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Para dor de cabeça, rezava
Lalinha.
Encontrei Nossa Senhora
Sentada na pedra fria
Benzendo dor de cabeça
Do seu bento Filho
Para Antenor, Lalinha dizia.
- Cura tudo, é só rezar com fé,
pondo a mão no lugar da dor. Se for uma
ferida muda o nome mas mantém o fervor. Assim.
Encontrei Nossa Senhora
Sentada na pedra fria
Benzendo dor de ferida
Do seu bento Filho
- Mantém sempre o “benzendo dor”.
Se for cobreiro.
Encontrei Nossa Senhora
Sentada na pedra fria
Benzendo dor de cobreiro
Do seu bento Filho
Para Lalinha, Antenor perguntava.
- Cura só doença? E dor de amor,
cura?
- Cura não, só cura dor instalada.
Dor de amor dói mas é por dentro, lateja mas o corpo não distingue.
Respondia Lalinha e ponderava.
- Mas... Sabe-se lá, nunca vi
falar... Às vezes, conforme a fé... Que negócio é esse de amor, Antenor, tá atingido?
Antenor quase suspirando.
- E dói, Lalinha, dói tanto,
Lalinha.
A mão de Lalinha no peito de
Antenor. E ele, de olhos fechados, concentrava com fervor na reza.
Encontrei Nossa Senhora
Sentada na pedra fria
Benzendo dor de amor
Do besta do Antenor
E lascou o beijo na boca dele.
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