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O carro parou na esquina, não puderam
se conter. Uma revolução foi desencadeada no momento da despedida.
Nas mãos, o desejo se configurou e
desarmou todas as roupas. O cheiro dos corpos explodiu no ar, embaçando os
vidros; veio da bomba construída nos olhares.
O calor da pele derreteu maçanetas e
transformou o ponteiro do velocímetro em ventilador. Todas
as curvas se rebelaram, misturando-se, entrelaçando-se, recurvando-se numa
única conspiração.
Nas bocas, todas as palavras do mundo
soaram iguais e mastigaram dezenas de beijos. Os sexos portaram eretas suas
armas e se lamberam, feridos de amor e paixão.
Na esquina, dentro do carro havia uma
revolução, parecia a única batalha do desejo, um início de fim.
Foi quando, num instante, a manhã caiu
em cima do carro e matou os dois.
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