terça-feira, 7 de março de 2017

Guerra sem fim

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Eram medíocres e inseparáveis no convívio e nos conflitos; o amor era, o ódio também. Um e outro conviviam com muitas diferenças e se precisavam. 

Vaidosos, cuidavam muito das aparências. Disfarçavam-se maquiando o rosto da harmonia e tinham cuidado ao afagar o perdão; de todos o mais casmurro e falso, anotava tudo para pequenas chantagens futuras.


 O egoísmo ora se juntava ao amor, ora com o ódio. A coragem, totalmente malvista, nunca se despia para nenhum dele
s.

 A compreensão, coitada, bem que se esforçava para explicar as razões de cada um, raramente conseguia. A mentira frequentava a cama dos dois, lânguida e discretamente metida.


 O desejo era um aliado, ao mesmo tempo libertário, imediatista e despudorado. O único que conseguia equilibrar, mesmo que por pouco tempo, o que do outro havia em cada um.


 Promíscuos com suas alianças temporárias, seus instantes de trégua e dissimulações, viviam na guerra sem fim que mora dentro dos seres.


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