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Lula para os de casa
Luí para algunsLua para a maioria, o apelido foi dado por Mario Lago
Gonzagão
Seu Luiz para os artistas mais novos
Conhecido como o rei do baião, Luiz do Nascimento Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na fazenda Caiçara, município de Exu, localizado no sopé da Serra do Araripe. Pernambuco, filho de Januário José dos Santos, sanfoneiro e consertador de instrumentos e Ana Batista de Jesus (Dona Santana).
Passou
toda a sua infância ao lado do pai e do ofício dele, acompanhando-o desde os
oito anos de idade aos bailes, onde o ajudava e aprendia. Trabalhou também na
roça, nas feiras e tomando conta de rebanhos de bode.
Em
1924, aos doze anos, comprou sua primeira sanfona, fole de oito baixos, da
marca Veado e aos quinze já tinha adquirido prestígio, na região, como
sanfoneiro.
Em
1930, por causa de uma paixão frustrada (Nazarena), desentendeu-se com a
família e fugiu a pé até o Crato, no Ceará, alistando-se no Exército onde ficou
conhecido inicialmente como o Corneteiro 122.
Para se alistar, aos 17 anos, mentiu, dizendo
ter 21. Lutou na Revolução de 1930 e deixou a farda em 1939. No exercito virou
o Bico de Aço, corneteiro. Tentou tocar sanfona na banda do exercito, mas foi
eliminado.
Quando
recebeu baixa do serviço militar foi para o Rio de Janeiro, na época, a capital
da república, e passou a cantar e se apresentar no Mangue, zona de
prostituição da cidade, onde havia muitos cabarés e gafieiras. No bar do
Espanhol um grupo de estudantes nordestinos, entre eles Armando Falcão
(ex-ministro da Justiça), pediam sempre para que cantasse coisas do nordeste e,
como Gonzaga sempre comia a xepa na
republica deles, fizeram a chantagem ou cantava ou não tinha mais o rango e os
trocados que sempre juntavam entre si e davam a ele. Um mês depois Luiz Gonzaga
estava tocando nos cabarés do Mangue a musica de sua origem. Sempre agradecido
a Armando Falcão compôs Massapé Grande em sua homenagem.
Apresentou-se
no programa de auditório de Ary Barroso, bastante popular na época, cantando
música nordestina e conquistou a nota máxima, sendo depois contratado pela
Rádio Nacional. Em 1941, gravou seu primeiro disco pela RCA.
Casou-se,
em 1948, com a professora pernambucana Helena Cavalcanti que havia conhecido
nos bastidores da Rádio Nacional. Relacionamento tumultuado até o fim da vida,
sua sogra junto com a filha faziam de sua vida um inferno. Envolveu-se com
outras mulheres como Odaléia que era do coro de Ataulfo Alves, mas foi com Edelzuita
que passou os últimos anos. Para ele foi seu grande amor e quem o ajudou muito.
Trabalhou
como contratado na Radio Club do Brasil, Tamoio, Radio Nacional e na RCA
Victor. Sua música “Vozes da seca” feita com Zédantas valia por cem discursos e
influenciou na criação da SUDENE. A música Paraíba com Humberto Teixeira que
foi chamada por um tempo de Paraíba no masculino foi feita pra Emilinha a seu
pedido por seu pai ser nascido lá. Quando ele mostrou, ela achou feia a
expressão mulher-macho e seu Luiz riu e disse então deixa que eu gravo, mas ela
disse, não pode deixar que vou gravar e foi o maior sucesso.
Gonzaga dominava também o violão e foi quem
descobriu o triângulo, muito comum nas feiras para chamamento, e começou a
utilizá-lo como é usado até hoje. Também foi quem harmonizou a batida da
zabumba com a sanfona como conhecemos.
No inicio de sua carreira não cantava, era só
musico e compositor, a primeira musica que gravou foi Dança Mariquinha, mas o
primeiro sucesso foi Mula Preta.
Até o fim da vida lutou pelo seu chão – além
de apaziguar a região de Exu palco de uma briga familiar de mais de 40 anos foi
com sua influencia direta que a região teve o Colégio Agrícola, luz elétrica,
televisão, posto telefônico, rodovias de acesso etc... Nunca deixou de
arrecadar recursos e mantimentos para os desvalidos da região. Muito antes de
isso ser corriqueiro, ele já pedia em suas apresentações que lhe doassem
alimentos pra sua gente. Ajudava com dinheiro também. Inúmeras vezes o cachê
era todo entregue em doação.
Quando morreu, aos 77 anos já não conseguia
mais segurar a sanfona por causa do câncer na próstata, que, junto com a osteoporose,
o levou. Ele estava cego de um olho por causa de um acidente de carro na década
de 50. Morreu de insuficiência respiratória, morreu dormindo e decerto aboiando
sua dor. No hospital o sofrimento era muito, então ele aboiava e perguntava aos
outros doentes se estava incomodando e pedia desculpas e aboiava... aboiava...
MQ
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