quinta-feira, 30 de setembro de 2010
esmaecida lembrança
parte arrancada,
distante,
dilacerada,
mas que lateja e arde
parte e universo
história esmaecida
nas lembranças,
levada na poeira das estrelas
tempo feitor
reunindo pedaços
dentro de nós
corpos já puídos pelo tempo,
asseverando o amor
dentro de nós
miríade do que já fomos,
mutilada,
que ainda sinto
por dentro de mim
MQ
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RONALDO FRANCO
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Nos OlhOs das Mulheres
Belém hipnotizada pelos OlhOs femininos....
Vemos nesses olhos/espelhos: a superficialidade em pessoas comprando livros que nunca serão livros;
o concerto de gargalhadas diante do fóssil programa eleitoral (na Tv);o futuro (?) em caras borolentas;
homens com os seus joelhos dobrados perante uma Deusa política (inventada!)...
Nos olhos das mulheres
fotografias de pessoas
que elegem Reis e Rainhas
a fim de permanecerem bobos da corte...
Isso é Belém do Pará!.
Ronaldo Franco - http://ronaldofranco.blogspot.com/
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010
JAC. RIZZO - Um olhar sobre as arestas
Os dias se desfiando um por um
pra onde vão
Aonde vai o tempo
assim
depois de usado
Hora por hora
a vida me consome
numa tarefa estranha
Transformar o instante já
Inventar uma flor
vistosa e bela
sobre cascalhos e pedras
Preciso inaugurar janelas novas
sobre a mesmice das coisas
Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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natal
para marina quinan
a chama iluminava a mesa
ninguém nascia ali
mas nascia
a mulher sendo
caminho afora
o homem vendo
vivida a hora
a chama acesa
por entre os grãos
fecundava os momentos
que nasciam ali
mas não nasciam
resultavam
a chama que os olhos
da mulher e do homem
refletiam nas lágrimas
iluminavam a noite
e um dia de natal
que não nascia
mas nascia
na conversa
de pai e filha
MQ
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terça-feira, 28 de setembro de 2010
ENTÃO SENHORES POLÍTICOS, PRECISA DESENHAR?
Como se perde tempo com as coisas nesse emaranhado de regras sobre regras, leis sobre leis, normas sobre normas.
A carteira de identidade é documento obrigatório do cidadão, acredito que no mundo todo, seja que nome tenha noutros lugares. O fato é que alguma identificação a pessoa tem que portar onde quer que vá. Passaporte, Carteira de Identidade, Carteira de Motorista , os mais comuns. Em todos eles existe a obrigatoriedade da fotografia.
Para o cidadão votar, acredito que em qualquer lugar do mundo, ele precisa de estar inscrito no sistema eleitoral. Isso gera um documento com fotografia ou não e para que exerça esse direito tem que apresentá-lo.
Para votar o cidadão tem que sair de sua casa e ir numa seção eleitoral.
Então Senhores Políticos, precisa desenhar?
MQ
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amor definitivo
entrego
aos teus olhos
os meus em lágrimas,
nesse momento maior de amor,
te pertenço por inteiro
na lucidez
desse silêncio
com teu rosto rente ao meu
e minhas mãos
sem mágoa
te falo do meu
amor definitivo
na poesia
dessas lágrimas,
que teus olhos
também conhecem
plenitude
maior do amor,
instante
maior do amor
em cristais
no meu pensamento
MQ
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RUY GODINHO – ENTÃO, FOI ASSIM?
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FALSA BAIANA
(Geraldo Pereira)
Baiana que entra na roda
Só fica parada
Não canta, não samba,
Não bole nem nada,
Não sabe deixar
A mocidade louca,
Baiana é aquela,
Que entra no samba
De qualquer maneira,
Que mexe e remexe,
Dá nó nas cadeiras
E deixa a moçada
Com água na boca.
A falsa baiana
Quando cai no samba
Ninguém se incomoda
Ninguém bate palma
Ninguém abre a roda
Ninguém grita, Oba!
Salve a Bahia sinhô!
Mas a gente gosta,
Quando uma baiana
Samba direitinho
De cima em baixo
Revira os olhinhos
E diz: Eu sou filha de São Salvador!
.
Então, foi assim...
Roberto Martins, embora também compositor de sucessos, onde se incluem: Leva Meu Coração (com Mário Lago), Cordão dos Puxa-Sacos (com Eratóstenes Frazão) e Meu Consolo é Você (com Nássara), não aproveitou o mote. Foi Geraldo Pereira, quem se apropriou da idéia e criou Falsa Baiana, considerada pelos estudiosos como a constatação definitiva de seu talento criador.
Samba criado, Geraldo Pereira procurou o cantor Roberto Paiva para gravá-lo. Segundo Luís Fernando Vieira, Luís Pimentel e Suetônio Valença3, o cantor estava participando de uma reunião na casa de amigos, quando Geraldo Pereira chegou embriagado, com o violão debaixo do braço, querendo mostrar “o grande samba que acabara de fazer”. Como não conseguia tocar direito, Paiva o aconselhou a voltar pra casa e terminar a música. “Mas o samba está terminado, Roberto!”, gritou Geraldo exaltado. “Então está muito ruim, não quero, não”, respondeu o cantor.
No dia seguinte, antes mesmo de curar a ressaca, Geraldo procurou o cantor Ciro Monteiro: “Olha aí, padrinho, que beleza de samba”. Ciro achou maravilhoso e o gravou imediatamente. Tempos depois, Roberto Paiva, ao ouvi-lo na voz de Ciro Monteiro, confessou que “aquela beleza
toda era o samba que Geraldo me oferecera”.
Depois da morte do compositor, ocorrida em uma briga de rua com a lendária Madame Satã, em 1955, Falsa Baiana teve mais cinco regravações: do maestro Guio de Moraes e Seu Ritmo, em 1957; Roberto Silva, em 1960; Gal Costa e uma reprise de Ciro Monteiro, em 1971 e João Gilberto, em 1973.
Geraldo Pereira desencarnou novo, com apenas 37 anos, mas deixou um acervo musical considerável e reconhecido, onde se destacam A Voz do Morro (com Moreira da Silva), Acertei no Milhar (com Wilson Batista), Bolinha de Papel (com Raul Longras), Sem Compromisso (com Nelson Trigueiro), esta última incluída no LP Chico Buarque ao Vivo Paris le Zenith, gravado na França, em 1990.
1 29/01/1909 Rio de Janeiro-RJ 14/3/1992 Rio de Janeiro-RJ.
2 Geraldo Teodoro Pereira 23/4/1918 Juiz de Fora-MG 08/5/1955 Rio de Janeiro-RJ.
3 Um Escurinho Direitinho: a vida e obra de Geraldo Pereira.
Ruy Godinho
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
caipira e severino
para joão cabral de melo neto e xavantinho
no curto espaço
que a viola calou
e calou a palavra
um silêncio impertinente
cantou nas margens
do uberabinha
um silêncio impaciente
gritou nas margens
do capiberibe
cerrado e caatinga
choraram sete notas
e palavras definitivas
dois rios perenes
correndo
em voz alta
por entre
calos, viola e vida
dois rios
correndo perenes
nas lágrimas
do nosso pranto
caipira e severino
MQ
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domingo, 26 de setembro de 2010
iguais
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ainda somos
as pessoas que ardem
e se esvaem
em procuras,
tecendo em sonhos,
encontros e despedidas,
a solidão de nossas
pequenas histórias
MQ
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FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
O evento acontece de 27 a 30 de setembro e premiará produções cinematográficas/videográficas de interesse antropológico. O II Festival, realizado pela UFPE, tem o apoio da Fundação Joaquim Nabuco, que sediará a abertura, com homenagem a Fernando Spenser, e exibirá a Mostra Competitiva, ambos na Sala de Cinema da Fundação, no Derby/Recife. A programação segue com as oficinas para documentários e de antropologia e imagem e com as mostras “Tradição e Identidades”, “Narrativas, Pessoas e Cotidiano”, “Outros Olhares” e “Ritual, Religião e Práticas Tradicionais”, realizadas na Universidade Federal de Pernambuco. Confira a programação completa no site http://www.filmedorecife.com.br.
Serviço
O que: II Festival do Filme Etnográfico do Recife
Quando: de 27 a 30 de setembro de 2010
Onde: Mostra Competitiva – Fundação Joaquim Nabuco Outras mostras: Universidade Federal de Pernambuco
Entrada: Gratuita
Endereço: Fundação Joaquim Nabuco, Rua Henrique Dias, 609. Derby/Recife – PE.
Informações: www.fundaj.gov.br (Fundaj) (81) 2126.8286 (UFPE)
sábado, 25 de setembro de 2010
sonho cabano
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paneja a bandeira, cabano
exorta bravura da luta
trazendo lingada de sonhos
em laivos de terra nova
noutrora laço tisnado
traição coragem refuta
lobrigando os aleivosos
vendendo nonada conduta
oblitera dias de dono
o sumário das balas
canhão que um corpo cala
no vintismo conforme
dobra as duzentas
e cinqüenta e seis
bandeiras, cabano
no túmulo de cal
sesmarias sementeiras
das rústicas sementes
libertas do desterro
drogas do sertão
ódios de porão
corrente opressora
aduzindo alvitre
alarvia em sonhos
algarviada cabana
panejando a vontade
de liberdade sem tomo
MQ
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Ninguém me Conhece: 12) Guilherme Rondon? Claro que Sim!
Mais de uma pessoa já me escreveu perguntando se os artistas a quem homenageio em meu blog não se sentem desprestigiados quando veem seus nomes vinculados a uma coluna com o depreciativo título de Ninguém me Conhece. Ao que respondo com um sonoro "não". Muito pelo contrário. Já houve até quem me cobrasse por não fazer parte de seleta lista. O que me deixa em saia justa, pois o tempo livre é pouco pra falar de tanta gente que merece. Aos ansiosos, peço paciência. E aos leitores preocupados com a integridade artística desse ou daquele, pergunto: Quem é realmente conhecido hoje em dia? Um dia, numa roda, pra fazer bonito, caí na besteira de falar que era parceiro de Zeca Baleiro, e não é que teve um que se virou e perguntou: Zé Quem? Eu mesmo, quando abro o jornal e leio a respeito dos escândalos de fulana que é alcoólatra ou de beltrana que lotou o Credicard Hall, pasmo, estupefato por ver gastarem tantas tinta e papel com celebridade que me é completamente nula! Pra mim, por exemplo, Guilherme Rondon é uma celebridade. E você, conhece-o? Nana § Danilo Caymmi, Ivan Lins, Sérgio Reis, Almir Sater, Alzira Espíndola e Lula Barbosa são só alguns dos que o conhecem, e bem! Mas é possível que alguns de vocês tampouco conheçam os acima citados. Percebem como a fama hoje é algo realmente muito relativo? Do jeito que anda a maré, quando minha humilde (nem tanto) coluninha estiver por volta do 90º texto, vou poder escrever a respeito de Chico Buarque!
Mas dou a mão à palmatória. Houve um tempo em que Guilherme Rondon pra mim não passava de um nome. Um nome familiar, claro, mas não muito mais que isso. Mesmo puxando pela memória, não conseguia me lembrar de nada que tivesse composto ou cantado. Por isso, a primeira vez que o vi, fui tomado por um sentimento misto de vergonha e encanto. Mas foi só vê-lo subir ao palco pra que tais sentimentos dessem vez ao arrebatamento. O cara tocava e cantava muito! E as canções... Afe! Daí me dei conta de que o Brasil só pode ser piada de português. Se Rondon fosse, sei lá, colombiano, iriam batizar avenidas com seu nome. Aqui ele cabe em minha coluna... Um tanto apertado, mas cabe.
Mas se o conheço, em boa conjugação em primeira pessoa do verbo conhecer, devo agradecer ao Caiubi, que fez o que a mídia paga não faz mais. Foi lá que nos sentamos à mesa e jogamos conversa dentro. Aliás, Rondon é aquele camarada que não tem medo de uma boa prosa. Tem medo, sim, é de poesia. Explico: o moço é um melodista à moda antiga, daqueles que passam meses (às vezes anos) elaborando uma melodia, depois passam outro tanto ruminando, pensando em quem seria o letrista ideal pra lhe transformar as notas em versos (já viram que pressa não é com ele, não?). Agora, quer ver o moço tremer na base, envie-lhe uma letra pra que ele a musique... Nem com reza sai algo que preste. Confessou-me ele certa vez que já teve até aulas (informais, claro) com Ivan Lins, mestre na arte. Mas foi reprovado com méritos. Rondon é do time de Vicente Barreto. Primeiro, a melodia, depois o letrista que dê seus pulos pra fazer uma letra caber na dita cuja.
Por falar nisso, tenho um "causo" muito interessante a respeito de parceria com o moço do Pantanal. Foi assim: certo dia, abri meu e-mail e lá estava uma mensagem dele, desafiando-me a uma parceria. Rapaz, minha alegria não foi pouca, mas confesso que o medo também foi grande. Ignorei o bicho, disse-lhe sim, obviamente, e lá fui eu labutar. Escutei a melodia não poucas vezes, de repente, a mágica se deu e as palavras começaram a brotar como se fossem petróleo em solo propício. Na letra procurei resumi-lo a meus olhos. Quando, depois de terminada, passei-lhe um pente fino, meti-a dentro de uma e-carta e despachei-a pro Pantanal. Fiquei exultante com sua resposta. A letra havia sido aprovada. Mas foi aí que começou meu calvário... Dias depois ele me escreveu dizendo que não estava satisfeito com a melodia e resolvera fazer-lhe uns ajustes. Afrouxa daqui, aperta dacolá, a melodia recauchutada ficou pronta. E lá fui eu, de novo, aparar as arestas e fazer a velha letra caber na melodia nova. Aí ocorreu um problema: a mágica havia se empirulitado. Restou só a labuta. E haja labuta! Resumindo: trocamos e-mails creio que por mais de um mês até batermos o martelo. Depois disso ele ainda encasquetou que havia uma frase meio ambígua ("Eu gosto de um abraço, dar e receber"), mas acabou cedendo (sem ambiguidade). Posto a letra abaixo e deixo por conta de vocês decidir se o resumi bem. A canção acabou se chamando Sagradas Horas:
"Eu gosto de um abraço, dar e receber/ Prossigo nesse passo rumo a você/ Quem sempre está com pressa não vê o luar/ Se a hora não é essa,/ Ela chegar./ Tem vez que a gente chora/ Tem hora pra chover/ Dinheiro vai embora/ E aquele amor, cadê?/ Há de chegar a hora/ De eu conquistar você/ Há de chegar a hora/ De eu conquistar voc./ Eu viro madrugadas com meu violão/ As horas são sagradas,/ não retornarão/ Eu gosto da demora, ver a flor brotar/ O que hoje me devora/ Me alimentará."
Cometo aqui uma inconfidência: quando escrevi "há de chegar a hora de eu conquistar você", estava enviando-lhe uma mensagem cifrada. Nas entrelinhas era um desabafo, meio como se eu dissesse: "Até que enfim me mandou uma melodia!". Mas isso fica entre nós, certo?
No mais, quem quiser saber mais a seu respeito, São Google tá aí pra ir em seu auxílio (tinha escrito o mesmo no texto da Daisy, me lembro, não estou ficando gagá!). Antecipo apenas que Rondon possui um dos violões mais originais do Brasil (e não estou me referindo ao instrumento!). Os ritmos brasileiros saem-lhe dos dedos como água, e o moço também soube se aproveitar da fronteira pra obter uma sonoridade bem sua (y se volvió casi un hermanito, aunque brasileño). A voz é um espetáculo, e as canções... Acho que estou me repetindo.
Estão cansados? Em caso afirmativo, parem por aqui, o recado está dado, vão lá ouvir o Rondon e estamos conversados. Caso contrário, aos bravos leitores de longas missivas, posto abaixo (já que estamos falando de "causos") texto que escrevi em 26 de setembro de 2008:
Rondon no Busão
Chico Buarque disse, numa entrevista à Folha, em dezembro de 2004, que a canção pode estar para o século XX como a música lírica esteve para o XIX. Pode ser, mas, apesar de estar passando por uma fase de vulgarização, acredito que a canção ainda terá uma vida muito longa, pois, enquanto teimosos compositores insistirem nesse ofício e se emocionarem com ele, as canções continuarão emocionando, ainda que a médio prazo. Porque a canção, como o tempo, não tem pressa. O compositor, sim, a canção, não. Fica ali esperando, dentro da caixinha do CD, no rádio desligado, ou na internet, esperando pra ser baixada… e ouvida.
É aí que entra em cena o novo CD de Guilherme Rondon. Desde a primeira vez que o ouvi havia gostado. Cheguei a ouvi-lo durante dias seguidos, até que me cansei e parei. A realidade do disco não condiz com a minha, não me vejo lá. Sou um ser urbano, daqueles que chegam em casa com a roupa cheirando a cigarro e yakisoba, que quando tiram o sapato parece que estão tendo um orgasmo. Nossos ouvidos são recipientes para uma música mais agressiva. Sim, porque depois de tanta adrenalina, só conseguimos relaxar… com barulho.
Pois é. E é aí que entra de novo em cena o novo CD do Rondon. Kana, de volta de sua última viagem ao Japão, me trouxe um aparelhinho em que cabem milhares de músicas. Já guardei dentro dele quase 1.500, e a capacidade do danado não chegou sequer à metade. Como o progresso é cruel e não nos deixa tempo pra o aproveitarmos, eu, que sempre fui um ouvinte de discos à moda antiga, passei a guardar nesse aparelho todos os novos CDs que adquiro e viciei-me em sair por aí afora com fones de ouvido, atualizando-me.
Sim, mas e o disco do Rondon? É aí onde eu queria chegar. As canções de seu disco estavam perdidas no meio dessas 1.000 e tantas. Pra ser honesto com todas, costumo pôr uma ordem aleatória, e vou pulando as que não me interessam.
Tenho cumprido uma carga horária de trabalho por estes dias e, pra não me atrasar pra faculdade, tenho saído às 18h. Hoje tive um problema e só consegui sair às 18h15. Madonna mia! 15 minutos mais e o trânsito já estava um inferno. Ironia das ironias, peguei o primeiro "Paraíso" que apareceu e, dentro desse ônibus fui, parada a parada, sendo esmagado pela boiada bípede (à qual pertenço, deixe-se claro). E, sem espaço pra ler um livro, fui ouvindo as tais canções.
No começo havia dito que a canção não tem pressa. E o exemplo que vou dar agora é esmagador. Apoiado em um pé só como um equilibrista, com dor nas costas, sendo empurrado à esquerda e à direita e vendo o ônibus seguir a passo de tartaruga, eis que adentra meus ouvidos, sem pedir licença, como só os autoconfiantes sabem fazer, Por Luísa, do Rondon com o Alexandre Lemos. Quando os primeiros acordes me invadiram, despertei de um sono acordado pra sonhar desperto. Foi como se nunca a tivesse ouvido. Aliás, foi como se ouvisse canção pela primeira vez, tal o estado de arrebatamento. Como num transe, ouvi-a uma, duas, três, incontáveis vezes. A lágrima, que por timidez receava, caiu abundante. Sem poder esfregar os olhos, fechei-os, e fui transportado pra uma outra realidade. O ritmo descompassado do ônibus já não me incomodava, pois eu estava em outro lugar, embora dançasse com um pé só (aquele no qual eu me mantinha apoiado. Claro que vez por outra os revezava). E aquela musicalidade que não dizia respeito aos meus cigarros e yakisobas foi tomando conta de mim e passou a ser minha única verdade. Soprou-me no ouvido que música não tem cerca, nem fronteira. Àquilo que hoje não me diz respeito, amanhã posso morrer por ele.
O ônibus subiu a Rebouças e entrou na Paulista. Quase todos desceram ali; e só então pude me sentar. Mudei o modo aleatório e pus o disco do Rondon pra ouvir inteiro, enquanto não chegava minha parada final.
Coincidentemente hoje batemos o martelo. Está aprovada minha primeira parceria com o Rondon, Sagradas Horas. Se fosse apenas uma estratégia de marketing, poderíamos criticar este texto. Mas a verdade é que de manhã ele deu cartão verde e, à noite, dentre 1.000 e tantas canções, Por Luísa veio beijar-me na subida da Rebouças. E estou aqui pra provar que o melhor marketing é o marketing de verdade.
É felicidade demais.
***
P.S. Rondon não é só Pantanal, também tem seu lado urbano. Mas é um lado preguiçooooso...
***
Ouça, sim, cinco pérolas de Guilherme Rondon aqui:
http://clubecaiubi.ning.com/profile/OXdoPoema
Leia as letras aqui:
http://clubecaiubi.ning.com/profiles/blogs/guilherme-rondon
Por Léo Nogueira - http://oxdopoema.blogspot.com/
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010
noite e dia
para murilo fonseca
você o vento da noite
eu o vento do dia
ao amanhecer
juntos nos canaviais
beber na fonte
rodopiar por aí
percorrer os matos
você lembrando seu amor
eu o meu
roubar o aroma
das plantações de fumo
fazer ondas nas águas
assobiar por aí
ao entardecer
sentir saudades
virar brisa
e cantar baixinho
você lembrando seu amor
eu o meu...
MQ
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FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
A Fundação Joaquim Nabuco lança no dia 25 de setembro, às 16h, no Cinema da Fundação, os documentários “Aeroporto”, de Marcelo Pedroso (PE), e “Minha vida não é um romance”, de Tatiana Sager (RS), vencedores da VI Edição do Concurso Rucker Vieira. Na ocasião, haverá o anúncio dos nomes dos vencedores da sétima edição do concurso e o lançamento do DVD Coleção Rucker Vieira, com as obras dos vencedores das cinco primeiras edições do evento. Mais informações pelo site www.fundaj.gov.br
Serviço
O que: Lançamento dos documentários vencedores do Concurso Rucker Vieira
Entrada: gratuita
Quando: 25 de setembro, às 16h
Onde: Cinema da Fundação
Endereço: Fundação Joaquim Nabuco, Rua Henrique Dias, 609. Derby/Recife – PE
Informações: (81) 3073.6710 www.fundaj.gov.br
RUY GODINHO - RODA DE CHORO
O programa RODA DE CHORO deste sábado será especial. Isso porque vamos conhecer em detalhes um gênero musical muito charmoso e interessante: o Tango Brasileiro.
Surgido na segunda metade do século XIX, resultado da fusão da polca européia com a habanera e temperado com a síncopa africana, o Tango Brasileiro é o embrião do Choro e antecedeu o Tango Argentino em duas décadas. Consta que o primeiro Tango Brasileiro é Olhos Matadores, de 1870 e o primeiro tango argentino é El Choclo, de 1893.
Para revelar tudo sobre o gênero, a produção convidou o pianista, pesquisador, colecionador e intérprete da obra de Ernesto Nazareth, o brasiliense Alexandre Dias.
Na parte musical, o programa será ilustrado com peças de Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Henrique Alves de Mesquita, Alexandre Levi, Eduardo Souto e Carlos Gardel.
Ouça pela internet:
Produção e Apresentação: Ruy Godinho
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
lamento
para joão curiaú
já te foste nas asas do vento
nos cheiros dos matos
mas me alimentas ainda
com a tua lucidez
te escrevo como um lamento
não tenho a quem amigo
a ternura é muito forte
sabes disso
hoje um dia qualquer
já me tiraram coisas
já me entreguei a pessoas
sempre virá alguém
amo uma mulher clara como o dia
a quem a emoção não chega
plena como está em mim
mas isso não importa
de feitor só tenho a solidão
que se confunde muito com
uma companheira
qual a semente da morte
que está em mim
MQ
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WANDA MONTEIRO - OFERENDA
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Noites dessas
Morri!
Num buraco
Cavado em vértice
Pirâmide inversa
Via-me decomposta
Ossos
Órgãos
Vísceras
Composta em mandala
Paisagem púrpura
Oferenda de Mim
No poço
Oco
Fosso de entranhas
Sôfrego
Náufrago
Num lampejo de sobrevivência
Solto o fio da inconsciência
O vento surge
Lambe-me
Traga-me
De volta à realidade
No tempo da luz!
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010
MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
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Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.
Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.
É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.
Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.
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Assinado:
01. Hélio Bicudo
02. D. Paulo Evaristo Arns
03. Carlos Velloso
04. René Ariel Dotti
05. Therezinha de Jesus Zerbini
06. Celso Lafer
07. Adilson Dallari
08. Miguel Reali Jr.
09. Ricardo Dalla
10. José Carlos Dias
11. Maílson da Nóbrega
12. Ferreira Gullar
13. Carlos Vereza
14. Zelito Viana
15. Everardo Maciel
16. Marco Antonio Villa
17. Haroldo Costa
18. Terezinha Sodré
19. Mauro Mendonça
20. Rosamaria Murtinho
21. Marta Grostein
22. Marcelo Cerqueira
23. Boris Fausto
24. José Alvaro Moisés
25. Leôncio Martins Rodrigues
26. José A. Gianotti
27. Lurdes Solla
28. Gilda Portugal Gouvea
29. Regina Meyer
30. Jorge Hilário Gouvea Vieira
31. Omar Carneiro da Cunha
32. Rodrigo Paulo de Pádua Lopes
33. Leonel Kaz
34. Jacob Kligerman
35. Ana Maria Tornaghi
36. Alice Tamborindeguy
37. Tereza Mascarenhas
38. Carlos Leal
39. Maristela Kubitschek
40. Verônica Nieckele
41. Cláudio Botelho
42. Jorge Ramos
43. Fábio Cuiabano
44. Luiz Alberto Py
45. Gabriela Camarão
46. Romeu Cortes
47. Maria Amélia de Andrade Pinto
48. Geraldo Guimarães
49. Martha Maria Kubitschek
50. Gilza Maria Villela
51. Mary Costa
52. Silvia Maria Melo Franco Cristóvão
53. Glória de Castro
54. Risoleta Medrado Cruz
55. Gracinda Garcez
56. Josier Vilar
57. Jussarah Kubitschek
58. Luiz Eduardo da Costa Carvalho
59. Tereza Maria de Britto Pereira
60. Marcos Quinan
61. Jac. Rizzo
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OS PREMIADOS DO III SALÃO INTERNACIONAL DE HUMOR DA AMAZÔNIA
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Os Premiados do 3º Salão Internacional de Humor da Amazônia:
http://www.salaohumordaamazonia.com/inscricoes/vencedores.php
http://biratancartoon.blogspot.com/http://greencartoon.blogspot.com/
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JAC. RIZZO - Pequeno conto de amor
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Ele descia a rua - uma ladeira - tropeçando nas pedrinhas da calçada, cambaleando. Vinha pensando nela, a mulher que lhe enlouquecia, entorpecia a alma. Ele bebia por ela. Se embriagava dela. Como ele odiava essa mulher! Quantas vezes a matara, estrangulara em pensamento. Mas ela não morria. Principalmente os olhos. Eles o perseguiam por toda parte. Ficavam abertos, imensos, boiando no espaço, olhando docemente para ele. Que olhar doce e infernal tinha ela! E não morriam, os olhos, não morriam. Essa mulher não morria. Como ele odiava essa mulher! E quando ela o beijava, que horror. Que beijo intenso e maldito, que boca herege, sem deus. Deve ser grande pecado odiar com tanta força. Que ser desprezível ele se sentia por não poder do próprio ódio se livrar. Ele pensava e se arrastava, trôpego. E só uma certeza o atormentava - ele iria odiá-la para sempre!
Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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terça-feira, 21 de setembro de 2010
RUY GODINHO – ENTÃO, FOI ASSIM?
(Braguinha/Pixinguinha)
Meu coração
Não sei por quê
Bate feliz
Quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim
Ah! Se tu soubesses
Como eu sou tão carinhoso
E o muito e muito
Que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu
Não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos seus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim, então
Serei feliz
Bem feliz
Alfredo da Rocha Viana Júnior, o Pixinguinha1, compôs Carinhoso em 1917 e o manteve inédito por mais de dez anos. Ele se justificou no depoimento que concedeu ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro – MIS, em 1968, dizendo que “naquele tempo o pessoal nosso da música não admitia choro assim de duas partes. Então eu fiz o Carinhoso e encostei. Tocar o Carinhoso naquele meio! Eu não tocava... Ninguém ia aceitar”.
Na época, havia uma convenção bastante respeitada pelos compositores em se criar apenas choros em três partes, influenciada pelo esquema da polca.
A música foi gravada pela primeira vez, em dezembro de 1928, pela Orquestra Típica Pixinguinha-Donga. Em seguida, ainda sem a letra, teria mais duas gravações: em 1929, pela Orquestra Victor Brasileira, dirigida por Pixinguinha e, em 1934, pelo bandolinista pernambucano Luperce Miranda. Em ambas a grafia era Carinhos e seguiu sem o conhecimento do grande público.
Mas, a história de Carinhoso estava quase para mudar radicalmente. É que, em outubro de 1936, encenava-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro o show beneficente Parada das Maravilhas, idealizado pela primeira-dama do país, dona Darci Vargas, em prol da Pequena Cruzada, uma obra assistencial. A atriz e cantora Heloísa Helena, que foi uma das convidadas a participar do evento, recorreu a João de Barro, o Braguinha2. Como ele não dispunha de uma canção inédita para a apresentação, Heloísa sugeriu que Braguinha colocasse letra numa música já existente, o choro Carinhoso, de Pixinguinha.
O letrista procurou imediatamente o autor, que trabalhava no Dancing Eldorado, localizado na Rua do Teatro nº 37, em frente ao Teatro João Caetano, onde hoje funciona o Centro Cultural Carioca. Ali mesmo, com Pixinguinha ao piano, aprendeu a melodia. No dia seguinte, fez a letra e a entregou para Heloísa, que, de tão satisfeita, o presenteou com uma bela gravata italiana.
Carinhoso se tornaria um dos maiores clássicos da MPB ao ser gravado, em 1937, pelo Cantor das Multidões, Orlando Silva, que inclusive a adotou como prefixo musical de suas apresentações. Porém, antes de gravá-la, Orlando Silva não estava muito satisfeito com a letra. Foi o bastante para que Edmundo, seu irmão, procurasse o compositor Pedro Caetano – de quem era amigo – e sugerisse uma nova letra. Pedro, sabedor que Orlando apreciava as suas composições, não vacilou e a escreveu:
“Na mansidão
Do teu olhar
Meu coração
Viu passear
Uma feliz
E meiga bonança
Quis alcançar
Sentiu esperança
Mas viu fugir
Sem lhe sorrir
Preso à sensação
Daquele quadro
Que a ilusão
Descortinou tão docemente
Bate cegamente a suspirar
Por uma luz
Que mal surgiu, viu-se apagar
Vem, vem, vem, vem
Traz ao fosco brilhar
Dos olhos meus
A carícia dos teus
Vem sentir o quanto é bom
E carinhoso, vem afagar
Este coração
Que a solidão quer matar”
Essa outra letra permaneceu como ‘segredo de Estado’ até que Pedro Caetano 3 confessasse: “se soubesse que (...) era de Braguinha, jamais teria a audácia de querer competir, mesmo porque, naquele tempo, em nosso meio havia muito respeito entre os colegas de profissão”. E afirma ainda: “hoje (1988), sinceramente, não acho graça nenhuma [de sua própria letra], pelo sentido um tanto piegas dos versos e a cafonice de palavras já em desuso”.
Talvez, pelo estrondoso sucesso alcançado, Orlando Silva desejou creditar a si a idéia de pedir a Braguinha uma letra para Carinhoso. Pelo menos era o que afirmava nas entrevistas. Mas Braguinha o desmentiu categoricamente. Em entrevista ao programa MPB Especial, da TV Cultura de São Paulo, em 1973, declarou: “Reconheço e agradeço muito ao Orlando a gravação de Carinhoso, que na sua voz tornou-se um grande sucesso, ele que naquela época era o cantor mais popular do rádio. Mas, a bem da verdade, foi isso que se passou”. E relatou a história de Heloísa.
O assédio sobre a melodia não parou por aí. Jonas Vieira4 afirma que o poeta, compositor e produtor cultural Hermínio Bello de Carvalho presenciou, certa vez, uma calorosa discussão entre a atriz e cantora Aracy Cortes e Pixinguinha sobre o aproveitamento da letra de Braguinha. Aracy afirmava que havia feito uma letra muito melhor e que Pixinguinha não teria se empenhado em aproveitá-la.
O choro Carinhoso, de Pixinguinha, com a letra de Braguinha, foi escolhido em pesquisa realizada no fim do século XX, como uma das músicas preferidas por brasileiros de todas as gerações.
1 23/4/1897 Rio de Janeiro-RJ 17/02/1973 Rio de Janeiro-RJ.
2 Carlos Alberto Ferreira Braga 29/3/1907 Rio de Janeiro-RJ 24/12/2006 Rio de Janeiro-RJ.
3 54 Anos de Música Popular Brasileira: o que fiz, o que vi.
4 Orlando Silva: o Cantor das Multidões.
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Ruy Godinho
Ninguém me Conhece: 11) Adolar Marin, o Primeiro de Seu Clã
O nome do bar me escapuliu, mas acho que foi na Vila Madalena. Eu e Kana havíamos sido convidados pelo compositor Madan, que então liderava a extinta RSMB (Rede Solidária da Música Brasileira), que se tratava de um grupo virtual de discussão a respeito de música e, na época, tinha entre seus membros muita gente boa, das mais diversas facções musicais. Sonekka (a quem conheci por intermédio da Rede) pode falar melhor que eu, mas me parece que o Caiubi nasceu meio que em decorrência (ou em dissidência) da RSMB. Futuramente eu viraria também um de seus membros (tanto da RSMB quanto do Caiubi). Pois bem, foi nesse bar, naquela noite, que o conheci. O cara, com seus longos e cacheados cabelos e um ar angelical, pareceu-me, à primeira vista, uma espécie de versão adulta do Anjinho (lembram?), personagem do Maurício de Sousa. Era boa pinta, mas os olhos não passavam a malícia do conquistador, ao contrário, eram doces como os de um menino. Daí a associação com o Anjinho. Quando dei por mim, estávamos no maior lero, como se fôssemos velhos conhecidos. Com ele, não tinha minuto de silêncio. O sujeito era uma metralhadora de assuntos, falava a respeito de tudo, sobretudo de música, que era o assunto em pauta, e com grande conhecimento de causa. Simpatizamos com ele de cara (falo também por Kana), pois, além da natural genteboíce (by Tavito), demonstrava ser um dos compositores mais pra cima, esperançosos, que até então havíamos conhecido. Ou seja, emanava boas vibrações. No final da noite, trocamos CDs (e contatos), e ele me pediu que lhe enviasse uma letra.
Enviei-lhe. Porém, apesar de já ter ouvido falar muito dele, na dúvida, escolhi uma letra que não era das minhas melhores, pra não "queimar cartucho". Se o resultado fosse positivo, passaria a lhe enviar outras mais consistentes, mas, por ora, aquela tava de bom tamanho. E qual não foi minha surpresa ao atender o telefone já no dia seguinte e ouvir sua voz me dizendo, "Bicho, tá pronta a canção. Quer ouvir?". Claro que eu queria. E a verdade é que fiquei com a maior vergonha, pois ele se esmerara pra tirar leite de pedra, e o resultado final não só tinha ficado sensacional como ainda a melodia melhorara a letra. Anos depois, com a amizade e a parceria já consolidadas, acabei confidenciando-lhe minha malandragem.
Encontramo-nos de novo, dessa vez no também extinto Crowne Plaza. Era um show coletivo da RSMB. Cheguei atrasado, e tomei um baita susto, pois, justo na hora em que estava entrando, reconheci meus versos. Era ele, no palco, cantando a nossa Controle Remoto. Não dá pra descrever o tamanho da emoção. Ao vivo era melhor ainda! E pude reconhecer que não estava diante de um compositor qualquer. Além da exuberância harmônica e da firmeza no trato com o violão, qualidades adquiridas em muitos anos tocando nos bares da vida, quem não era cego podia perceber que ali naquele palco, naquele instante, estava se apresentando um compositor completo! Carisma, voz suave e afinada, interpretação certeira, mas sem exageros (notava-se a escola joão-gilbertiana), composições belas que fugiam ao lugar-comum, enfim, fosse eu um estrangeiro chegando naquele momento, certamente pensaria tratar-se de um "medalhão" da MPB. Ah, nessa noite tive o privilégio de me sentar ao lado de outro cara de quem sou fervoroso admirador (e defensor): Ricardo Soares, o vencedor do último (último?) festival da Rede Globo. Falarei dele qualquer dia desses.
Retomando o assunto: o CD que ganhei naquela noite tinha o acertado título de Qualquer Estação. Sim, acertado porque, a exemplo do anteriormente citado Mágicas, de Élio Camalle, parecia uma coletânea de sons brasucas. Contudo, eu não conseguia escutar nele o cara que vi no palco. Ouvi dizer certa vez que Vítor Martins, parceiro de Ivan Lins em numerosos sucessos e dono da gravadora Velas, dissera que evitava contratar artistas que tivessem tido experiência em bares, pois, em sua opinião, estes dificilmente conseguiam encontrar a originalidade em meio a tantas referências. Discordo dele. O que ele disse se referindo a estes heroicos disseminadores da música brasileira, no que se refere a originalidade, não é característica exclusiva destes. Clones os há em toda parte e em todos os segmentos. O que há é que muitos deles se encontram ainda em fase de busca do "eu". Lembrei-me disso pois Qualquer Estação era um CD de um camarada que já havia ultrapassado esta linha divisória sem, contudo, ter chegado ao final dela. E neste disco havia ao menos duas canções que podemos chamar de geniais: Paisagem e Gênesis II (esta, em parceria com outro baita compositor, Fernando Cavallieri, de quem também falarei futuramente).
Só que o moço sabia das coisas. E não tinha pressa. Muito menos se importava se, sendo rio, ia pro mar. Como os mineiros do Clube da Esquina, a quem ele, paulistano atento, admirava, respeitava as estrepolias do tempo. E foi justamente o tempo que nos uniu com o nó cego da brodagem (by Celso Viáfora) e nos levou a viajar por mais de 30 canções, noitadas (e dias) inesquecíveis, porres esquecíveis, muitos festivais, brigas e reatamentos, acontecimentos que transformaram a relação em algo indissolúvel. E dessa relação nasceu seu segundo trabalho, Atemporal, este, sim, digno, de cabo a rabo, de sua assinatura. E da minha, visto que coassino sete das quinze faixas (uma delas, Arco-Íris, com Élio Camalle). Atemporal resultou num disco que não deixava nada a dever aos dos já citados "medalhões". Não bastassem o repertório impecável, os arranjos, a qualidade do estúdio e dos artistas envolvidos (e estou falando de Dominguinhos, Élio Camalle, Virgínia Rosa, Dino Barioni, Léa Freire, Sizão Machado, João Cristal § cia. ltda.), a indiscutível qualidade técnica, era um trabalho tecido com as teias das entranhas, visceral, cuja alma quase se podia tocar. Ouvisse-o Vítor Martins, repensaria seus argumentos.
Mas se a MPB é considerada chata porque contém em seu círculo viciado muitos chatos arrogantes, também o pop não está livre deles. E alguns destes, irmanados àqueles pelo preconceito, não conseguiram ver/ouvir em Atemporal o que é: um CD da mais alta modernidade, justamente por nunca se haver proposto a tal. E mais uma vez o título foi feliz. Nas entrelinhas dos arranjos, as sutilezas faziam-se presentes, celebrando uma festa dos sentidos desprovida de preconceitos. Esse moço, que começou a carreira tocando roquenrol na guitarra; que descobriu a bossa nova e a MPB e se encantou com elas; que reverenciou o Clube da Esquina sem, contudo, deixar-se limitar por ele; que se apossou da música de Luiz Gonzaga e os seus e lhe conferiu elementos eruditos; que passeou com desenvoltura pelo samba sem vergonha do acento paulistano; que, embora menos incensado como letrista, compôs pérolas poéticas que já me levaram às lágrimas, como a inédita Miguilim, que se aproveitou de todos os ritmos que lhe caíram nas mãos (e nos dedos) pra criar uma obra original, consistente e atemporal; que, apesar de ostentar hoje uns cabelos um tanto mais prateados que na foto acima, está no auge de sua criatividade; a quem me dirigi durante todo o texto no tempo pretérito e sem lhe citar o nome pelo prazer estilístico de pintá-lo em cores épicas; esse moço atende (sempre bem) pelo nome de Adolar Marin, e é o primeiro de seu clã.
***
Ouça algumas das atemporalidades do clã Marin aqui:
http://clubecaiubi.ning.com/profile/OXdoPoema
Leia as letras aqui:
http://clubecaiubi.ning.com/profiles/blogs/adolar-marin
Por Léo Nogueira - http://www.oxdopoema.blogspot.com/
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segunda-feira, 20 de setembro de 2010
conversa de pescador
para sebastião tapajós
onde as águas se encontram
integrando as entranhas
de todas as margens de lá
vive um ser feito de barro
soprado por sete luzes
pescando sons e luar
que espalha pelo mundo
nas margens de todo lugar
misturando em sete cores
suas linhas de pescar
iscando uma por uma
sonha e faz sonhar
isca um dó
e pega a dourada
com um ré
pesca rebeca
isca um mi ou um fá
pra pegar mira-céu
e facão
isca um sol
escapa a solha
isca um lá
e é tanto lalau
que resolve com o si
pegar siri
histórias de pescador
cantando por aí
nas margens de todo lugar
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MQ
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CANÇÃO DOS POVOS DA NOITE - RIO DO BRAÇO
,
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Rio do Braço
(Marcos Quinan)
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Arranjo – Fernando Merlino
Piano – Fernando Merlino
Cello – Manoel Antônio
Viola – Ivan Zandonada
Violino – André Cunha
Fagote – Márcio Zen
Oboé – Carlos Prazeres
Sax Soprano e Flauta – Roberto Stepheson
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domingo, 19 de setembro de 2010
vale a pena
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vale a pena
viver no tempo
de esperar tua voz
e quando ouvi-la
imaginar teus olhos
o contorno da tua boca
em sorrisos
sonhar com teu corpo
que é tanto meu
viver no tempo
nomeando formas
de ti emoldurar
na minha saudade
depois de cada chuva
ao ouvir os pirilampos
no entardecer
ao recamar das estrelas
ou no clarear das manhãs
quando ao norte
ou a oeste
meu pensamento estiver
.
MQ
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RONALDO FRANCO
Estremeço ao ouvir
o teu sorriso
numa rajada
de sílabas:
fica fica fica fica
Obedeço:
sem vírgulas
sem ponto final
Ronaldo Franco - http://ronaldofranco.blogspot.com/
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sábado, 18 de setembro de 2010
SUA CARA
Explorar a ignorância
Da forma que for
É a pior das ditaduras
Encobrir a desonestidade
Com leniência
É cumplicidade sem cura
Falar aos desiguais
Como se fossem iguais
(Inventando feitos
E desmerecendo fatos)
É como armar as forças
Só para vigiar o prato
MQ
curva do tempo
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molha os pés
e as mãos
em calos
nas águas
da infância,
rio ponte,
rio pedra,
rio fonte,
caminho perdido
na curva do tempo
rio indo, ardendo
queimando paixões
rio ido
angustiado
em ser
rio velho,
jazindo,
indo, indo...
rio pedra,
rio ponte,
rio fonte,
indo...
indo...
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MQ
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Ninguém me Conhece: 10) A Cara de Celso Viáfora, um Brasileiro que nem a Gente
Mano Menezes, li recentemente, ganhou de presente da Nike um curso no qual aprendia a se portar perante a imprensa. Isso me fez pensar. Fui, desde sempre, contrário à contratação de Dunga pro cargo de técnico da Seleção Brasileira, contudo, embora discordasse de 90% do que ele dizia (e fazia), admirava-lhe a capacidade de ser sempre verdadeiro, espontâneo, não um macaquinho movido a pilha. Mas os tempos hoje são outros, e todos os profissionais têm que estar preparados pro que der e vier. Obviamente, com a indústria da música não podia ocorrer algo diferente. Desde que a canção deixou de ser canção pra virar sabonete, basta ligar a tevê pra se deparar com artistas sorridentes, que parecem saídos de um comercial de pasta de dentes, com frases feitas pra responder a perguntas idem, todos encenando um roteiro previamente decorado. Perto deles um cara como João Gilberto parece ser um verdadeiro homem de neandertal.
Embora igualmente sorridente, Celso Viáfora é outro que não fez o tal curso. Quando sorri, parece mais um menino tímido preso dentro de um desengonçado corpo de adulto (lembram-se de Quero Ser Grande, com Tom Hanks?). Suas deliciosas tiradas futebolísticas e suas piadas das quais ele é o primeiro a rir parecem sempre sair de supetão, à queima-roupa, como uma maneira de escapulir da pergunta ou de alguma situação na qual se sente um tanto desconfortável, jamais de um roteiro. Em tempos de robôs malhados, a figura de Celso, seja nas raras aparições na tevê, seja em cima de um palco, parece quase arcaica, desfocada. Mas Celso não tem muito o que fazer, pois é um remanescente dessa escola musical que se preocupava mais com o conteúdo que com a estética. Cá pra mim, acho que deve ter tido lições com o professor Chico Buarque. Ainda bem que cabulou as aulas de mau humor.
Como tenho muitos amigos que tiveram seus primeiros trabalhos lançados pela Dabliú Discos, acabei descobrindo lá muitos ótimos artistas. Celso foi um deles. Não me lembro bem de que maneira, um dia um CD dele me veio parar nas mãos. Era um que se chamava simplesmente Celso Viáfora e tinha uma capa desanimadora: dentro de uma moldura, tendo um desenho de uma lua crescente e uma estrela no canto superior esquerdo, um camarada com um bigodão preto, grossas sobrancelhas pretas e um topetão preto aparecia numa foto que, fosse de frente e não de perfil, pareceria um 3x4 comum. A imagem tinha um quê chapliniano. Como, reza a tradição popular, a cavalo dado não se olha os dentes, fui conferir.
Saí dessa conferência fã. Corrijo-me: admirador. Não parei mais de adquirir seus discos e procurei me manter atento a seus passos, embora à distância. Com os anos, e por conta de amigos em comum, acabei me aproximando dele e tive a oportunidade de conhecer o homem por trás do compositor. Em princípio, sentia-me um tanto constrangido e deslocado, pois sempre gostei de manter certo distanciamento do causador da admiração, pra não lhe conhecer os defeitos. Mas Celso sempre agiu, comigo e com os outros que o rodeiam, de forma tão desprovida de afetação, que o relacionar-se com ele acaba resultando tão natural que não se carece de formalismo. Depois que ele descobriu também o Caiubi, cansei de vê-lo por ali, em algum canto, tão discreto que beirava a invisibilidade (apesar do porte).
Gosto de artistas assim, gente como a gente, que não necessitam de muletas pra que sua obra caminhe, pois ela sabe fazê-lo por si só. Infelizmente hoje os artistas adquirem notoriedade mais por suas caras e bocas, seus escândalos, seu visual, que por sua arte. Quem menos tem o que falar mais fala. Mas a culpa por esse panorama também a temos nós. Nossa preguiça acaba fazendo que conheçamos apenas o que nos esfregam na cara como sendo material de qualidade. Daí ficamos parecendo neném tomando aquelas sopinhas que a mamãe teve antes que amassar com a colher. Ou seja, preservamo-nos da ação de mastigar antes de deglutir. Minuto filosófico! Com o patrocínio do Boteco do Seu Sócrates! Voltemos ao Celso:
À margem desse universo fashion, Celso, um chopinho ali, uma canetada aqui, uma pedalada acolá, uma violada mais além, solidifica sua carreira ano a ano. Além de melodista dos mais inspirados, é, já faz um bom tempo, letrista dos mais requisitados. Que o digam, entre tantos outros, Vicente Barreto, Ivan Lins e Francis Hime, que, tendo-o como parceiro, dão a dimensão do que é o trabalho desse moço, que, como ninguém é perfeito, teve o mau gosto de torcer pelo Timinho. Mas tal falha não é capaz de manchar seu curriculum. Não há de ser nada, não há de ser nada, pra quem já nos deu Não Vou Sair, A Cara do Brasil, Emoldurada, Papai Noel de Camiseta... Se eu continuar, não paro hoje!
Mas Celso nasceu pra ser assim, "torto igual Garrincha e Aleijadinho, ninguém precisa consertar". Se lixou pra falta de espaço no Sudeste e foi ser ídolo no Norte, atuante, produzindo, compondo, descobrindo (e descoberto por) outros Brasis. Jogou o manual fora, mandou uma banana pra mídia paga e gravou do jeito que quis seu primeiro DVD, Batuque de Tudo: contraventor, utilizou, em vez de palco, a fazenda de Rafael Alterio, o Garga!; em vez da chiadeira do público pagante, apenas o chiado gratuito dos passarinhos; em vez de um repertório batido, canções inéditas; e, pra complementar, chamou pra lhe fazer companhia nessa viagem os manos com tempo de brodagem (como gosta de dizer). Não tinha como não resultar em algo excepcional. Se todo DVD musical fosse assim, até que eu compraria alguns.
Por falar ainda no professor Chico, acredito que ele, mesmo sem saber, não estava se referindo a esses moços (pobres moços) que compõem modernas velharias quando cantou "Evoé, jovens à vista". Referia-se a jovens como Celso Viáfora.
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Ouça algumas das caras do brasileiro Celso Viáfora aqui:
http://clubecaiubi.ning.com/profile/OXdoPoema
Por Léo Nogueira - http://www.oxdopoema.blogspot.com/
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sexta-feira, 17 de setembro de 2010
piedade
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para piedade e rubens almeida
requebrou
a poesia dos gestos
e a noite chorou
declamou
seu corpo de rimas
e o poeta calou
quando fecharam as cortinas
eu vi piedade no devaneio
das suas mãos
pisando luar
e foi tanta beleza andando
o caminho
que até os meus versos
vieram olhar
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MQ
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RUY GODINHO - RODA DE CHORO
RODA DE CHORO – SÁBADO – DIA 18.09.10
No 1º bloco o destaque vai para a Coleção Princípios do Choro e abordará obras do compositor João Valeriano, ilustre desconhecido, nascido por volta do ano de 1870.
No 2º bloco enfocaremos o CD Noites Cariocas – Os Maiores do Choro, ao Vivo no Teatro Municipal, lançado pela gravadora Kuarup, em 1988.
No 3º bloco, a continuidade: o CD Noites Cariocas – 15 Anos Depois – A Alegria do Improviso, lançado pela Kuarup, em 2001. Os dois discos trazem a magia das rodas, a alegria dos improvisos e a descontração da camaradagem entre os chorões.
O destaque no 4º bloco - do Choro Cantado – é Carmina Juarez e o som do CD Tenho Saudade, lançado pela Dabliú, em 2000, feito em homenagem à cantora Elisinha Coelho.
No 5º bloco, a tônica será a presença do violonista e compositor cearense Tarcísio Sardinha e o som do CD Brasileirando, produção independente repleta de choros.
Ouça pela internet:
Rádio Câmara, Brasília: http://www.radio.camara.gov.br/ (rádio ao vivo), sábados, 12h.
Rádio Roquette Pinto, Rio de Janeiro: http://www.fm94.rj.gov.br/
terças e quintas-feiras, 14h; quartas e sextas-feiras, às 2h.
Rádio Utopia FM, Planaltina-DF, quartas-feiras, 18h.
Produção e Apresentação: Ruy Godinho
VINÍCIUS DE MORAES
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Pátria Minha - 1949
Moraes, Vinicius de, 1913-1980
Trata-se da publicação do poema inédito "Pátria minha", em edição limitada de cinqüenta e cinco exemplares, realizada por João Cabral de Melo Neto, em sua prensa manual, em Barcelona, Espanha, no ano 1949. Desde 1946, Vinicius ocupava o cargo de vice-cônsul em Los Angeles, Estados Unidos, onde permaneceria durante cinco anos sem retornar ao Brasil.
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Possui dedicatória de Vinicius de Moraes a Nêguinho datada de 1949.
http://www.brasiliana.usp.br/bbd/bitstream/handle/1918/02239200/022392_COMPLETO.pdf
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010
instante
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o instante como lúcida chama
perseverou o calor
que ensaiamos tantas vezes
no silêncio dos gestos
anelos esparramados
na nudez
do que sentimos
contando o tempo
da espera
que a mágica do instante
não espera
o instante como lúcida chama
queimou com suavidade
nossos corpos
vestidos de volúpia
minhas mãos
beijaram teu corpo
minha boca
comeu a tua
e meus olhos
te lamberam a pele
com cheiro de aurora
estavas nua
quando a chama lúdica
estremeceu vadia
na ponta do olhar
e me lambeu também
o teu corpo disse sim
tua boca comeu a minha
sentimos o suave orvalho
por entre as roupas
e a lucidez do instante
desprendendo do tempo
nos colorindo de chamas
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MQ
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010
CANÇÃO DOS POVOS DA NOITE - RETIRO
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Retiro
(Marcos Quinan)
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Arranjo – Fernando Carvalho
Violões – Fernando Carvalho
Sax Soprano – Roberto Stepheson
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posse
amo cada parte do teu corpo
com olhar discreto
(às vezes)
olho cada uma
com desvairamento e gula
e mesmo de longe
o tenho com a posse
da minha imaginação
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MQ
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FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
Trajetórias exibe obras de artistas paulistas nas galerias Baobá e Massangana
A abertura das exposições do Projeto Trajetórias 2010, da Fundação da Fundação Joaquim Nabuco, acontece no dia 16 de setembro, nas Galerias Baobá e Massangana, às 19h. Na Galeria Massangana, o público poderá visitar gratuitamente, de 17 de setembro a 31 de outubro, a exibição da obra “Orange Gardens”, de Cris Bierrenbach. Já na Galeria Baobá, o público terá acesso gratuito, de 17 de setembro a 31 de outubro, à obra “Riscos e Fugas”, de Carla Chaim.
Serviço
O que: * Abertura das exposições do Projeto Trajetórias 2010, dia 16 de setembro
* Exposição das obras “Orange Gardens” e “Riscos e Fugas”, de 17 de setembro a 31 de outubro
Onde: * Galeria Massangana - “Orange Gardens”, de Cris Bierrenbach (SP)
* Galeria Baobá - “Riscos e Fugas”, de Carla Chaim (SP)
Endereço: Avenida Dezessete de Agosto, 2187, Casa Forte – Recife/PE.
Entrada: gratuita
Informações: (81) 3073.6692 www.fundaj.gov.br
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Arte contemporânea para professores e alunos
Estudantes, professores da rede pública e privada e público interessado em arte pode se inscrever gratuitamente para o Encontro de Atualização em Arte Contemporânea, que acontece no dia 16 de setembro, na sala Calouste Gulbenkian, na sede da Fundação Joaquim Nabuco, em Casa Forte, Recife-PE. O interessado pode participar do encontro pela manhã, das 9h às 12h, ou à tarde, das 14h às 17h. Na ocasião, será apresentada pesquisa sobre os artistas selecionados pelo Projeto Trajetórias 2010, da Fundação Joaquim Nabuco, a fim de permitir a conexão entre a sala de aula e espaço expositivo da galeria. Posteriormente, os professores poderão agendar visitas de suas turmas às exposições. O Encontro de Atualização em Arte Contemporânea dá continuidade às atividades do Projeto Primeiro Olhar da Divisão de Ações Educativas da Fundação Joaquim Nabuco.
Serviço
O que: Encontro de Atualização em Arte Contemporânea
Quando: 16 de setembro, pela manhã (9h às 12h) e pela tarde (14h às 17h)
Inscrições: são gratuitas e acontecem até o dia do evento
Onde: sala Calouste Gulbenkian, na sede da Fundação Joaquim Nabuco em Casa Forte
Endereço: Avenida 17 de Agosto, 2187 - Casa Forte • Recife • PE
Inscrições e informações: (81) 3073-6682
E-mail: culturaeduc@fundaj.gov.br
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