.
Adorava o perigo, os desafios e o
desconhecido que exercia enorme fascínio em sua vida incomum. Um tipo de prazer
que não sabia explicar.
Tinha experimentado de tudo que esteve
ao seu alcance e foi possível. No cotidiano, nos esportes, nos relacionamentos,
bebidas, drogas, transgressões, perversões. Freqüentado todo tipo de religião,
culto e estudo. Dominava a economia, a informática, tocava vários instrumentos,
lia música na partitura e aceitava todos os desafios, por mais tolos que
fossem.
Quando começou a se interessar por
filosofia, isolou-se e passou a não sair mais de casa. Ficava o tempo todo
lendo.
A morte o fascinava e acabou por levá-lo
a freqüentar o necrotério, assistir às necropsias, a preparação dos corpos para
os velórios e a ler tudo que podia sobre suas causas, o tempo, os relatos de
quem ficara em coma profundo ou que tivera qualquer contato com coisas
estranhas sobre a vida e a morte.
Na véspera do ano-novo, encontraram-no
vestido a caráter, sentado e sem vida, com um cravo branco na mão descansada no
encosto do banco de jardim que ficava nos fundos do clube, como se estivesse
namorando. O corpo enrijecido e no rosto um sorriso insinuante.
Seus amigos tinham-no visto dançar no
baile com uma mulher belíssima e tinham certeza: era ela, ele havia enfim
conquistado a morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário