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É como se sentássemos junto ao poeta no bar, ao lado de demônios arrepiados, deuses esquecidos, musas arrependidas e anjos descabelados; gente vinda de todas as lonjuras, só pra conversar solidões, beber aço de palavras, afiar pontas de versos e depois vomitar tarântulas pelas ruas, sonhar mais, esquina a esquina, entre a lida e muita saudade, sempre mais e mais.
"O bar é a urgência
Da sorte e da morte
Onde cicatrizes festejam feridas
Inaugurando sonhos e apelos
Que somente os bêbados sabem inventar"
Em, “A Encarnação do Bar – um cão vermelho engolido em luz amarela”, está o poeta completo equilibrando suas vertigens e vísceras, permeado da luxúria de ser - total, amazônico, brasileiro. Vem na vida ajuntando pedaços, limpando o mofo de portões com a sensibilidade, desde “Beruri – Igarapé de Versos“ - Edição do Autor, publicado em 1989.
"Caber-se
É encher-se do todo
Sem poupar do pouco
O muito do oco"
A poesia de Camilo Delduque aponta em riste, sem subterfúgios e metáforas de estilo. Vai direto na alma, soca ou afaga sem pudor, como cachaça, depois que queima, aquece, ou vice-versa.
"O verso que me carrega
Rega o universo
Ele é certo e adverso
E eu não creio
Quase
Em outra versão"
Vestindo a nudez do seu olhar agudo e urgente, dolorido e amoroso; procura seu canto definitivo no comum da vida, dia a dia, explorando todos os ângulos dos desencontros, no inconformado e bendito bem da poesia.
"Abro meus braços para a rua
E lá sou eu aprendendo meu destino"
Vez ou outra canta a passionalidade; vez e outra a pura essencialidade, vez e sempre a vida cheia da saudade - próprio, embriagador e lúcido demais.
"E amam-se os bêbados que têm dedos para contar quantas vezes de amor precisam"
É assim que anda seu calvário entalhando pelo caminho inquietações e contundências. Sabe de cor o tempo que só dentro de si restou e é nele que se crucifica.
"Atalho a dose
Entalo o bar
Selo a sorte
Sofro
Ao talho – a carne
o crucifixo
Ao selo – um cristo
Ao sofrimento – eu
essa saudade"
Depois renasce em convívio nos caminhos, colhendo harmonia e caos para se transmudar em palavras aceradas de gestos de prazer.
"Menti porque precisei da hora
Para apagar o minuto"
Os versos de “A Encarnação do Bar – um cão vermelho engolido em luz amarela” foram fermentados no alambique da alma e no olhar argucioso e assim, embriagados de paixão, possuem a serventia do que é belo. Camilo Delduque é atemporal como os grandes poetas e como a angústia, assim que é.
Marcos Quinan
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Encontre na http://www.ladodedentro.com.br/
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este livro é bão...ganhei de um amigo ;) beijos
ResponderExcluirPaulo,
ResponderExcluirQue te tem como uma amiga muito especial.
Bjos