quinta-feira, 16 de abril de 2009

CHEIO DE MORTE - Entreatos


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Sabia o quanto tinham sido caros, o amor e a paixão misturados a tanta mágoa. Sabia que não sabia da dor, ajudando a enterrá-los. Será que o perdão fora exumado? Em que momento eles foram morrendo? Perguntava-se.


De alguns não se lembrava exatamente quando e como aconteceu, era como se tivesse convivido com eles em decomposição. Talvez por intuição ou teimosia restasse alguns dentro de si.

Seria algum tipo de ressurreição - a reflexão - não aceitar, aceitando? Teria sentido, algozes cheios de vida, perfumar a lâmina? A razão banhar e vestir o sentimento sem assinar o óbito, sem conduzi-lo até o fim? Perguntava-se.

Muito não sabia; queria ter estado presente em cada enterro, mas a morte era assim, colhia só o instante, como numa plenitude e cada sentimento, em seu último alento, prometia recorrências; ficariam mantidos nos sentidos, como membros amputados, vivos por dentro.

Havia morrido demais, vivido demais e sentia nostalgia, saudade, rancor e autopiedade; eram os fantasmas assombrando.

No ser, a angústia sustentava carpideira os velados e os indigentes, com sua voz estridente. Urgência acompanhando a criatura insepulta, mas cheia de morte.

MQ
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2 comentários:

  1. E no fim - de cada instante eterno - é só com a gente, ou melhor, é entre a gente e a gente. Será que a solidão é a alma desse negócio chamado existência?

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  2. Márcia,

    A solidão também é.
    E é uma coisa muito bela. É só olhá-la por outros ângulos.
    Te abraço.

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