Estava ali sozinho, viera a pé para
espairecer, gostava de andar naquele pedaço da cidade.
Chegou, estava começando; falou com o
escritor que dava autógrafo, pegou o seu. Falou com alguns amigos, tomou café,
folheou alguns livros, conversou com uma amiga que chegava, conheceu duas ou
três pessoas novas e já ia começar a se despedir quando se sentiu estranho, uma
pequena tonteira, um embaçar das vistas. Por segundos as luzes se apagavam e
reacendiam lentamente, alternavam cores e, em momentos, pareciam ter um brilho
muito intenso.
Imaginou-se desmaiando e procurou
aproximar-se de uma amiga. Pálido, avisou que estava passando mal, estava sem
carro e que, qualquer coisa, o levasse a um hospital. Ela, preocupada,
constatou a palidez; tocou sua testa, chamou uma pessoa que ele não conseguiu
identificar, não enxergava mais.
Rapidamente deitaram-no no chão,
trouxeram-lhe água; juntaram-se curiosos e a médica fez perguntas que ele nem
ouvia direito.
Um carro já estava colocado em posição
de levá-lo, quando a médica, rindo muito, pediu para trazerem um copo de vinho.
Voltou para casa sozinho pelo mesmo
caminho, chutando pedras, envergonhado e xingando o arquiteto que planejou a
iluminação do espaço cultural alternando as cores e a intensidade com que eram
trocadas, para simbolizar a mistura das raças.
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