A conversa se arrastou por mais de
duas horas. Mágoas, demandas, traições e ressentimentos era um rascunho se
desenhando.
Justificavam o que parecia justo. Um
afirmava o amor. Outro escolhia não amar mais e dizia isso claramente. Os dois
estavam mentindo.
Metáforas tiraram a afiação das
palavras. Deslealdades, covardias e falta de limites foram imputadas a razões
egoístas, como coisa do humano convivendo no amor.
Os melhores momentos não faziam parte
daquele ato.
O que um idealizou do outro não estava
mais no gesto dos olhos, tinha se perdido em momentos diferentes. Faziam falta.
Para um, viver tudo que pudesse. Havia
muita vida em si. Para
o outro, o melhor do que tivesse, havia muita morte em si.
Na mesa, a toalha manchada de molho, a
bebida que não embebedava. Era um momento comum.
Quantidade e qualidade provavam da
mesma perda, a verdade dizia suas mentiras e a mentira, suas verdades.
Em volta, na outra mesa, a decepção
começava a beber com o ódio; o perdão pedia a conta e tentava retirar o amor e
a paixão embriagados do local.
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