quarta-feira, 9 de março de 2016

Beijo na boca - mq


 
Resolvera assumir, beijo na boca nunca mais.

Do pescoço para baixo valia tudo, cheirava, mordiscava e lambia. Os pés, unhas, entre os dedos. Gostava de morder o tendão do pé acima do calcanhar que uma vez ouvira um caipira chamar de “peia”. A palavra fascinava. Peia misturava-se com pernas, coxas, aproximava-se de nádegas, ânus e do sexo.

Ah! Beijava extasiado, chupava, lambia. O umbigo, os seios, braços e nas costas passeava a língua com a boca úmida esparramando prazer. Ah! Muito prazer. Mas na boca nunca mais, não sabia se era o buço, o medo do hálito de bebida, cigarro ou mesmo o mau hálito. Tinha uma sensação esquisita, faltava o ar, um abafamento. A respiração junta não era agradável. Não notavam mesmo.

Tinha tantas maneiras de agradar e sabia excitar, envolver, cheirar a pele toda, lambendo, mordendo, tocando. Encantava nas preliminares e intermediárias e sabia se encontrar com o prazer.

Nunca houve nenhuma reclamação; preparava o enlevo, sabia dissimular, olhava no rosto e, penetrante nos olhos, colocava toda a malícia, parecendo sempre querer mais.

Usava as mãos em carícias pelo rosto, tocava os lábios, os cabelos, deixava que os dedos se entregassem à língua, à malícia dos dentes. Sabia envolver-se em permissões e muita luxúria.

Mas beijar na boca, ele não beijaria mais.

 
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