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Disso me encarrego, dos teus sapatos,
da lógica dos teus vestidos, dos pequenos acertos – de lembrar, de esquecer, de
guardar.
Não misturo minhas mãos a tapas e
agressões, meu egoísmo é solidário e solitário – o tempo não pode voltar.
Vai que haverá ainda muitas noites de
luar, pisa neles, posa neles – deslumbra.
Meu caminho nunca se acabará, não
tenho destino, o que me ungiu foi dor de mundo – nada acalmará.
Disso me encarrego, do teu sentimento,
da mágica de algum momento, de não te esquecer – minha estatura.
Não misturo o que não pondero, um
poeta pode dizer minhas palavras e ser em vão – desacato e sei desatar o azar.
Vai que é vida, o mundo escolhe e se
deixa escolher, a sede de algum ponto de vista, está na água – nasça na sua
viagem.
Meu rosário é desigual, contém todos
os erros que são o meu jeito também, contém o direito pertinente de tê-los –
meus algozes.
Disso me encarrego, da mentira das
mãos, do que não era preciso, e da urgência de algum olhar; me encarrego do
silêncio – maior palavra.
Não misturo o que me deste com o que
fizeste calar, subestimaste minha hora e a obra-prima que foram os instantes -
amarga boca.
Vai, a cena é tua, freqüenta o perigo
de ser feliz, a necessidade do teu corpo poderia ser o meu e a dele o teu, era
tempo ainda, mas deixa a tristeza do nosso amor no silêncio – bebo a falta.
Esse é meu tanto de mágoa transposto
para o amor que carrego – tanto e tão pouco.
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