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Mesmo jeito, mesma mesa, mesma bebida, mesmice no olhar triste. Ela o via quase todos os dias no bar. Bebia uma garrafa inteira, pagava a conta e ia embora. Um apaixonado, diziam os habituais.
Aproximou-se o mais que pôde e, a cada vez que conversavam, tentava induzi-lo a abrir o coração, contar do amor que sentia.
Um dia ele bebeu demais e precisou ser levado para casa, precisou chorar suas mágoas; aceitou o carinho e a atenção dela em ouvi-lo. Acordou no meio da manhã, sozinho, nu como gostava de dormir e com uma música suave programada no aparelho de som. A cabeça doía, quem era ela? O que tinha acontecido? Já era fim de tarde; lembrou-se que eram amigas de infância; lembrou-se de ter conversado muito, de um perfume embriagador, do calor de um corpo nu. Teria sonhado? Lembrou-se da música, do prazer. Tinha gostado; estava escuro, muito escuro.
Outra noite. Chegou no bar, mesma mesa, mesma bebida. Esperou. Ela nem se sentou, de pé mesmo o convidou para saírem dali, tinha uma proposta.
Sabia tudo sobre a pessoa que ele amava, conhecia-a muito bem desde a infância; sabia do que gostava e do que não gostava, seria um segredo, não diria a ninguém.
No escuro, podia fingir ser ela como na noite anterior.
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MQ
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sábado, 4 de abril de 2009
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Ai que triste fingir ser outra pessoa no amor.
ResponderExcluirMárcia,
ResponderExcluirMuitos fingem.
Bjos