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Quase um ritual. Sério, metódico,
consciente e muito bem-arrumado no terno e gravata que nunca repetia, nos
sapatos muitos bem engraxados para um andar seguro e calmo.
Quase como obrigação, toda semana, na
terça-feira por volta das oito horas, vinha ele pela calçada, depois de deixar
o carro estacionado na avenida. Cumprimentava todos na entrada, um dos
habituais mais generosos; distribuía gorjetas, desde o guardador de carros até
o gerente.
Recebido com cortesias e mesuras,
entrava solenemente, acompanhado pela recepcionista; sorrindo discretamente, ia
até a ultima mesa, a mais escondida.
O encarregado das fichas atendia-o
preferencialmente. Era seu momento especial, desfrutando cada detalhe da
transgressão; sabia de todas as leis e como aplicá-las no seu tribunal.
Bebia três ou quatro doses, convivendo
com todos que ali jogavam como se fossem seus pares. Ganhava, perdia e
entregava-se ao imprevisível com um brilho diferente no olhar.
Na casa de jogo, o juiz se realizava
descumprindo a lei.
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