domingo, 11 de dezembro de 2011

NAZARÉ PEREIRA / LUIZ GONZAGA

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Nazaré Pereira me conta sobre Luiz Gonzaga



Partindo do meu primeiro encontro no Rio de Janeiro em um show que ele estava fazendo com Gonzaguinha no Teatro do Hotel Rio. Quando fui apresentada a ele fiquei muito impressionada,  as pernas tremiam e o coração fazia "bum, bum, bum...". Ele me olhou e falou, com aquela voz que lhe era peculiar, "Eu já te conheço a muito tempo menina, tu já faz parte da minha familha, amanha tu vem almoçar comigo, na minha casa na Ilha do Governador". Não preciso dizer que passei a noite sem dormir, esperando a hora de chegar na casa dele. Quando cheguei, foi uma festa, eu me senti verdadeiramente fazendo parte da familha, Papo vai, papo vem... Ele me disse, "como tu sabe fazer letra de música, tenho uma que fiz pensando em tu" Pegou a sanfona e começou a tocar dizendo: "vai escrevendo um morto e depois tu bota a letra de verdade. Depois do almoço vou tirar uma soneca e quando acordar quero a letra pronta. "Ele era assim, a voz forte já era uma ordem. Escrevi a letra e quando ele ouviu falou: "Gostei, como tu nasceste no Acre e acre é amargo e você gosta do teu Estado, chame "ACRE DOCE" e foi assim que virei parceira do Luiz Gonzaga. Nesse mesmo dia eu perguntei se ele gostaria de fazer um show em Paris e ele falou "me leve que eu vou”. "Depois de grandes transações, ficou combinado que ele viria com D.Helena e seria acompanhado pelos músicos que tocavam comigo na época. O grande SHOW foi realizado no dia 22 de maio de 1982 no Teatre BOBINO em Paris, ano em que ele completaria 70 anos (depois falo da festa no 12 de dezembro). Em Paris ele ficou hospedado em meu apto e ai eu o conheci de verdade. Acordava cedo e queria conhecer tudo. Ensaio, nem falar, acostumado que era a tocar e os músicos irem atrás. Eu coçava a cabeça sem saber como fazer, pois os músicos estavam impressionados e queriam ensaiar para estarem seguros. Ele ria.... Nas entrevistas, ele era de um grande profissionalismo, mas o problema era que ele impressionava todo mundo. Fomos fazer o grande Jornal da TV e ele ia cantar 'O Boiadeiro" e quando ele começou, os técnicos ficaram doidos com a altura da sua voz, no Teatro foi a mesma coisa: Pânico na mesa de som. O show foi lindíssimo e os franceses descobriam a verdadeira musica do nordeste do Brasil. Uma jornalista daqui, chamada Dominique Drefus foi passar um mês no Exu para escrever um livro sobre a vida dele, você deve achar o livro por ai. Em dezembro do mesmo ano, eu fui passar seu aniversário em Exu e foi um período muito importante para mim, pois passei 5 dias com ele e D.Helena em Recife e Exu e conheci o "Mundo Gonzaga". Procissão dos vaqueiros, etc... É muito difícil descrever os momentos que passei com o Mestre mas uma historia interessante: Uma vez fomos a um restaurante chic em Paris, com 5 jornalistas: Seu Luiz queria comer galinha assada com arroz e quanto mais eu explicava que ali não servia arroz, mais ele queria. Fui na cozinha e prometi 3 discos para o chef, contei que ele era a maior vedete da música brasileira e que não seria diplomático não fazer suas vontades. Ele assou a galinha e fez o arroz. Foi um corre-corre, mas uma hora depois, seu Luiz, feliz da vida,estava comendo sua penosa com arroz e farofa, pois pedi ao meu secretário para ir até minha casa buscar farinha. A parti daí eu só andava com farinha e arroz na bolsa para evitar problemas. Assim era seu Luiz, exigente e maravilhoso.

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