍCIUS DE MORAES - AUSÊNCIA
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
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SEM CORES
sem cores
não há mais cores
nas minhas mãos
somente cinzas, tons tristes
de todas as cores
cinzas no corpo
alimentado só de solidão
as palavras fogem de mim
circunspectas e caladas
como se repetissem
sem os verbos
as mesmas rimas
o violão rejeita solene
as intenções de canção
no silêncio rodeado
de dós e si bemóis
quanto tempo passou?
algum vento passou?
estou imóvel
sem versos, calando
como as cores no cinza
dentro, preto e branco,
sem versos, esperando
de cor, uma cor
nascer nas mãos
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MQ
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FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
Editora Massanga lança livro A Identidade da Beleza
Imagens, mobiliário, pinturas, talhas e elementos decorativos diversos somados a uma contextualização história e social das artes sacras no estado são retratadas no livro “A Identidade da Beleza – dicionário de artistas e artífices do século XVI ao XIX em Pernambuco”, de Vera Lúcia Costa Acioli, que será lançado no dia 17 de março, às 19h30, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Recife. O livro, publicado pela Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco, nomeia as profissões e os responsáveis pelas artes e ofícios em no estado durante quatro séculos e conta com contribuição em textos e imagens para diversos campos como a iconografia, universo religioso, artes e ofícios, história urbana, decoração arquitetônica, história social e econômica. Antes da sessão de autógrafos com a autora, haverá a conferência “Arte, cultura e patrimônio em Pernambuco”. A entrada é gratuita. Mais informações no site www.fundaj.gov.br
Serviço
O que: lançamento do livro “A Identidade da Beleza – dicionário de artistas e artífices do século XVI ao XIX em Pernambuco”, de Vera Lúcia Costa Acioli, e conferência “Arte, cultura e patrimônio em Pernambuco”.
Quando: 17 de março, às 19h30
Onde: sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Endereço: Avenida Oliveira Lima, 824 – Boa Vista – Recife – PE
Entrada: Gratuita
Público-alvo: interessados em patrimônio, história e arte
Realização: Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
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segunda-feira, 15 de março de 2010
CAPINAN - O rebanho e o homem
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O rebanho trafega com tranqüilidade o caminho:
é sempre uma surpresa ao rebanho que ele chegue
ao campo ou ao matadouro.
Nenhuma raiva nenhuma esperança o rebanho leva,
pouco importa que a flor sucumba aos cascos
ou ainda que sobreviva.
Nenhuma pergunta o rebanho não diz:
até na sede ele é tranqüilo
até na guerra ele é mudo -
o rebanho não pronuncia,
usa a luz mas nunca explica a sua falta
usa o alimento sem nunca se perguntar.
Sobre o rebanho o sexo
que ele nunca explicava
e as fêmeas cobertas
recebem a fecundidade sem admiração.
A morte ele desconhece e a sua vida,
no rebanho não há companheiros
há cada corpo em si sem lucidez alguma.
O rebanho não vê a cara dos homens
aceita o caminho e vai escorrendo
num andar pesado sobre os campos.
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SONHO PRA PERGUNTAR - GESTOS DE CADA LUGAR
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Sonho pra perguntar
Erê... terra Katukina...
Xankõ... Pássaro Ajudador...
Erê... terra Katukina...
Telelém... Telelém... Telelém...
Sublimo o teu afeto
E sonho pra perguntar
Onde está o ser completo
Que vivo a procurar
Onde esta o invisível
Visível em teu olhar
Que o sumo da natureza
Arvora-se purificar
Forma nova todo dia
No passado viverá
Desenhando universo
Pra qualquer um que virá
Erê... terra Katukina...
Sonho pra perguntar
Aonde a vida termina
Se o sonho não acabar
Erê telelém... telelém...
Xankõ... Pássaro Ajudador...
Telelém... telelém... telelém...
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MQ
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domingo, 14 de março de 2010
LUA
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lua
para celso viáfora
a lua espia
por entre
os edifícios
na noite fria
da grande cidade
olhando
por frestas
perplexa
o que sentimos
despudorada enfia
seu punhal de luar
no desencontro
desse encontro
e faz sangrar
o desvario
de luz
do nosso olhar
teimosa
a lua nos espia
na noite de
todo lugar com
seu punhal no ar
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MQ
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sábado, 13 de março de 2010
SÃO GONZAGA
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são gonzaga
para luiz gonzaga
em qualquer pé de serra
que se encontre o sertão
nenhum fole fala baixo
nenhum fole cala não
quando prega conselheiro
quando reza são rumão
quando canta cangaceiro
congregando lampião
em qualquer pé de serra
que se encontre o sertão
há, de sempre, um vaqueiro
honrando o seu gibão
aboiar o ano inteiro
em gestos de contrição
pregando por conselheiro
rezando por são rumão
em qualquer pé de serra
que se encontre o sertão
com chapéu de cangaceiro
seguindo são lampião
há, de sempre, sem receio
o povo juntar inteiro
e lutar pelo seu chão
escuta o aboio do sertão rezando
escuta o fole cantando no pé de serra
tudo isso dentro dele
tudo isso cantou nele
tudo isso era ele
ensinando meu irmão
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MQ
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