O calor estava ausente daquelas
mãos como se a morte fosse tomar por elas o pedaço primeiro.
Nem o sol da manhã no pátio
pequeno conseguia pejar de calor aquelas mãos frias, trêmulas, em arremedo de
gestos.
Sentiam saudades de outras mãos,
de algum calor, da muita lida, de afagar, de segurar.
Aquele lugar era tão triste.
Triste de esperar, de não estar.
O mesmo diário silêncio.
O mesmo terço de cor, sem cor.
E a fé esquecida no acostumado.
Conformada como se fé fosse sina.
E as mãos não mais lidavam com as
misérias do corpo, esquecidas de como segurar, ali mesmo, juntas, tristes,
trêmulas, deslembrando.
A luz estava quase ausente
daqueles olhos esbranquiçados pela penumbra que seduzia silenciosa.
Olhos que, ainda, guardavam
imagens puídas pelo cansaço, sendo esquecidas pela retina, pelo entendimento.
Aquele lugar era tão triste.
Triste de esperar, de não estar,
de se olhar.
O cheiro vagava pelos espaços sem
significar.
O cheiro da urina, das fezes, do
corpo esmaecido, incorporado ao abafado do cômodo.
O mesmo cheiro na comida servida,
na roupa fervida. Um cheiro só de desolação, um cheiro mofo.
Um cheiro de silêncio.
De conformação.
Ouvir o quase nada... o heim!
O confuso do dia, esbravejando na
quase ausência, no sino triste, no barulho calado.
Aquele lugar era tão triste.
Triste de esperar, de não estar.
De querer ouvir.
De esquecer sonhar.
A consciência cochilava, por
qualquer pedaço de tempo, para esquecer aquele lugar.
Aquele lugar tão triste.
Aquela fé tão triste.
De não estar esquecida.
Aquela espera tão triste.
No asilo com o nome daquele São
Vicente
Tão triste.
O lugar de esperar, anjos e demônios.
O lugar de não estar.
Último de esperar.
Triste, tão triste...
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