sexta-feira, 20 de março de 2009

EMBRIAGADOS

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A conversa se arrastou por mais de duas horas. Mágoas, demandas, traições e ressentimentos era um rascunho se desenhando.


Justificavam o que parecia justo. Um afirmava o amor. Outro escolhia não amar mais e dizia isso claramente. Os dois estavam mentindo.

Metáforas tiraram a afiação das palavras. Deslealdades, covardias e falta de limites foram imputadas a razões egoístas, como coisa do humano convivendo no amor.

Os melhores momentos não faziam parte daquele ato.

O que um idealizou do outro não estava mais no gesto dos olhos, tinha se perdido em momentos diferentes. Fazia falta.

Para um, viver tudo que pudesse. Havia muita vida em si. Para o outro, o melhor do que tivesse, havia muita morte em si.

Na mesa, a toalha manchada de molho, a bebida que não embebedava. Era um momento comum.

Quantidade e qualidade provavam da mesma perda, a verdade dizia suas mentiras e a mentira, suas verdades.

Em volta, na outra mesa, a decepção começava a beber com o ódio; o perdão pedia a conta e tentava retirar o amor e a paixão embriagados do local.

MQ
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