Não queria saber de
mais nada e não percebia que a ponta dos dedos começava a se achatar, as unhas
entravam na carne.
Os olhos iam perdendo
o eixo do movimento normal, a pele murchando. Na boca, os lábios se repuxavam
para dentro; no nariz, a deformidade adquiria um tom avermelhado e o conjunto
produzia mal-estar em quem visse.
Sentia o cheiro, a
textura da pele, a maciez dos grandes lábios; o pensamento a tinha inteira nas
sensações, amava e a queria. Amava e a tinha, amava e a perdia.
Sentia dor, muita
dor; a ereção rasgava suas entranhas. Assim eram seus dias e noites; não
conseguia esquecê-la, vivia das lembranças e nem tentava confinar sua loucura.
Parecia um jogo, uma
execução que ele, o carrasco, determinava o delírio.
Esquizofrenia, lapsos
de memória e muitas esquisitices viviam nele. Na verdade o que queria, no seu desvario,
era se matar sem matá-la dentro de si.
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