Autor muito aclamado,
suas peças sempre faziam sucesso.
Prêmios e
reconhecimento por onde passava. Livros publicados, palestras em universidades,
seminários, uma unanimidade.
Sempre que lhe
perguntavam de qual personagem gostava mais, respondia: ora um ora outro.
Mas na verdade a
preferida nunca dissera a ninguém, guardava para si a grande paixão que sentia
pela atriz de televisão fracassada, criada para um dos textos de que mais
gostava. Um monólogo existencialista engraçado e denso ao mesmo tempo. Seu trabalho
menos aplaudido e, em sua opinião, a melhor encenação de todos eles.
A atriz que viveu a
fracassada abandonara o teatro, seduzida por uma religião. Nunca mais a vira.
Numa viagem com a
trupe, começou a ter sonhos recorrentes com a personagem preferida. Sua melhor
criação passava, correndo de uma multidão, na frente do hotel.
A cada sonho
distinguia outros atores representando, eram seus perseguidores. O único rosto
que identificava era o da atriz que a interpretara.
Resolveu; naquela
noite, ficaria sem dormir para quebrar a sequencia daqueles sonhos.
Alta madrugada; estava
lendo quando ouviu a gritaria e as batidas na porta; era ela pedindo socorro.
Era ela querendo
fugir da ficção.
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