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terça-feira, 31 de maio de 2016
segunda-feira, 30 de maio de 2016
domingo, 29 de maio de 2016
sábado, 28 de maio de 2016
sexta-feira, 27 de maio de 2016
quinta-feira, 26 de maio de 2016
quarta-feira, 25 de maio de 2016
terça-feira, 24 de maio de 2016
segunda-feira, 23 de maio de 2016
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Pegou panema
.
Podia ter seu valor
Tonteado não entendia
Sentia só um torpor
A caça sumiu pro lado
No braço câimbra subiu
A mira foi enviesada
No corpo triscou o frio
A arma parou falhada
No
caminho asselvajado
Foi
onde pegou panema
Perdeu
a alma no mato
Esqueceu
como se rema
Encontrou-se
mais de mês
Na
alvura duma rede
Sentindo
só muita
sede
Doutrina
“O real tem seu espaço
Especado é que não pode
.
quinta-feira, 12 de maio de 2016
quarta-feira, 11 de maio de 2016
Quase vida
.
Não sabia viver de outro modo, queria
o mundo todo, tudo de uma vez. Ávido. Não parava de querer e não percebia o
vazio que ia se formando, crescendo em seu contorno, como uma aura acompanhando
sua vida.
A mulher era especial, aquela lua
também. Ambas fascinavam no imediatismo do momento, mas nenhuma durava em seu
sentimento. A lembrança do enlevo ia encher o vazio que o triturava,
alimentando-se de nada e crescendo.
Passado, isso é bobagem. Futuro, nem
existe ainda, dizia e continuava ávido em viver. Cada dia de um
jeito, cada dia com uma pessoa que ele encantava com sua beleza. Cada dia com
seu vazio ao lado virando substância.
Um dia realmente percebeu-se
diferente, quis lembrar da aurora e do sentimento pela mulher que amou num
amanhecer e não conseguiu.
Sentiu a voracidade do vazio que o
envolvia dominando sua memória, ditando procedimentos, pedindo mais para
crescer e entendeu sua quase-vida.
Estava insepulto, carregando um vazio.
terça-feira, 10 de maio de 2016
segunda-feira, 9 de maio de 2016
domingo, 8 de maio de 2016
Ano-novo
.
Adorava o perigo, os desafios e o
desconhecido que exercia enorme fascínio em sua vida incomum. Um tipo de prazer
que não sabia explicar.
Tinha experimentado de tudo que esteve
ao seu alcance e foi possível. No cotidiano, nos esportes, nos relacionamentos,
bebidas, drogas, transgressões, perversões. Freqüentado todo tipo de religião,
culto e estudo. Dominava a economia, a informática, tocava vários instrumentos,
lia música na partitura e aceitava todos os desafios, por mais tolos que
fossem.
Quando começou a se interessar por
filosofia, isolou-se e passou a não sair mais de casa. Ficava o tempo todo
lendo.
A morte o fascinava e acabou por levá-lo
a freqüentar o necrotério, assistir às necropsias, a preparação dos corpos para
os velórios e a ler tudo que podia sobre suas causas, o tempo, os relatos de
quem ficara em coma profundo ou que tivera qualquer contato com coisas
estranhas sobre a vida e a morte.
Na véspera do ano-novo, encontraram-no
vestido a caráter, sentado e sem vida, com um cravo branco na mão descansada no
encosto do banco de jardim que ficava nos fundos do clube, como se estivesse
namorando. O corpo enrijecido e no rosto um sorriso insinuante.
Seus amigos tinham-no visto dançar no
baile com uma mulher belíssima e tinham certeza: era ela, ele havia enfim
conquistado a morte.
sábado, 7 de maio de 2016
sexta-feira, 6 de maio de 2016
quinta-feira, 5 de maio de 2016
Armou o cão
;
Estava sozinho em casa, sentado na
poltrona de couro, com a espingarda entre as pernas. Fechou os olhos
percorrendo as lembranças, identificando cada momento bom, cada decepção.
Sentiu saudade.
Como se fosse um ritual, abriu a caixa
no colo, escolheu a ferramenta e começou a limpar a arma. Desmontou-a peça por
peça, lixou as pequenas ferrugens, limpou com a flanela, passando óleo fino em
cada encaixe. Montou e desmontou duas vezes, conferindo a precisão do
funcionamento. Levantou-se e foi buscar o carregador de cartuchos manual,
escolheu um e calibrou com gestos seguros, a carga reforçada.
Terminou a preparação e guardou o
material; tomou um copo d’água, tinha a boca muito seca. Olhou contra a luz o
cartucho como se o medisse e lhe conferisse uma missão.
Pensou na mulher quando chegasse, o
quanto se aborreceria. Desencaixou os dois canos da espingarda e carregou o
esquerdo, depois resolveu e mudou o cartucho para o direito.
Um tiro só, o que bastava; depositou a
arma carregada no braço da cadeira, levantou-se e ligou a televisão no último
volume; voltou, sentou-se e reviveu alguns momentos, armou o cão e respirou
profundamente.
Puxou o gatilho, atirou no tubo da TV.
quarta-feira, 4 de maio de 2016
terça-feira, 3 de maio de 2016
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Epidemia
Os jornais noticiavam, acontecia
misteriosamente e pelo menos um chegava ao óbito diariamente. Todas as causas,
naturais. Pomposos velórios e grandes enterros, como os do passado, eram
acompanhados por correligionários, herdeiros e seguidores.
Foi um simples professor, com aquele
salário pequeno que lhe permitiam. Quem primeiro notou as coincidências começou
a pesquisar e constatou que acontecia em todo o país.
Não conseguindo apoio nenhum, iniciou,
via Internet, os primeiros contatos e a partir daí, tabulando os dados, montou
sua metodologia.
Anotava a localidade, nome, dados
pessoais, partido político, realizações da vítima e se deixava algum sucessor.
Com um ano de pesquisas, conseguiu que o
projeto fosse referendado pelo Instituto Científico da Universidade, que
concedeu verba para tocá-lo e ampliar os estudos, utilizando os mais modernos
meios de comunicação e laboratórios, além de formar uma equipe de renomados
cientistas e pesquisadores.
Faziam reuniões semanalmente para
discutir os avanços, traçar novas estratégias e analisar a situação.
Conseguiram, um ano depois, chegar à conclusão; identificaram o vírus SEL 05 que causava a epidemia,
provocando a morte dos políticos.
Reuniram-se para mostrar o resultado a
todos da equipe. Tinham isolado o vírus e poderiam descobrir muito rapidamente
a vacina. Na sala, silêncio e uma frustração no ar, a descoberta não provocava
nenhuma comemoração.
Por unanimidade, depois de
comprovar-se não ser possível nenhuma mutação daquele grupo de risco,
resolveram omitir a descoberta.
domingo, 1 de maio de 2016
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