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Todas as igrejas do mundo
Hão de fechar suas portas
Quando começar a madrugada
Nelas há de estar meu corpo
Apodrecido para ser comido
Pelos ratos e seres miúdos
Que nos porões espreitam
A alma na carne empobrecida
Hão de roer todos os pedaços
Do que pensei ser
Disputarão nas dentadas
O que está perdido em mim
E o amor impregnado
Nos meus sentidos restará
Final como carcaça
Abandonada na escuridão
Dentes luzirão
Fantasmagóricos
Em volta do cadáver
Insepulto da minha alma
Pelos bares da cidade
Um poeta exibirá
Todos os dias
O recipiente apropriado
Vazio de minhas cinzas
Proclamando aos habituais
Era
Corpo e alma
Um filho da puta
E todas as igrejas do mundo
Continuarão a fechar suas portas
Quando começar a madrugada
Nelas estarão outros corpos
Para o apetite dos cães famintos
Que decerto também comerão
Do amor impregnado na carcaça
De alguma alma
MQ
sábado, 7 de março de 2009
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Desista! Você não vai morrer nunca, mesmo que isso pareça cansativo.
ResponderExcluiroi, me interessei pelo grupo de voces, adoraria se tivesse um contato, telefone etc. Paz!
ResponderExcluirMárcia,
ResponderExcluirNão posso desistir, não que ache cansativo viver, mas tenho que fazer pequenas revoluções do lado de lá também.
Te abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirdanone,
ResponderExcluirMeu telefone é 91 3225 11 67.
O email :
marcos@ladodedentro.com.br
Será um prazer.
Abraços
Revoluções do lado de lá, sim e sempre. E do lado de cá também. Desistir é dessa idéia de que acaba. Lembrei de uma letra do Chico Buarque, que mergulha nessas inquietações de vida e morte e é lindíssima.
ResponderExcluir"Futuros Amantes
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você"