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Não sabia viver de outro modo, queria
o mundo todo, tudo de uma vez. Ávido. Não parava de querer e não percebia o
vazio que ia se formando, crescendo em seu contorno, como uma aura acompanhando
sua vida.
A mulher era especial, aquela lua
também. Ambas fascinavam no imediatismo do momento, mas nenhuma durava em seu
sentimento. A lembrança do enlevo ia encher o vazio que o triturava,
alimentando-se de nada e crescendo.
Passado, isso é bobagem. Futuro, nem
existe ainda, dizia e continuava ávido em viver. Cada dia de um
jeito, cada dia com uma pessoa que ele encantava com sua beleza. Cada dia com
seu vazio ao lado virando substância.
Um dia realmente percebeu-se
diferente, quis lembrar da aurora e do sentimento pela mulher que amou num
amanhecer e não conseguiu.
Sentiu a voracidade do vazio que o
envolvia dominando sua memória, ditando procedimentos, pedindo mais para
crescer e entendeu sua quase-vida.
Estava insepulto, carregando um vazio.
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