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Olho para ti
Tão vago
Tão ávido
Tão ninho de respostas
Não sei o que pousar sobre o teu angustiante branco.
O que queres de mim
?
O que
Desse mundo
Devo salvar para te ofertar como resposta
?
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quarta-feira, 31 de agosto de 2011
terça-feira, 30 de agosto de 2011
SERTÃO DO SÃO MARCOS - Madalena
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O rosário corria pela mão fina de Madalena, era o último dia da novena e ela não sabia o que fazer. Ele lhe dissera que viria naquele dia. Ela rezava para que nunca chegasse. Os dedos puxando cada conta do terço e o medo tomando conta, medo de sair da igreja e encontrá-lo na porta.
Por que concordara com aquilo, não era do seu querer mas mesmo assim dera a palavra sem nem conhecê-lo.
Antes de se benzer e sair, pediu a Nossa Senhora da Conceição que mandasse o seu anjo de guarda para que a protegesse e desceu as escadas puxando o véu da cabeça para os ombros. Foi alívio que sentiu até a porta da casa quando viu o cavalo preto amarrado no poste.
O corpo tremeu, era ele sentado na varanda, muito bem vestido, todo de preto, chapéu de abas e botas de cano alto. O bigode fino, e as sobrancelhas arqueadas davam a aparência de que ao sorrir seu rosto se enchia de sombras.
Estava lá, sentado junto à família, calado, esperando. Calado era o jeito dele, assim ficava.
Dali em diante, dormia na pensão e mal o dia amanhecia estava ele de volta. Ficava o dia inteiro ali, entre sentado na varanda enrolando o cigarro ou em pé, encostado no batente da porta. Palavras poucas, vez ou outra, na cozinha, um cafezinho.
Acompanhava Madalena até a porta da igreja todos os dias e ficava esperando a missa acabar na venda em frente. No caminho de volta o silêncio era o mesmo. O medo dela era grande e o arrependimento também.
Às vezes chegava a se surpreender em maus pensamentos, uma morte qualquer... picada de cobra, um tombo do cavalo; talvez, que as sombras do rosto dele o engolissem ou que o preto de suas roupas o levasse para o quinto dos infernos. Quem sabe não engasgasse com alguma palavra, já que falava tão pouco.
O dia ia chegando, ele esperando e ela se preparando. A Tia ajudava no mais, a amiga Das Dores achava ele bonito, fino. Das Dores dizia, sem graça e sem inveja, que ela ia acabar gostando.
Seria possível um dia gostar dele? Do lugar onde iria morar? Do silêncio daquele homem sombrio?
Com o passar dos dias, foi se acostumando com seu destino. Encontrava até alguma alegria em arrumar suas coisas, terminar seus bordados em sua presença calada. Começou a reparar melhor em suas feições, no jeito de lidar com o cigarro, com o cavalo. Percebia no particular de seus gestos certo carinho. Era na véspera, até sorriu.
No dia, frente ao altar, reparou ele todo. Cada passo que dava pensava no tanto que havia se avezado com ele. A amiga Das Dores tinha razão, distinguia a beleza dele naquela hora da manhã, no reflexo dos vitrais em seu semblante, ali esperando no altar. O sombrio de seu rosto ficou para trás, naquela hora parecia um anjo. Quando ele estendeu a mão para recebê-la no altar, Madalena sentiu aquele calor percorrer seu corpo e no olhar dele uma promessa de amor, em silêncio.
Na despedida, o choro foi normal e nas léguas passando, aquela mistura, a lembrança do que sentiria falta com o que imaginava ser sua vida, dali agora.
Chegaram na hora do dia de mais silêncio, ao avistar a casa toda caiada, varanda em volta, bica d’água com monjolo na porta da cozinha e, ao lado, a horta verdejando. Lembrou de Das Dores, falando que ela ia acabar gostando.
Quando viu na curva do rio o mato virgem com os pés de ipê amarelo, todos floridos, entendeu o jeito calado do marido. Era tanta beleza ali, os buritis formando, lado a lado, o caminho bem cuidado, aquele dia claro e luminoso como se enfeitado para ela.
Nas poucas palavras dele mostrou tudo e ela sentiu como se fizesse parte dali. Nas primeiras manhãs faltou apenas ir à missa, depois nem se lembrou mais.
Foi se acostumando com o jeito dele, nas intimidades, um fogo só, no gostar de andar sempre de preto, no modo de lidar com os agregados, sempre com poucas palavras.
Ela nunca viu nada de estranho naquele lugar, apenas o silêncio. Era raro um canto de passarinho, um mugido no curral, até a chuva ali caía fininho, farfalhando pouco nas folhas; trovejo só se ouvia longe.
Não estranhou nem mesmo quando, ao tirar as botas do marido, descobriu o aleijão em seus pés repartidos em dois dedos, como pés de cabra.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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O rosário corria pela mão fina de Madalena, era o último dia da novena e ela não sabia o que fazer. Ele lhe dissera que viria naquele dia. Ela rezava para que nunca chegasse. Os dedos puxando cada conta do terço e o medo tomando conta, medo de sair da igreja e encontrá-lo na porta.
Por que concordara com aquilo, não era do seu querer mas mesmo assim dera a palavra sem nem conhecê-lo.
Antes de se benzer e sair, pediu a Nossa Senhora da Conceição que mandasse o seu anjo de guarda para que a protegesse e desceu as escadas puxando o véu da cabeça para os ombros. Foi alívio que sentiu até a porta da casa quando viu o cavalo preto amarrado no poste.
O corpo tremeu, era ele sentado na varanda, muito bem vestido, todo de preto, chapéu de abas e botas de cano alto. O bigode fino, e as sobrancelhas arqueadas davam a aparência de que ao sorrir seu rosto se enchia de sombras.
Estava lá, sentado junto à família, calado, esperando. Calado era o jeito dele, assim ficava.
Dali em diante, dormia na pensão e mal o dia amanhecia estava ele de volta. Ficava o dia inteiro ali, entre sentado na varanda enrolando o cigarro ou em pé, encostado no batente da porta. Palavras poucas, vez ou outra, na cozinha, um cafezinho.
Acompanhava Madalena até a porta da igreja todos os dias e ficava esperando a missa acabar na venda em frente. No caminho de volta o silêncio era o mesmo. O medo dela era grande e o arrependimento também.
Às vezes chegava a se surpreender em maus pensamentos, uma morte qualquer... picada de cobra, um tombo do cavalo; talvez, que as sombras do rosto dele o engolissem ou que o preto de suas roupas o levasse para o quinto dos infernos. Quem sabe não engasgasse com alguma palavra, já que falava tão pouco.
O dia ia chegando, ele esperando e ela se preparando. A Tia ajudava no mais, a amiga Das Dores achava ele bonito, fino. Das Dores dizia, sem graça e sem inveja, que ela ia acabar gostando.
Seria possível um dia gostar dele? Do lugar onde iria morar? Do silêncio daquele homem sombrio?
Com o passar dos dias, foi se acostumando com seu destino. Encontrava até alguma alegria em arrumar suas coisas, terminar seus bordados em sua presença calada. Começou a reparar melhor em suas feições, no jeito de lidar com o cigarro, com o cavalo. Percebia no particular de seus gestos certo carinho. Era na véspera, até sorriu.
No dia, frente ao altar, reparou ele todo. Cada passo que dava pensava no tanto que havia se avezado com ele. A amiga Das Dores tinha razão, distinguia a beleza dele naquela hora da manhã, no reflexo dos vitrais em seu semblante, ali esperando no altar. O sombrio de seu rosto ficou para trás, naquela hora parecia um anjo. Quando ele estendeu a mão para recebê-la no altar, Madalena sentiu aquele calor percorrer seu corpo e no olhar dele uma promessa de amor, em silêncio.
Na despedida, o choro foi normal e nas léguas passando, aquela mistura, a lembrança do que sentiria falta com o que imaginava ser sua vida, dali agora.
Chegaram na hora do dia de mais silêncio, ao avistar a casa toda caiada, varanda em volta, bica d’água com monjolo na porta da cozinha e, ao lado, a horta verdejando. Lembrou de Das Dores, falando que ela ia acabar gostando.
Quando viu na curva do rio o mato virgem com os pés de ipê amarelo, todos floridos, entendeu o jeito calado do marido. Era tanta beleza ali, os buritis formando, lado a lado, o caminho bem cuidado, aquele dia claro e luminoso como se enfeitado para ela.
Nas poucas palavras dele mostrou tudo e ela sentiu como se fizesse parte dali. Nas primeiras manhãs faltou apenas ir à missa, depois nem se lembrou mais.
Foi se acostumando com o jeito dele, nas intimidades, um fogo só, no gostar de andar sempre de preto, no modo de lidar com os agregados, sempre com poucas palavras.
Ela nunca viu nada de estranho naquele lugar, apenas o silêncio. Era raro um canto de passarinho, um mugido no curral, até a chuva ali caía fininho, farfalhando pouco nas folhas; trovejo só se ouvia longe.
Não estranhou nem mesmo quando, ao tirar as botas do marido, descobriu o aleijão em seus pés repartidos em dois dedos, como pés de cabra.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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segunda-feira, 29 de agosto de 2011
2ª Bienal Internacional de Poesia é cancelada por falta de dinheiro
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Via Correio Brasiliense
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A
tragédia começou no ano passado, quando o diretor da Biblioteca Nacional de
Brasília, Antonio Miranda, precisou desconvidar os convidados para a 2ª Bienal
Internacional de Poesia (BIP). Ontem, Miranda foi à casa de Ferreira Gullar, em
Copacabana (Rio de Janeiro), para a segunda leva do desastre: a bienal que
havia sido transferida para a segunda semana de setembro foi novamente
cancelada. A Secretaria de Cultura não liberou o orçamento de R$ 1,5 milhão
para a realização do evento.
Desta vez a desculpa é o investimento em um projeto maior, o Plano do Distrito Federal do Livro e da Leitura, lançado há duas semanas na mesma biblioteca que receberia a bienal. “O que ocorre é que houve atrasos na produção dos processos e falta de orçamento. Acabamos tendo que priorizar e, como vamos fazer um investimento significativo no plano do livro e da leitura no ano que vem, tivemos que optar”, justifica Hamilton Pereira, secretário de Cultura.
O cancelamento é contraditório no ano em que o Governo do Distrito Federal pretende implantar uma política do livro para a região sob o slogan de “Brasília, capital da leitura”. A segunda edição da bienal contou com quase três anos para ser preparada e já tinha lista de mais de 60 convidados. O próprio Antonio Miranda mandou carta pessoal para cancelar os convites. “É deprimente. E a gente não sabe nem por que foi cancelada. Apesar do tumulto na política no ano passado, o planejamento poderia ter sido feito. É uma pá de cal sobre o evento. Acho que não faz sentido marcar outro”, lamenta Alexandre Marinho, um dos desconvidados.
Apesar dos três anos de suposto planejamento, a organização da BIP não desenvolveu estratégias para contornar a falta de recursos. “Não conseguimos captar”, alega Miranda. “Estava todo mundo convidado, mas no último momento não soltaram o dinheiro.” Realizada em 2008, a 1ª Bienal Internacional de Poesia também correu risco de não acontecer. A poeta Angélica Torres Lima, que participou da organização da primeira edição do evento, lembra que a salvação veio de um financiamento da Petrobras. “Foi uma coisa heroica, mas conseguimos, sem dinheiro, com poucos recursos.”
A 2ª BIP estava entre os eventos prometidos por Hamilton Pereira no início da gestão. O secretário também anunciou, no ano passado, a intenção de fazer uma Bienal do Livro. “Essa está mantida para abril”, garante. “Mas é preciso entender que não estou cancelando uma política, estou cancelando um evento. É preciso fazer escolhas.”
Para o poeta Nicolas Behr, a escolha não surpreende. “Não foi falta de dinheiro. Não quiseram é gastar o dinheiro que tinham. O Estado acha que cultura é espetáculo. Dinheiro para show na Esplanada tem, e muito mais que R$ 1,5 milhão. Acho que tem que ter os dois, mas poesia não tem repercussão, né?!”. O escritor Ronaldo Cagiano, que viveu em Brasília durante 28 anos e hoje está radicado no Rio, acompanhou a organização da primeira bienal e não entende como um evento planejado durante dois anos morre na praia. “Depois de mais de dois anos de preparação, dedicação e mergulho nesse projeto, tendo sido construída uma pauta de eventos e discussões, confirmadas presenças de escritores nacionais e estrangeiros, vemos o trabalho do escritor Antônio Miranda e sua equipe esvair-se pelo ralo, por culpa e obra da irresponsabilidade, da insensibilidade e da alienação do senhor secretário de Cultura”, escreveu Cagiano, em carta de indignação enviada a poetas e escritores de Brasília.
Desta vez a desculpa é o investimento em um projeto maior, o Plano do Distrito Federal do Livro e da Leitura, lançado há duas semanas na mesma biblioteca que receberia a bienal. “O que ocorre é que houve atrasos na produção dos processos e falta de orçamento. Acabamos tendo que priorizar e, como vamos fazer um investimento significativo no plano do livro e da leitura no ano que vem, tivemos que optar”, justifica Hamilton Pereira, secretário de Cultura.
O cancelamento é contraditório no ano em que o Governo do Distrito Federal pretende implantar uma política do livro para a região sob o slogan de “Brasília, capital da leitura”. A segunda edição da bienal contou com quase três anos para ser preparada e já tinha lista de mais de 60 convidados. O próprio Antonio Miranda mandou carta pessoal para cancelar os convites. “É deprimente. E a gente não sabe nem por que foi cancelada. Apesar do tumulto na política no ano passado, o planejamento poderia ter sido feito. É uma pá de cal sobre o evento. Acho que não faz sentido marcar outro”, lamenta Alexandre Marinho, um dos desconvidados.
Apesar dos três anos de suposto planejamento, a organização da BIP não desenvolveu estratégias para contornar a falta de recursos. “Não conseguimos captar”, alega Miranda. “Estava todo mundo convidado, mas no último momento não soltaram o dinheiro.” Realizada em 2008, a 1ª Bienal Internacional de Poesia também correu risco de não acontecer. A poeta Angélica Torres Lima, que participou da organização da primeira edição do evento, lembra que a salvação veio de um financiamento da Petrobras. “Foi uma coisa heroica, mas conseguimos, sem dinheiro, com poucos recursos.”
A 2ª BIP estava entre os eventos prometidos por Hamilton Pereira no início da gestão. O secretário também anunciou, no ano passado, a intenção de fazer uma Bienal do Livro. “Essa está mantida para abril”, garante. “Mas é preciso entender que não estou cancelando uma política, estou cancelando um evento. É preciso fazer escolhas.”
Para o poeta Nicolas Behr, a escolha não surpreende. “Não foi falta de dinheiro. Não quiseram é gastar o dinheiro que tinham. O Estado acha que cultura é espetáculo. Dinheiro para show na Esplanada tem, e muito mais que R$ 1,5 milhão. Acho que tem que ter os dois, mas poesia não tem repercussão, né?!”. O escritor Ronaldo Cagiano, que viveu em Brasília durante 28 anos e hoje está radicado no Rio, acompanhou a organização da primeira bienal e não entende como um evento planejado durante dois anos morre na praia. “Depois de mais de dois anos de preparação, dedicação e mergulho nesse projeto, tendo sido construída uma pauta de eventos e discussões, confirmadas presenças de escritores nacionais e estrangeiros, vemos o trabalho do escritor Antônio Miranda e sua equipe esvair-se pelo ralo, por culpa e obra da irresponsabilidade, da insensibilidade e da alienação do senhor secretário de Cultura”, escreveu Cagiano, em carta de indignação enviada a poetas e escritores de Brasília.
A feira
Sem Bienal de Poesia, só resta a Feira do Livro, programada para novembro e ainda uma incógnita. A três meses do evento, a Câmara do Livro do Distrito Federal não conta com repasse de verbas públicas e está em busca de patrocinadores. Também não há nomes confirmados entre os convidados, embora esse tipo de acerto costume ser feito com muitos meses de antecedência, caso se queira a presença de autores célebres, cujas agendas são apertadas. Íris Borges, curadora do evento, garante que a feira não depende do dinheiro das secretarias de Cultura e Educação, que normalmente contribuem para o orçamento. “Ela tem condições de acontecer. Mas queremos sim o apoio e a presença do governo, mesmo não tendo repasse de recursos.”
Alguns estandes já foram vendidos para os livreiros da cidade, mas a Câmara ainda não decidiu quem será o escritor homenageado, tradicionalmente responsável pela abertura do evento. “Não queremos alardear quem vem ou não para não passar por uma situação como essa (da BIP)”, explica Íris. A 30ª edição da feira ocorrerá no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade com orçamento de R$ 2 milhões. A edição de 2010 correu o risco de não acontecer. Realizada às pressas, não conseguiu montar programação expressiva e contou principalmente com livreiros do mercado de livros técnicos. Houve pouca literatura na 29ª Feira do Livro. Um evento pífio para as dimensões de Brasília.
Sem Bienal de Poesia, só resta a Feira do Livro, programada para novembro e ainda uma incógnita. A três meses do evento, a Câmara do Livro do Distrito Federal não conta com repasse de verbas públicas e está em busca de patrocinadores. Também não há nomes confirmados entre os convidados, embora esse tipo de acerto costume ser feito com muitos meses de antecedência, caso se queira a presença de autores célebres, cujas agendas são apertadas. Íris Borges, curadora do evento, garante que a feira não depende do dinheiro das secretarias de Cultura e Educação, que normalmente contribuem para o orçamento. “Ela tem condições de acontecer. Mas queremos sim o apoio e a presença do governo, mesmo não tendo repasse de recursos.”
Alguns estandes já foram vendidos para os livreiros da cidade, mas a Câmara ainda não decidiu quem será o escritor homenageado, tradicionalmente responsável pela abertura do evento. “Não queremos alardear quem vem ou não para não passar por uma situação como essa (da BIP)”, explica Íris. A 30ª edição da feira ocorrerá no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade com orçamento de R$ 2 milhões. A edição de 2010 correu o risco de não acontecer. Realizada às pressas, não conseguiu montar programação expressiva e contou principalmente com livreiros do mercado de livros técnicos. Houve pouca literatura na 29ª Feira do Livro. Um evento pífio para as dimensões de Brasília.
Meu querer
.
Inumana serpente
Vozeando meu silêncio
Cala essas horas
Da falta comendo
Meus significados
Abafa essa voz
Tardando a verdade
Abranda que demais
Tento despertecer
Tira dos meus olhos
Os outros faiscando
Deixa padecer as palavras
E o jeito delas todas
Faz enegrecer o caminho...
Destino de chegador
Cala o que assevera demônios
E deuses inexistentes
Que tanto se supõem
Afirmando no em si
Um no outro, em resvés
Inumana serpente
Enraivada com o complexo
Da minha angústia
Aponte apenas um lado
Sem desvelo ou atascais
Que já sei o que levo dentro
Serpenteando os mil quereres
As sensações... corpo meu
Risca a dor
Inumana serpente humana
Meu querer...
MQ
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Inumana serpente
Vozeando meu silêncio
Cala essas horas
Da falta comendo
Meus significados
Abafa essa voz
Tardando a verdade
Abranda que demais
Tento despertecer
Tira dos meus olhos
Os outros faiscando
Deixa padecer as palavras
E o jeito delas todas
Faz enegrecer o caminho...
Destino de chegador
Cala o que assevera demônios
E deuses inexistentes
Que tanto se supõem
Afirmando no em si
Um no outro, em resvés
Inumana serpente
Enraivada com o complexo
Da minha angústia
Aponte apenas um lado
Sem desvelo ou atascais
Que já sei o que levo dentro
Serpenteando os mil quereres
As sensações... corpo meu
Risca a dor
Inumana serpente humana
Meu querer...
MQ
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domingo, 28 de agosto de 2011
FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
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Fundação leva cursos de cultura contemporânea para Vitória da Conquista/BA
A Fundação Joaquim Nabuco, por meio de sua Diretoria de Cultura, abre inscrições para o curso “Cultura Contemporânea”, uma introdução do módulo Cinema a se realizar em Vitória da Conquista/BA com o pesquisador Rubens Machado Jr., pós-graduado em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP. O curso terá início entre os dias 29 de agosto a 1 de setembro e faz parte das ações do Programa Estudos da Cultura que tem como objetivo atender a demanda por formação em arte e cultura contemporâneas.
Serviço
Aulas gratuitas
Informações sobre inscrições: cadif@fundaj.gov.br
Fone: (81) 3073.6659
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sábado, 27 de agosto de 2011
SERTÃO DO SÃO MARCOS - O irmão do Rutinho
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O sol já ia nas grimpas do dia, esparramando quentura para todo lado, e o menino ainda no faltar das obrigações com o padre que era teimoso, imagina chamar Zé Bilú na igreja, convencer de quê, meu Deus? O povo falava até que ele tinha parte com o diabo. E agora essa do vigário chamar. Boa coisa não era.
E não era mesmo, o padre exigia de Zé Bilú que ele desse a volta e não passasse na porta da igreja, como fazia toda madrugada, quando voltava do jogo, bêbado, e gritando pela rua. Ameaçava excomungar, mandar prender.
Zé Bilú retrucava que ele num tinha nada com os particulá dele, que ele era home do mundo e num tinha respeito de quem usava saia.
A confusão foi formada, no sermão de todo dia o padre excomungava o ateu; na intendência, dava parte; falava com as gentes da política. Falava, com as carolas do lugar, da qualidade desse cidadão, não tinha profissão, ninguém sabia de onde tirava o sustento. O padre parecia não tirar o Zé Bilú do pensamento hora nenhuma. Esse, por sua vez, fazia parecer que nem era com ele. Fingia não ouvir.
Mas de madrugada sempre achava um jeito de levar um animal qualquer para defecar na porta da sacristia. No outro dia, o vigário fazia queixa para o delegado e procurava durante todo o dia Zé Bilú, sem encontrar.
Zé Bilú não corria dele, mas sempre evitava encontrá-lo, fosse para não ter o bate-boca, fosse para não enfezar o homem.
E assim foi sucedendo, excremento na porta da sacristia, falação no sermão. O delegado não tinha como fazer nada, o intendente era parceiro de jogo do excomungado. E todos foram se acostumando com a arrelia dos dois.
A vida de Zé Bilú não era só no à toa, não. Não era só no jogo o arrisco dele, tinha o garimpo no Veríssimo, no à-meia com o Rutinho, espera de sorte no cascalho, nas águas do rio. Teimosia de anos, de muito baralho partido para o lado do não, de muitos calos nas mãos que ele não dava parecença.
A não ser Baldino, que sabia e fornecia abastecimento, quase sempre no prazo de troca das poucas pedras do de sustento. A maior dava para ano, mas ficou na banca de jogo. Zanga de Rutinho. Mas Zé Bilú tinha o crédito do fornecimento e a zanga acabou aí.
Zé Bilú pôs combinação com o irmão, na evitação da mesa de jogo, enquanto não repartisse as pedras poucas que tirava. Depois disso era os dias na rua, no carteado, na arrelia com o padre, enquanto o cobre durasse.
Rutinho que ficava no pesado da lida não punha importância. O irmão, quando pegava na bateia, trabalhava num dia o que valia muitos. Às vezes, Zé Bilú chegava, sentava no barranco sem nem tirar as botinas e ficava olhando o cascalho para lavar, como naquele dia, com o olhar fixo num rumo, pensando sabe lá o quê. Ficou quase a manhã assim.
Não espantou Rutinho. De vez em quando ficava sentado olhando, já estava acostumado. Mas, de repente, ele levantou, passou a mão na bateia e foi no rumo certo do monte de cascalho para lavar e nem chegou a usá-la. Com a mão mesmo ele pegou a pedra, soltando um grito que foi ouvido até lá no Garimpo do Ligoso. A pedra era do tamanho de um ovo, das mais puras. Logo chegou gente de outros garimpos, tamanha a gritaria de Zé Bilú e Rutinho.
- Bamburrei minha gente, segurava o diamante com as duas mãos, punha contra o sol, pulava e gritava com o irmão e a companheirada que foi juntando.
A notícia chegou no Vai Vem, primeiro que o vento que estava soprando. Mas os irmãos não foram para lá, não. No medo de queimar a pedra esperaram um mês a passada de Baldino no voltar. Com ele foram para Minas vender o bamburro.
Com os cobres na guaiaca, puseram a labuta nas terra da viúva de Totonho Costa, comprando a parte dela, mais a de dois herdeiros, incluindo a sede. Formando com o ajunte dos pedaços, terra bastante para gado, lavoura e muita criação.
Zé Bilú, passados quase seis meses, voltou para a mesa de jogo como se não tivesse acontecido nada. De madrugada, a mesma algazarra de sempre, a mesma arrelia com o padre, o animal defecando na porta da sacristia. E para surpresa sua, não teve sermão.
O padre nunca mais fez queixa de Zé Bilú para o delegado nem para o intendente. Mas quisesse saber dele, era só passar na porta da sacristia, se tivesse o monte ali, Zé Bilú estava no Vai Vem.
No correr do tempo, Rutinho engraçou com Lonora dos Costa. O irmão tratou do pedido e foi com Rutinho combinar data na igreja.
E aí foi senhor José Belarmino para cá, senhor José Belarmino para lá.
Hoje, dia de Nossa Senhora da Conceição, festejo maior da paróquia, Zé Bilú é o festeiro. Na procissão, Zé Bilú carrega o andor com a fita de congregado mariano no pescoço.
Mas, até hoje, se quer saber se ele está no Vai Vem é só passar de manhãzinha na porta da sacristia e ver se o monte esta lá.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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O sol já ia nas grimpas do dia, esparramando quentura para todo lado, e o menino ainda no faltar das obrigações com o padre que era teimoso, imagina chamar Zé Bilú na igreja, convencer de quê, meu Deus? O povo falava até que ele tinha parte com o diabo. E agora essa do vigário chamar. Boa coisa não era.
E não era mesmo, o padre exigia de Zé Bilú que ele desse a volta e não passasse na porta da igreja, como fazia toda madrugada, quando voltava do jogo, bêbado, e gritando pela rua. Ameaçava excomungar, mandar prender.
Zé Bilú retrucava que ele num tinha nada com os particulá dele, que ele era home do mundo e num tinha respeito de quem usava saia.
A confusão foi formada, no sermão de todo dia o padre excomungava o ateu; na intendência, dava parte; falava com as gentes da política. Falava, com as carolas do lugar, da qualidade desse cidadão, não tinha profissão, ninguém sabia de onde tirava o sustento. O padre parecia não tirar o Zé Bilú do pensamento hora nenhuma. Esse, por sua vez, fazia parecer que nem era com ele. Fingia não ouvir.
Mas de madrugada sempre achava um jeito de levar um animal qualquer para defecar na porta da sacristia. No outro dia, o vigário fazia queixa para o delegado e procurava durante todo o dia Zé Bilú, sem encontrar.
Zé Bilú não corria dele, mas sempre evitava encontrá-lo, fosse para não ter o bate-boca, fosse para não enfezar o homem.
E assim foi sucedendo, excremento na porta da sacristia, falação no sermão. O delegado não tinha como fazer nada, o intendente era parceiro de jogo do excomungado. E todos foram se acostumando com a arrelia dos dois.
A vida de Zé Bilú não era só no à toa, não. Não era só no jogo o arrisco dele, tinha o garimpo no Veríssimo, no à-meia com o Rutinho, espera de sorte no cascalho, nas águas do rio. Teimosia de anos, de muito baralho partido para o lado do não, de muitos calos nas mãos que ele não dava parecença.
A não ser Baldino, que sabia e fornecia abastecimento, quase sempre no prazo de troca das poucas pedras do de sustento. A maior dava para ano, mas ficou na banca de jogo. Zanga de Rutinho. Mas Zé Bilú tinha o crédito do fornecimento e a zanga acabou aí.
Zé Bilú pôs combinação com o irmão, na evitação da mesa de jogo, enquanto não repartisse as pedras poucas que tirava. Depois disso era os dias na rua, no carteado, na arrelia com o padre, enquanto o cobre durasse.
Rutinho que ficava no pesado da lida não punha importância. O irmão, quando pegava na bateia, trabalhava num dia o que valia muitos. Às vezes, Zé Bilú chegava, sentava no barranco sem nem tirar as botinas e ficava olhando o cascalho para lavar, como naquele dia, com o olhar fixo num rumo, pensando sabe lá o quê. Ficou quase a manhã assim.
Não espantou Rutinho. De vez em quando ficava sentado olhando, já estava acostumado. Mas, de repente, ele levantou, passou a mão na bateia e foi no rumo certo do monte de cascalho para lavar e nem chegou a usá-la. Com a mão mesmo ele pegou a pedra, soltando um grito que foi ouvido até lá no Garimpo do Ligoso. A pedra era do tamanho de um ovo, das mais puras. Logo chegou gente de outros garimpos, tamanha a gritaria de Zé Bilú e Rutinho.
- Bamburrei minha gente, segurava o diamante com as duas mãos, punha contra o sol, pulava e gritava com o irmão e a companheirada que foi juntando.
A notícia chegou no Vai Vem, primeiro que o vento que estava soprando. Mas os irmãos não foram para lá, não. No medo de queimar a pedra esperaram um mês a passada de Baldino no voltar. Com ele foram para Minas vender o bamburro.
Com os cobres na guaiaca, puseram a labuta nas terra da viúva de Totonho Costa, comprando a parte dela, mais a de dois herdeiros, incluindo a sede. Formando com o ajunte dos pedaços, terra bastante para gado, lavoura e muita criação.
Zé Bilú, passados quase seis meses, voltou para a mesa de jogo como se não tivesse acontecido nada. De madrugada, a mesma algazarra de sempre, a mesma arrelia com o padre, o animal defecando na porta da sacristia. E para surpresa sua, não teve sermão.
O padre nunca mais fez queixa de Zé Bilú para o delegado nem para o intendente. Mas quisesse saber dele, era só passar na porta da sacristia, se tivesse o monte ali, Zé Bilú estava no Vai Vem.
No correr do tempo, Rutinho engraçou com Lonora dos Costa. O irmão tratou do pedido e foi com Rutinho combinar data na igreja.
E aí foi senhor José Belarmino para cá, senhor José Belarmino para lá.
Hoje, dia de Nossa Senhora da Conceição, festejo maior da paróquia, Zé Bilú é o festeiro. Na procissão, Zé Bilú carrega o andor com a fita de congregado mariano no pescoço.
Mas, até hoje, se quer saber se ele está no Vai Vem é só passar de manhãzinha na porta da sacristia e ver se o monte esta lá.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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sexta-feira, 26 de agosto de 2011
A B C da ausente
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Antes de me deixares
Bruscamente te deixarei
Consolado pela ilusão
De que foste minha
Esperançado em querer
Figurar como lembrança
Guardada com carinho
Havendo de ser o que semeei
Intenso e solitário, porém sincero
Jeito que dói enlevado
Kyrie eleison desse
Linimento possível ao íntimo
Mais valia da dor
Na conjugação dela mesma
O tempo serena tua falta
Para umedecer a saudade
Quando se esvai o travo
Resta no silêncio sem mágoa
O sentimento que mora calado
Tão perto da minha emoção
Urgente em sua valência
Voz em nenhuma questão
Xingos ou desmerecimentos
Zangas ou mistificação
E o ípsilon do meu poema
É uma palavra inteira
Feita de amor e paixão
Estranha na circunstância
Que vai durando verdadeira
Dentro do meu coração
MQ
.
Antes de me deixares
Bruscamente te deixarei
Consolado pela ilusão
De que foste minha
Esperançado em querer
Figurar como lembrança
Guardada com carinho
Havendo de ser o que semeei
Intenso e solitário, porém sincero
Jeito que dói enlevado
Kyrie eleison desse
Linimento possível ao íntimo
Mais valia da dor
Na conjugação dela mesma
O tempo serena tua falta
Para umedecer a saudade
Quando se esvai o travo
Resta no silêncio sem mágoa
O sentimento que mora calado
Tão perto da minha emoção
Urgente em sua valência
Voz em nenhuma questão
Xingos ou desmerecimentos
Zangas ou mistificação
E o ípsilon do meu poema
É uma palavra inteira
Feita de amor e paixão
Estranha na circunstância
Que vai durando verdadeira
Dentro do meu coração
MQ
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RUY GODINHO - RODA DE CHORO
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RODA DE CHORO – SÁBADO – DIA 27.08.11
ESPECIAL ANACLETO DE MEDEIROS
O Roda de Choro deste sábado mais uma vez é especial. Vai resgatar a vida e a obra do maestro e compositor carioca Anacleto de Medeiros.
Considerado um compositor sofisticado, Anacleto também merece o crédito de sistematizador do schottisch, gênero europeu que aqui chegou na última metade do Século XIX e que se espalhou pelo Brasil com o nome de xote, ganhando sotaques diferentes em cada região.
Depois de Anacleto, as Bandas de Música nunca mais foram as mesmas, deixaram de ser sisudas e marciais e amaciaram o toque. Convidado para reger a Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, em 1896, juntou aos músicos militares, autênticos chorões, melhorando com isso a sua afinação e delicadeza.
Nascido na ilha de Paquetá/RJ, em 1866, Anacleto também é considerado um pioneiro nas gravações de cilindros e discos no Brasil, uma vez que, desde 1902, fez registros históricos com a Banda do Corpo de Bombeiros para a Casa Edison.
Na parte musical, veicularemos composições do CD Bandas de Música, da Coleção Memórias Musicais Casa Edison, o CD No 10, da Coleção Princípios do Choro, o CD Sempre Anacleto, com o Art Metal Quinteto e Banda de Câmara Anacleto de Medeiros, o CD Anacleto de Medeiros, com arranjos e regência de Rogério Duprat e Roberto Szidon interpretando ao piano Iara, uma das composições mais bonitas e reconhecidas do compositor carioca.
Ouça pela internet:
Rádio Câmara, Brasília: www.radio.camara.gov.br (rádio ao vivo), sábados, 12h.
Retransmitido por 26 rádios:
Adesca FM 98,5 Mhz ● Domingo 6h [Chã de Alegria - PE]
Amanhecer FM 104,9 Mhz ● Quarta 13h [Canindé de São Francisco - SE]
Beta FM 99,3 Mhz ● Sexta 18h [Campo Limpo - SP] (www.betafm.com.br)
Cidade FM 104,9 Mhz ● Domingo 12h [Diamantina - MG] (www.radiocidadediamantina.com.br)
Club FM 104,9 Mhz ● Sexta 12h [Manacapuru – AM]
Comunitária Voz Popular ● Terça 9h / Quarta 14h [João Pessoa – PB] (cpcc.webnode.com.br)
Educadora de São José da Urtiga AM 1400 Khz ● Domingo 22h30 [São José da Urtiga - RS]
Educadora Fafit FM 88,7 Mhz ● Domingo 8h [Itararé-SP] (www.educadorafafit.fm.br)
Luzlândia FM 87,9 Mhz ● Quarta 15h [Conceição de Ipanema - MG] (radioluzlandia.blogspot.com)
Mandacaru FM 104,9 Mhz ● Domingo 12h [Cedro - CE] (www.mandacarufm.com)
Nossa Terra FM 94,5 Mhz ● Quinta 15h [Dom Silvério - MG]
Nova Aliança FM 105,9 Mhz ● Sábado 8h [Piraúba - MG 105,9 Mhz] (www.fmnovaalianca.com.br)
Nova Geração FM 98,7 Mhz ● Sexta 9h30 [Cristiano Otoni - MG]
Planeta Verde FM 104,9 Mhz ● Sábado 7h [Taquaratinga - SP] (www.planetaverde.org.br/nossa_radio.php)
RádioCom FM 104,5 Mhz ● Quarta 13h30 [Pelotas-RS] (www.radiocom.org.br)
Rede FM 95,5 Mhz ● Domingo 13h [Minduri - MG] (www.redefm.com.br)
Santana FM 104,9 Mhz ● Domingo 9h [Santana do Cariri - CE] (www.comunitariasantanafm.com)
São Francisco FM 93,5 Mhz ● Sexta 23h [Montes Claros - MG]
Tom Social Online ● Segunda 20h [Santana - SP] (www.tomsocial.com.br)
UEL FM 107,9 Mhz ● Quinta 22h/Sábado 13h (Londrina - PR) (www.uel.br)
Universidade AM 800 Khz ● Sexta 23h [Santa Maria - RS] (www.ufsm.br/radio)
Universitária AM 870 Khz● Sábado 13h [Goiânia - GO] (www.radio.ufg.br)
Universitária Unifei AM 1570 Khz ● Terça/Sexta 8h [Itajubá - MG] (www.unifei.edu.br/radio)
Universitária FM 100,7 Mhz ● Domingo 10h [Viçosa - MG] (www.rtv.ufv.br)
Utopia FM 98,1 Mhz ● Quarta 17h30 [Planaltina - DF] (www.utopia.dissonante.org)
Vale Do Araguaia FM 104,9 Mhz ● Segunda 12h [São Miguel Do Araguaia - GO]
Produção e Apresentação: Ruy Godinho
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011
WANDA MONTEIRO - ASA QUEBRADA
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Sonhei
Que vi uma asa
Quebrada
Perdida
Chorando por seu dono
Quando acordei
Um poeta acabara de perecer
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Sonhei
Que vi uma asa
Quebrada
Perdida
Chorando por seu dono
Quando acordei
Um poeta acabara de perecer
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
CAMILO DELDUQUE - 21.11.03 Restaurante Avenida
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Dedos compridos
Lânguidos tentáculos
Lâminas afoitas
Enfiadas no calor dos cumprimentos
Dedos compridos
Anelos dados a pérolas
Estendidos e ávidos
Para entender de pianos e panos
Talvez catadores de beijos
Feitos para colher conchas
E tomar da farinha o alimento do xibé
Dedos compridos
Garras extremadas para garrotear
Para atear fogo nas veias
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Dedos compridos
Lânguidos tentáculos
Lâminas afoitas
Enfiadas no calor dos cumprimentos
Dedos compridos
Anelos dados a pérolas
Estendidos e ávidos
Para entender de pianos e panos
Talvez catadores de beijos
Feitos para colher conchas
E tomar da farinha o alimento do xibé
Dedos compridos
Garras extremadas para garrotear
Para atear fogo nas veias
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terça-feira, 23 de agosto de 2011
SERTÃO DO SÃO MARCOS - Moça Davina
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Davina era só pensamento, de tanto o padre falar em anjos, pensava como seria a vida deles, por que cada um tinha um da guarda? Será que, também, tinha um demônio para cada um, na tentação?
Olhava a figura do santinho que a mãe lhe dera quando pequena, o anjo protegendo a criança quase caindo no abismo. Era tão bonito aquele anjo. Será que cara teria o demônio? Pensava. Será que o padre ia zangar com ela se perguntasse? Será que Lalinha tão sabida, lia tantas coisas, podia explicar?
Davina ficava pelas tardes perdida dentro da imaginação, sonhava com o anjo, com aquela beleza toda, lhe dando a mão como fosse a criança do santinho.
Um dia, pediu que Lalinha explicasse se, como o anjo da guarda, todos tinham um demônio da tentação. Como era a cara do diabo, do anjo da guarda ela conhecia, tinha o santinho. Mas se o demônio aparecesse como ia distinguir.
Lalinha, cheia de mistério, contou que o diabo era a tentação em tudo, tinha qualquer cara que quisesse, ardiloso, era coisa ruim, era o mal. Lembra dos sete pecados? Orgulho é coisa dele, a inveja também, até uma bem pequena. Preguiça era ele atentando, a gula era ele comendo dentro da gente, a ambição e raiva, tentação dele, e a luxuria era a vontade de fazer coisas, sem-vergonhices.
Gostar de doce de leite era pecado? Perguntava Davina. Gostar não era pecado, mas comer mais do que a fome era. Respondia Lalinha.
As duas ficavam nessa conversa por horas, enumerando situações de raiva, inveja, preguiça e ambição, quando chegava na luxuria Davina queria saber mais. Não pode, é desonra, mas quando você casar pode, não é pecado, Lalinha respondia como se soubesse tudo sobre aquilo. Como? E não dói? Perguntava Davina. Não devia doer era abençoado por Deus, deve de ser bom, mas sai um pouco de sangue. Antes de casar é como se fosse o diabo fazendo, dizia Lalinha.
Durante muito tempo era o assunto das duas, onde Davina visse Lalinha sempre tinha uma pergunta. Perguntava se ela já tinha beijado. Se era pecado. Tinha que confessar? Isso era tentação?
Lalinha demonstrava conhecer o que só tinha no curioso, nunca ia contar que sabia bem pouco daqueles assuntos, gostava da admiração da amiga.
Necão conhecia todos na sala mas, mesmo assim, não se dirigiu a ninguém, foi passando, generalizando o cumprimento.
- Tarde.
Nem prestou atenção se lhe responderam ou não, foi direto para a cozinha em sorriso nenhum. A mulher do Donato, que fazia o café, foi quem lhe falou.
- O senhor acalme seu Necão que não há de ser nada, a mãe está com ela no quarto, a menina já serenou e o padre foi chamado.
- Padre, prá quê! E esse povo aí na sala? Que ajuntamento de gente é esse?
- O senhor não sabe o que aconteceu com a menina? Se pôs no choro desde cedo e começou a gritar, não deixando ninguém chegar perto, agora que abrandou. Gritava muito e falava embaralhado, sem sentido.
- Por que chamar o padre? Perguntou Necão, entrando no quarto onde a mãe e a filha abraçadas choravam.
- Foi o diabo, pai. Foi ele sim.
Enquanto falava, Davina se encolhia na cabeceira da cama num choro doído, com as cobertas tampando o corpo, ficando só a cabeça de fora. A mãe chamava por Nossa Senhora da Conceição, e Necão, sem reação nenhuma, parado no meio do quarto não entendia nada. Nesse momento o padre chegou, Davina, ao vê-lo, começou a chorar mais alto ainda e a gritar.
- Foi o diabo, seu vigário, eu não queria não.
O pai, se refazendo do susto, esbravejou com uma raiva que nunca ninguém vira.
- Diabo coisa nenhuma, cadê esse safado? Conta quem é, Davina, vou acabar com a raça dele. Quem é o desgraçado, me conta, filha?
- Calma, seu Necão, pediu o padre.
- Ela está possuída? Perguntava a mãe, chorando.
Com muito custo, o padre convenceu o casal a sair do quarto e rezou por mais de hora, enquanto os vizinhos se juntavam pelo resto da casa como se tivesse morrido alguém. Nessa hora, Necão não agüentou e pôs todo mundo para correr, já com a espingarda na mão.
- Ela falou o nome do desgraçado? Perguntava ao padre que saía do quarto com cara de pouco adianta.
Dobrando os paramentos, disse que ela nem deixava ele chegar perto e que era um despautério essa história de diabo, mas, por via das dúvidas, ele exorcizou a menina e benzeu o lugar.
Necão enfurecido entrou no quarto seguido do padre e da mulher e encontrou Davina, ainda chorando, quase nua, com o sangue escorrendo pelas pernas, tentando esconder o lençol sujo. A mãe ao ver a filha daquele jeito, tirou o marido e o vigário do quarto, chorando, ajudou a filha limpar o sangue do seu primeiro menstruo.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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Davina era só pensamento, de tanto o padre falar em anjos, pensava como seria a vida deles, por que cada um tinha um da guarda? Será que, também, tinha um demônio para cada um, na tentação?
Olhava a figura do santinho que a mãe lhe dera quando pequena, o anjo protegendo a criança quase caindo no abismo. Era tão bonito aquele anjo. Será que cara teria o demônio? Pensava. Será que o padre ia zangar com ela se perguntasse? Será que Lalinha tão sabida, lia tantas coisas, podia explicar?
Davina ficava pelas tardes perdida dentro da imaginação, sonhava com o anjo, com aquela beleza toda, lhe dando a mão como fosse a criança do santinho.
Um dia, pediu que Lalinha explicasse se, como o anjo da guarda, todos tinham um demônio da tentação. Como era a cara do diabo, do anjo da guarda ela conhecia, tinha o santinho. Mas se o demônio aparecesse como ia distinguir.
Lalinha, cheia de mistério, contou que o diabo era a tentação em tudo, tinha qualquer cara que quisesse, ardiloso, era coisa ruim, era o mal. Lembra dos sete pecados? Orgulho é coisa dele, a inveja também, até uma bem pequena. Preguiça era ele atentando, a gula era ele comendo dentro da gente, a ambição e raiva, tentação dele, e a luxuria era a vontade de fazer coisas, sem-vergonhices.
Gostar de doce de leite era pecado? Perguntava Davina. Gostar não era pecado, mas comer mais do que a fome era. Respondia Lalinha.
As duas ficavam nessa conversa por horas, enumerando situações de raiva, inveja, preguiça e ambição, quando chegava na luxuria Davina queria saber mais. Não pode, é desonra, mas quando você casar pode, não é pecado, Lalinha respondia como se soubesse tudo sobre aquilo. Como? E não dói? Perguntava Davina. Não devia doer era abençoado por Deus, deve de ser bom, mas sai um pouco de sangue. Antes de casar é como se fosse o diabo fazendo, dizia Lalinha.
Durante muito tempo era o assunto das duas, onde Davina visse Lalinha sempre tinha uma pergunta. Perguntava se ela já tinha beijado. Se era pecado. Tinha que confessar? Isso era tentação?
Lalinha demonstrava conhecer o que só tinha no curioso, nunca ia contar que sabia bem pouco daqueles assuntos, gostava da admiração da amiga.
Necão conhecia todos na sala mas, mesmo assim, não se dirigiu a ninguém, foi passando, generalizando o cumprimento.
- Tarde.
Nem prestou atenção se lhe responderam ou não, foi direto para a cozinha em sorriso nenhum. A mulher do Donato, que fazia o café, foi quem lhe falou.
- O senhor acalme seu Necão que não há de ser nada, a mãe está com ela no quarto, a menina já serenou e o padre foi chamado.
- Padre, prá quê! E esse povo aí na sala? Que ajuntamento de gente é esse?
- O senhor não sabe o que aconteceu com a menina? Se pôs no choro desde cedo e começou a gritar, não deixando ninguém chegar perto, agora que abrandou. Gritava muito e falava embaralhado, sem sentido.
- Por que chamar o padre? Perguntou Necão, entrando no quarto onde a mãe e a filha abraçadas choravam.
- Foi o diabo, pai. Foi ele sim.
Enquanto falava, Davina se encolhia na cabeceira da cama num choro doído, com as cobertas tampando o corpo, ficando só a cabeça de fora. A mãe chamava por Nossa Senhora da Conceição, e Necão, sem reação nenhuma, parado no meio do quarto não entendia nada. Nesse momento o padre chegou, Davina, ao vê-lo, começou a chorar mais alto ainda e a gritar.
- Foi o diabo, seu vigário, eu não queria não.
O pai, se refazendo do susto, esbravejou com uma raiva que nunca ninguém vira.
- Diabo coisa nenhuma, cadê esse safado? Conta quem é, Davina, vou acabar com a raça dele. Quem é o desgraçado, me conta, filha?
- Calma, seu Necão, pediu o padre.
- Ela está possuída? Perguntava a mãe, chorando.
Com muito custo, o padre convenceu o casal a sair do quarto e rezou por mais de hora, enquanto os vizinhos se juntavam pelo resto da casa como se tivesse morrido alguém. Nessa hora, Necão não agüentou e pôs todo mundo para correr, já com a espingarda na mão.
- Ela falou o nome do desgraçado? Perguntava ao padre que saía do quarto com cara de pouco adianta.
Dobrando os paramentos, disse que ela nem deixava ele chegar perto e que era um despautério essa história de diabo, mas, por via das dúvidas, ele exorcizou a menina e benzeu o lugar.
Necão enfurecido entrou no quarto seguido do padre e da mulher e encontrou Davina, ainda chorando, quase nua, com o sangue escorrendo pelas pernas, tentando esconder o lençol sujo. A mãe ao ver a filha daquele jeito, tirou o marido e o vigário do quarto, chorando, ajudou a filha limpar o sangue do seu primeiro menstruo.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Não me fale mais
.
Não me fale mais
Do seu deus
E dos meus demônios
Suas leis me entontecem
E meu caos pode ferir
A razão se põe no meu amor
Prefigurando as indagações
Do inexperto coração
Clamam desmentiduras
E ignoram seu pietismo
O que há senão
O demônio subjugando um deus
E um deus subjugando o demônio
O que há senão
A ambiência dos nossos quereres
Aturdindo o que nascemos
Fingindo que havia primavera
E o amor abria o velário
Deixando entrar nossa nudez
Para revivescer nossas centelhas
Não me fale mais
Do seu deus
E dos meus demônios
Vamos deixá-los
No aprisco de cada um
Fora de nossa vida possível
Verrumando contradições
E suas macilentas vontades
Porque nosso amor
É ameigado e foi costurado
Rente ao corpo e a alma
MQ
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Não me fale mais
Do seu deus
E dos meus demônios
Suas leis me entontecem
E meu caos pode ferir
A razão se põe no meu amor
Prefigurando as indagações
Do inexperto coração
Clamam desmentiduras
E ignoram seu pietismo
O que há senão
O demônio subjugando um deus
E um deus subjugando o demônio
O que há senão
A ambiência dos nossos quereres
Aturdindo o que nascemos
Fingindo que havia primavera
E o amor abria o velário
Deixando entrar nossa nudez
Para revivescer nossas centelhas
Não me fale mais
Do seu deus
E dos meus demônios
Vamos deixá-los
No aprisco de cada um
Fora de nossa vida possível
Verrumando contradições
E suas macilentas vontades
Porque nosso amor
É ameigado e foi costurado
Rente ao corpo e a alma
MQ
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domingo, 21 de agosto de 2011
FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
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Fundaj leva curso de Cultura Contemporânea, em artes plásticas, para Vitória da Conquista/BA
A Fundação Joaquim Nabuco, por meio de sua Diretoria de Cultura, abre inscrições para o curso Cultura Contemporânea, uma introdução no módulo Artes Plásticas, com a professora Marisa Mokarzel, titular Pós-Stricto Sensu do Mestrado em Comunicação, Linguagens e cultura da UNAMA. O módulo será realizado em Vitória da conquista /BA no dias 23 a 26 de Agosto. O curso propõe uma introdução e discussão sobre a arte no contexto cultural contemporâneo observando, as questões de ordem artística, histórica, política e econômica. Trata-se de um contexto em que os paradigmas da arte tiveram novas mudanças em consonância com uma sociedade que acelerou seus processos comunicacionais a partir de conquistas tecnológicas, alterando a noção de espaço e tempo.
Serviço
Aulas gratuitas
Informações sobre inscrições: cadif@fundaj.gov.br
Fone: (81) 3073.6659
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sábado, 20 de agosto de 2011
JAC. RIZZO - O nada
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Escrevo sobre tudo que há no nada
sobre a folha que rola na estrada
no vão da escada
no vinho que sobra na taça
no relógio da rua que atrasa
no cão sem dono na praça
na poça que há na calçada
Tudo que parece inútil
me abraça
é minha sina
me enlaça
Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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Escrevo sobre tudo que há no nada
sobre a folha que rola na estrada
no vão da escada
no vinho que sobra na taça
no relógio da rua que atrasa
no cão sem dono na praça
na poça que há na calçada
Tudo que parece inútil
me abraça
é minha sina
me enlaça
Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011
INSTITUTO DE ARTES DO PARÁ - BELÉM
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Lançamento do documentário “Teatro de Pássaros” e palestra de Carlos Eugênio Marcondes de Moura.
Hoje, às 18h, no auditório do IAP (Praça Justo Chermont, 236 – ao lado da Basílica de Nazaré)
Entrada franca. (DP)
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SERTÃO DO SÃO MARCOS - Fiado
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Dá uma quarta de farinha, seu Manco. Ranja prá nóis mode cumê bom lencasa. Das rumação que feiz, cumé mesmo que chama aquele home? Aquele que amuntô na riqueza da viúva do falecido seu Quelé. Esse um mandô nóis saí das terra, caçá rumo. Nóis tamo num provisoro cum os cigano.
No abuso não, no gradecido. Cigano é povo falado, mais num é cumo é falado não, é povo bão, robin daqui e dali, mais coisa poca, coisa que tá no mundo, de quem pegá é. Coisa uma só, nada p’ra riqueza e nem p’ra ridiqueza, seu Manco, mode tal a quarta de farinha que careço e o sôr num há de negá.
Magina, seu Quelé vivo, dexava esse avexo? Inda mais que sempre fui trabaiadô, até a viúva sabe, mais ela num põe cisma no que o um faiz, não. Fica no calado e ele vai lidano do modo. É home ruim, seu Manco, parece de parte com o diabo, magina zangá pur conta dum capado que seu Quelé em vivo, deu. Tava no ponto, sangrei, no tá fazeno a lingüiçada o home viu e ralhô, tomô até os miúdo, xingô um muito, em poco num infrentei ele.
Faca tenho não, seu Manco, canivetinho de fazê, nos em hora, o pito. Pruveita, ranja tamém um dedo de fumo seu Manco, tô no escasso, o sôr põe cobro, evém a lua nova, tiro mel, faço paga dos trem.
Abuso não, semo de lida, sirviço que o sôr tivé faço. Qué rumá a cerca dos fundo? Corto pau no mato, lavradinho, sôr põe linha, tira o prumo, cerco tudo no jeito. Agrego na paga duns trem.
Tenho queixa não seu Manco, em lá ficou o cujo, mais a vida vai viveno, nele e neu, e se ele é o próprio coisa num resto prele, não. Careço é de rumá aprumo logo, fazê uns cobrim, achá um lugá longe e devotá à Nossa Senhora de altar.
Aqui? O padre num dexa nem i’eu entrá na igreja, repara d´eu tá lá cum os cigano, põe zanga iqual o um, tamém é dono, né.
Fôr priciso faço de pau, lavro manto e tudo, capelinha faço, ponho no rancho, devoto. Quero vê! Arremedo, iscundido, a capelinha da casa de seu Quelé. Sô bôbo não! Pode fiá seu Manco. Já quais sei fazê muita coisa, largo fiado p’ro sôr não.
Pode fiá na garantia da palavra, do céu Nossa Senhora vai pôr zêlo pr’eu saí da pricissão.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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Dá uma quarta de farinha, seu Manco. Ranja prá nóis mode cumê bom lencasa. Das rumação que feiz, cumé mesmo que chama aquele home? Aquele que amuntô na riqueza da viúva do falecido seu Quelé. Esse um mandô nóis saí das terra, caçá rumo. Nóis tamo num provisoro cum os cigano.
No abuso não, no gradecido. Cigano é povo falado, mais num é cumo é falado não, é povo bão, robin daqui e dali, mais coisa poca, coisa que tá no mundo, de quem pegá é. Coisa uma só, nada p’ra riqueza e nem p’ra ridiqueza, seu Manco, mode tal a quarta de farinha que careço e o sôr num há de negá.
Magina, seu Quelé vivo, dexava esse avexo? Inda mais que sempre fui trabaiadô, até a viúva sabe, mais ela num põe cisma no que o um faiz, não. Fica no calado e ele vai lidano do modo. É home ruim, seu Manco, parece de parte com o diabo, magina zangá pur conta dum capado que seu Quelé em vivo, deu. Tava no ponto, sangrei, no tá fazeno a lingüiçada o home viu e ralhô, tomô até os miúdo, xingô um muito, em poco num infrentei ele.
Faca tenho não, seu Manco, canivetinho de fazê, nos em hora, o pito. Pruveita, ranja tamém um dedo de fumo seu Manco, tô no escasso, o sôr põe cobro, evém a lua nova, tiro mel, faço paga dos trem.
Abuso não, semo de lida, sirviço que o sôr tivé faço. Qué rumá a cerca dos fundo? Corto pau no mato, lavradinho, sôr põe linha, tira o prumo, cerco tudo no jeito. Agrego na paga duns trem.
Tenho queixa não seu Manco, em lá ficou o cujo, mais a vida vai viveno, nele e neu, e se ele é o próprio coisa num resto prele, não. Careço é de rumá aprumo logo, fazê uns cobrim, achá um lugá longe e devotá à Nossa Senhora de altar.
Aqui? O padre num dexa nem i’eu entrá na igreja, repara d´eu tá lá cum os cigano, põe zanga iqual o um, tamém é dono, né.
Fôr priciso faço de pau, lavro manto e tudo, capelinha faço, ponho no rancho, devoto. Quero vê! Arremedo, iscundido, a capelinha da casa de seu Quelé. Sô bôbo não! Pode fiá seu Manco. Já quais sei fazê muita coisa, largo fiado p’ro sôr não.
Pode fiá na garantia da palavra, do céu Nossa Senhora vai pôr zêlo pr’eu saí da pricissão.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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RUY GODINHO - RODA DE CHORO
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RODA DE CHORO – SÁBADO – DIA 20.08.11
No 1º bloco o destaque vai para o CD Piano Brasileiro – Arthur Moreira Lima - Volume 11 (Arthur e seus amigos), lançado em 1995 e que reúne gravações do pianista Arthur Moreira Lima com Abel Ferreira, Paulo Moura, Zé da Velha, Joel Nascimento, João Pedro Borges, Rafael Rabello e o Conjunto Época de Ouro.
O bandolinista Rossini Ferreira, nascido em Nazareth da Mata-PE (1919), é o destaque do 2º bloco. Desde 1969 morou no Rio de Janeiro. Mas, aos 70 anos, voltou a morar no Recife, onde lecionou no Conservatório Pernambucano de Música.
O 3º bloco aborda o nostálgico e belo CD Sivuca e o Quinteto Uirapuru. Ricardo Anísio escreveu no encarte que o disco traz “Uma musicalidade farta de sentimentos”.
No bloco do Choro Cantado, o destaque é o manauara Carlos Henry, residente há mais de 30 anos em São Paulo. Compositor que dá continuidade à evolução do samba e do choro, Henry apresenta o belíssimo CD Anjo Torto.
No 5º bloco o destaque é o multi-instrumentista paraense Luiz Pardal e o CD Luiz Pardal – Projeto Uirapuru. Ele domina com técnica apurada os teclados, harmônica, piano, bandolim, percussão, violino, violão... Vale conferir.
Ouça pela internet:
Rádio Câmara, Brasília: www.radio.camara.gov.br (rádio ao vivo), sábados, 12h.
Rádio UEL FM, Londrina-PR, 5ªs-feiras, 22h, reprise: sábados, 13h.
Rádio Utopia FM, Planaltina-DF, 4ª feiras, 18h.
Rádio Educadora FAFIT FM, de Itararé-SP, 88,7 MHz, domingos, 8h.
Rádio Mandacaru FM, de Cedro-CE 104,9 MHz, domingos 12h.
Rádio Universidade AM, de Santa Maria-RS , 6ªs feiras, às 23h.
Rádio Universitária FM, 100,7 MHz, Viçosa-MG, domingos 10h.
Rádio Unifei AM, 1570 khZ, de Itajubá-MG, terças e sextas, 8h.
Rádio Beta FM, 99,3 Mhz, de Campo Limpo-SP, sextas, 18h.
Rádioweb Tom Social www.tomsocial.com.br, de Santana-SP segunda 20h
RádioCom FM, 104,5 Mhz, de Pelotas-RS, quintas 14:30h
Rádio Nova Geração FM 98,7, de Cristiano Otoni-MG, sextas 9:30h
Rádio Cidade FM, 104,9 Mhz de Diamantina-MG, domingos 12h
Rádio Rede FM, 95,5 Mhz, de Minduri-MG, domingos 13h
Rádio São Francisco FM, 93 Mhz, de Montes Claros-MG, sextas 23h
Produção e Apresentação: Ruy Godinho
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011
custoditi - MQ
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tra i campi
della mia anima
ho seminato l'affetto
a mazzi
piccoli gesti
ho custodito
nell'intenzione
muta
delle parole
invecchiando
silenziosamente
nella bisaccia
delle mie perdite
http://ithacaservizieditoriali.blogspot.com/2011/07/marcos-quinan-quattro-poesie.html
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tra i campi
della mia anima
ho seminato l'affetto
a mazzi
piccoli gesti
ho custodito
nell'intenzione
muta
delle parole
invecchiando
silenziosamente
nella bisaccia
delle mie perdite
http://ithacaservizieditoriali.blogspot.com/2011/07/marcos-quinan-quattro-poesie.html
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011
FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
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Fundaj inicia curso de Cinematografia Eletrônica Avançada
As inscrições para o primeiro curso de Cinematografia Eletrônica Avançada, a realizar-se entre os dias 22 e 26 de agosto, na Fundaj, encerrará suas inscrições dia 17 de agosto. O curso tem como proposta apresentar, ampliar e aprofundar conhecimentos artísticos relacionados à captação de imagens em movimento em suporte eletrônico digital e será ministrado pelo professor e diretor de fotografia Carlos Ebert. Com mais de 40 anos de experiência no cinema nacional, Carlos Ebert é responsável pela fotografia de filmes consagrados, a exemplo de “O Bandido da Luz Vermelha”, “O Rei da Vela” e “Do Luto a Luta”, seu currículo conta com dezenas de trabalhos premiados e parcerias bem-sucedidas com diretores como Walter Lima Jr, Rogério Sganzerla, João Batista de Andrade, Ugo Giorgetti e Jorge Furtado. Também realiza curtas- metragens e comerciais. Desde os anos 70 ministra aulas, cursos e palestras sobre cinema, além de produzir textos publicados no Brasil e no exterior sobre a sétima arte. Para participar é necessário preencher a ficha de inscrição que se encontra no site da Fundação Joaquim Nabuco e enviar para o email do Canne ou pessoalmente, na secretaria. Já está disponível na página da Fundaj, o cronograma dos cursos que serão oferecidos pelo Canne durante todo o ano de 2011, entre eles Direção de Fotografia, Direção de Atores e Interpretação Cinematográfica, Assistência e Operação de Câmera HD, Direção de Arte, Roteiro entre outros. Os cursos realizados pelo Canne são voltados para Profissionais do Audiovisual das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Os interessados devem ficar atentos ao período de inscrição de cada curso.
Serviço:
Inscrições gratuitas
Endereço: Rua Henrique Dias, 609, Derby
52.010-100 – Recife/PE
Fone: (81) 3073.6719
Site: www.fundaj.gov.br/canne
Email: canne@fundaj.gov.br
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Imputação
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Disseste apreço à verdade
Que entendia o possível
E me percebias só,
Infeliz, incontestável
E inconcluso
Disseste escolher
E escolheste o que
Explode em mim
Urdias paixão decerto
Para eu amar a vida
E pareceste enxergar
Como eu
O querer sem a forma
De pequenos ódios
E compromissos sociais
Quando o amor me escolheu
E se plantou no meu coração
Uma saudade à primeira vista
Costurou suas vestes no sonho
Corporizado, agora emurchecendo
Com tua ausência como membro alijado
Do sentimento que escolheste
No sentimento que me escolheu
Disseste apreço à verdade
E que querias o possível
Mas me contaminaste
Com a negação que está
Agora visível em nossa dor
MQ
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Disseste apreço à verdade
Que entendia o possível
E me percebias só,
Infeliz, incontestável
E inconcluso
Disseste escolher
E escolheste o que
Explode em mim
Urdias paixão decerto
Para eu amar a vida
E pareceste enxergar
Como eu
O querer sem a forma
De pequenos ódios
E compromissos sociais
Quando o amor me escolheu
E se plantou no meu coração
Uma saudade à primeira vista
Costurou suas vestes no sonho
Corporizado, agora emurchecendo
Com tua ausência como membro alijado
Do sentimento que escolheste
No sentimento que me escolheu
Disseste apreço à verdade
E que querias o possível
Mas me contaminaste
Com a negação que está
Agora visível em nossa dor
MQ
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terça-feira, 16 de agosto de 2011
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
SERTÃO DO SÃO MARCOS - Fogo pelas ventas
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Não havia ninguém no mundo que se parecia mais com uma vela do que Otacílio. Pudera, desde menino freqüentava aquela sacristia.
Tinha sido coroinha quando pequeno e, por mais de sessenta anos, era sacristão. Já havia enterrado dois padres, um monsenhor, e um cônego.
Magro, seu aspecto era o de uma vela; conversar com ele de perto não dava, não que tivesse mal hálito, era o cheiro de vela. Já quase cego, só enxergava direito firmando as vistas. Mas de uma devoção desmedida com a paróquia, a padroeira e o vigário. Cuidava dos paramentos, imagens e demais ornamentos com zelo, sabia onde cada um estava guardado na igreja.
Uma vez, a meninada escondeu o Cristo morto, ele passou apurado até descobri-lo escondido atrás do altar de Nossa Senhora Aparecida. Desse dia em diante, nas vésperas da Semana Santa, ele vigiava a sacristia dia e noite.
Com a velhice, mal enxergando e ouvindo, deixavam que ele fizesse apenas algumas tarefas mais leves. Entre elas, acender as velas. Era um ritual. Primeiro as do altar mor, depois, um a um, o de Santo Antônio, Nossa Senhora Aparecida, São Judas Tadeu, Nossa Senhora da Conceição e, por último, o castiçal que ficava em cima da mesa da sacristia, que o padre ao celebrar a missa levava para o altar.
Todos os dias, após acender as velas, meia hora de conversa com dona Cotinha, na sacristia, onde a vida alheia era revista em detalhes, principalmente a de Totonho Costa, fazendeiro, político, homem dos mais influentes da região.
Otacílio tinha muito medo dele, não ficava um segundo perto. Dizia para dona Cotinha, na sua fala mole, cheirando à vela:
- Seu Totonho gosto não, muito brabo, está sempre botando fogo pelas ventas.
Razões Otacílio tinha de sobra. O fazendeiro só andava com os capangas guarnecendo, era de uma ignorância sabida e já provada por todos. A qualquer lugar que fosse, primeiro os capangas na frente.
A Cobra Verde ficava na ponta da Rua de Cima. Casa de mulher, toda caiada de verde, os cômodos forrados de pano vermelho, até a cozinha. Extravagância de dona Preta, mantida por Totonho Costa, freguês mais importante, para quem ela sempre guardava uma novidade.
Na véspera, Dé Cristão, seu capanga, chegava pelos fundos para dar aviso. Dona Preta providenciava os preparos e, nesse dia, a casa não abria. Totonho chegava de tardinha, desmontava e seus capangas soltavam os cavalos no pasto, atrás da casa, e ninguém mais se aproximava do lugar.
Totonho Costa tinha taras que eram guardadas em segredo, a sete chaves. Parte na generosidade do dinheiro e parte no exemplo da Mudinha, que dona Preta fazia questão de mostrar para toda rapariga nova, dizendo que Totonho é quem cortara a língua dela.
Nesse dia foi igual. Duas talagadas de cachaça, já escolhida Diolinda, a cigana que, quando não tinha nenhuma novidade, era sempre a preferida. Diolinda conhecia os gostos. Na hora certa.
- Enfia a vela! Gritou Totonho.
Ela tirou a vela debaixo do travesseiro e enfiou. Foi quando o estremecer pareceu diferente das outras vezes, o corpo retesou e ela sentiu por dentro um enrijecer que não conhecia daquele jeito. A contração dos músculos quebrou a vela na sua mão, ficando um pedaço enfiado. O quietar-se do corpo era assim mesmo adormecendo, mas o esfriar não.
Só se ouviu o grito na madrugada, quando ela percebeu o frio da morte.
Foi uma correria, dona Preta não sabia o que fazer, chamou os capangas, eles também não.
Dé Cristão acordou o padre quando já amanhecia. Contou que o ataque se deu no caminho, quando o Coronel ia trocar de roupa, depois de se banhar no Lajeado. Demoraram a encontrar o corpo e resolveram trazer para a igreja, por ser mais perto. Além do mais, eles não conseguiam vestir as roupas no morto.
O vigário foi na conversa, ajudou a pôr o defunto em cima da mesa da sacristia. Por causa do membro enrijecido, o coronel foi colocado de bruços.
- Vamos banhar ele e cortar a parte de trás da roupa prá vestir. Mande avisar a família. Pediu.
E saíram da sacristia, deixando o corpo estendido de bruços na mesa.
Nisso entra Otacílio para acender a vela e acende o pavio que saía do ânus do morto.
Dona Cotinha, espantada, já dentro da sacristia.
- O que é isso, seu Otacílio? É seu Totonho Costa?
Quando o sacristão olhou para trás, assustado, e firmou as vistas, o toco de vela que arrolhava o ânus do morto já havia derretido e os gases do corpo em contato com a chama provocavam uma labareda de fogo.
O sacristão espantado. Dona Cotinha desmaiando.
- Divino Pai Eterno, pelas ventas eu já sabia, mas pelo rabo, ainda não. Cruz credo.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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Não havia ninguém no mundo que se parecia mais com uma vela do que Otacílio. Pudera, desde menino freqüentava aquela sacristia.
Tinha sido coroinha quando pequeno e, por mais de sessenta anos, era sacristão. Já havia enterrado dois padres, um monsenhor, e um cônego.
Magro, seu aspecto era o de uma vela; conversar com ele de perto não dava, não que tivesse mal hálito, era o cheiro de vela. Já quase cego, só enxergava direito firmando as vistas. Mas de uma devoção desmedida com a paróquia, a padroeira e o vigário. Cuidava dos paramentos, imagens e demais ornamentos com zelo, sabia onde cada um estava guardado na igreja.
Uma vez, a meninada escondeu o Cristo morto, ele passou apurado até descobri-lo escondido atrás do altar de Nossa Senhora Aparecida. Desse dia em diante, nas vésperas da Semana Santa, ele vigiava a sacristia dia e noite.
Com a velhice, mal enxergando e ouvindo, deixavam que ele fizesse apenas algumas tarefas mais leves. Entre elas, acender as velas. Era um ritual. Primeiro as do altar mor, depois, um a um, o de Santo Antônio, Nossa Senhora Aparecida, São Judas Tadeu, Nossa Senhora da Conceição e, por último, o castiçal que ficava em cima da mesa da sacristia, que o padre ao celebrar a missa levava para o altar.
Todos os dias, após acender as velas, meia hora de conversa com dona Cotinha, na sacristia, onde a vida alheia era revista em detalhes, principalmente a de Totonho Costa, fazendeiro, político, homem dos mais influentes da região.
Otacílio tinha muito medo dele, não ficava um segundo perto. Dizia para dona Cotinha, na sua fala mole, cheirando à vela:
- Seu Totonho gosto não, muito brabo, está sempre botando fogo pelas ventas.
Razões Otacílio tinha de sobra. O fazendeiro só andava com os capangas guarnecendo, era de uma ignorância sabida e já provada por todos. A qualquer lugar que fosse, primeiro os capangas na frente.
A Cobra Verde ficava na ponta da Rua de Cima. Casa de mulher, toda caiada de verde, os cômodos forrados de pano vermelho, até a cozinha. Extravagância de dona Preta, mantida por Totonho Costa, freguês mais importante, para quem ela sempre guardava uma novidade.
Na véspera, Dé Cristão, seu capanga, chegava pelos fundos para dar aviso. Dona Preta providenciava os preparos e, nesse dia, a casa não abria. Totonho chegava de tardinha, desmontava e seus capangas soltavam os cavalos no pasto, atrás da casa, e ninguém mais se aproximava do lugar.
Totonho Costa tinha taras que eram guardadas em segredo, a sete chaves. Parte na generosidade do dinheiro e parte no exemplo da Mudinha, que dona Preta fazia questão de mostrar para toda rapariga nova, dizendo que Totonho é quem cortara a língua dela.
Nesse dia foi igual. Duas talagadas de cachaça, já escolhida Diolinda, a cigana que, quando não tinha nenhuma novidade, era sempre a preferida. Diolinda conhecia os gostos. Na hora certa.
- Enfia a vela! Gritou Totonho.
Ela tirou a vela debaixo do travesseiro e enfiou. Foi quando o estremecer pareceu diferente das outras vezes, o corpo retesou e ela sentiu por dentro um enrijecer que não conhecia daquele jeito. A contração dos músculos quebrou a vela na sua mão, ficando um pedaço enfiado. O quietar-se do corpo era assim mesmo adormecendo, mas o esfriar não.
Só se ouviu o grito na madrugada, quando ela percebeu o frio da morte.
Foi uma correria, dona Preta não sabia o que fazer, chamou os capangas, eles também não.
Dé Cristão acordou o padre quando já amanhecia. Contou que o ataque se deu no caminho, quando o Coronel ia trocar de roupa, depois de se banhar no Lajeado. Demoraram a encontrar o corpo e resolveram trazer para a igreja, por ser mais perto. Além do mais, eles não conseguiam vestir as roupas no morto.
O vigário foi na conversa, ajudou a pôr o defunto em cima da mesa da sacristia. Por causa do membro enrijecido, o coronel foi colocado de bruços.
- Vamos banhar ele e cortar a parte de trás da roupa prá vestir. Mande avisar a família. Pediu.
E saíram da sacristia, deixando o corpo estendido de bruços na mesa.
Nisso entra Otacílio para acender a vela e acende o pavio que saía do ânus do morto.
Dona Cotinha, espantada, já dentro da sacristia.
- O que é isso, seu Otacílio? É seu Totonho Costa?
Quando o sacristão olhou para trás, assustado, e firmou as vistas, o toco de vela que arrolhava o ânus do morto já havia derretido e os gases do corpo em contato com a chama provocavam uma labareda de fogo.
O sacristão espantado. Dona Cotinha desmaiando.
- Divino Pai Eterno, pelas ventas eu já sabia, mas pelo rabo, ainda não. Cruz credo.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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FUNDAÇÃO CARLOS GOMES - BELÉM
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A Fundação Carlos Gomes promove o XXIV Festival Internacional de Música do Pará, acontecerá de 21 a 28 de agosto em vários espaços culturais, e transformará Belém na capital nacional da Música nesse período.
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domingo, 14 de agosto de 2011
FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - RECIFE
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Fundaj fará lançamento do projeto Cine Educação em Triunfo
A Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco, em parceria com as Secretarias de Educação e Cultura do Governo do Estado, confirma sua presença no 4º Festival de Cinema de Triunfo a realizar-se nos dias 15 a 20 de agosto na cidade de Triunfo, interior do estado. O foco é o lançamento do projeto Cine Educação, que visa educar pela arte por meio da exibição de filmes e o uso de material de apoio pedagógico para realização de atividades nas escolas, é uma iniciativa que reforça o incentivo da Fundaj às ações do audiovisual, confirmando uma parceria que tem sido importante para a promoção e difusão de projetos culturais na área de cinema e em projetos educacionais. O Festival também vai contar com participação da Diretora de Cultura Isabela Cribari e a Coordenadora Geral do Canne Germana Pereira para formulação das oficinas e presença nas mesas do 2º Seminário de Desenvolvimento Sustentável do Audiovisual no Nordeste
Serviço:
Fone: (81) 3073-6679 (81) 3073-6679
culturaonline@fundaj.gov.br
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sábado, 13 de agosto de 2011
Anunciado
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A beleza expressional dos gestos
Dei-te no arrebatamento
Em inefáveis formas
Quando por inteiro te pertenci
Mesmo acreditando na angústia
A mágica foi cúmplice
E o venal da luxúria
Permitiu a mentira
A insídia desgovernou-se
E rastejou ao meu lado
Como serpente imolada pelo carinho
E seu onipotente veneno
Apenas ornou tua falta
Esbatendo os fortes acordos
Por isso prenuncio pertencer-te
Anunciando esquecer-te
MQ
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A beleza expressional dos gestos
Dei-te no arrebatamento
Em inefáveis formas
Quando por inteiro te pertenci
Mesmo acreditando na angústia
A mágica foi cúmplice
E o venal da luxúria
Permitiu a mentira
A insídia desgovernou-se
E rastejou ao meu lado
Como serpente imolada pelo carinho
E seu onipotente veneno
Apenas ornou tua falta
Esbatendo os fortes acordos
Por isso prenuncio pertencer-te
Anunciando esquecer-te
MQ
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