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para joãozinho gomes
estavam lá
enrouquecidos e silenciosos
na volúpia empoeirada
das palavras guardadas
ainda ardendo em paixão
foi numa manhã de domingo
quando percebi
escorrendo pelo canto da gaveta
(e seus versos escorrem sempre por dentro da gente, pelas dobras dos papéis e pelas gavetas)
eram palavras esmaecidas
enlouquecidas mas vivas
querendo sair, voar
fruta madura, rachada
que sangrava quando as tomei nas mãos
e, com a agulha da saudade,
suturei com poucas linhas de palavras
e meus versos de aprendiz
a costura ficou boa
e cuidei de embalar
com simplicidade
na intuição de notas meninas
para quem nos amasse revisar
a cicatriz ficou tão pouca
depois da revisão,
que um cantador já afamado
a canta com uma só mão
e com todo coração
assim fiquei satisfeito
com a toada inacabada ardendo
pronta para as estradas
e de novo fui dormir contente
com minhas mãos que esquartejam
e costuram coloridas de cura
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MQ
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quarta-feira, 1 de julho de 2009
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