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Parecia irreal encontrá-la sozinha na
madrugada de um fim de semana. O lugar era muito impróprio, mesmo para uma dama
tão vivida e experiente, viajada e com tantos poderes nas mãos.
Era difícil acreditar que estivesse
sem os assessores e os acompanhantes habituais, bajulando; sem os mais
encantados da imprensa que naquele mesmo dia só falavam dela em suas matérias,
em todos os editoriais, colunas, rádios e TVs. A cidade toda sob sua
influência. A seus pés, bandas de música, grupos de dança, as escolas e as
associações. Gente do governo municipal, estadual e federal. Até um embaixador
a cortejara.
Sentada no banco da praça, olhar sem
brilho, pediu ao passante que acendesse seu cigarro; suspirou, cansada, um
agradecimento que ele não entendeu; levantou-se sacudindo a purpurina e
caminhou altiva por entre os canteiros.
De onde estávamos, assistimos quando a
bruxa partiu na sua vassoura, confirmando voltar no próximo ano.
Foi rindo baixinho, sarcástica,
aumentando o contentamento enquanto se afastava até desaparecer, gargalhando;
aquele lugar já perdera seu encantamento, suas entidades, seu imaginário fora
esquecido... Agora, tinha um dia seu naquele lugar também.
Ah! Ah! Ah! Gargalhava
Aquele lugar, agora também era seu.
Ah! Ah! Ah!...
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