domingo, 31 de julho de 2011

specchio dei tuoi occhi - MQ

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sono unico
riflesso in te
mi scoprii
fu la luce dei tuoi occhi
che illuminò la mia poesia
e la fece sbocciare in me
come forma di accettare
questa latente nostalgia
di tutto quello che ho amato
di tutto quello che ho perso





http://ithacaservizieditoriali.blogspot.com/2011/07/marcos-quinan-quattro-poesie.html
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LUA URBANA - MQ

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sábado, 30 de julho de 2011

JAC. RIZZO - Vestígios

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O meu texto é curto
cortina de palavras
de transparência suave

Nuanças e matizes
que se estendem
profundas ao infinito

Parede caiada com pregas
dobra de muro
reentrâncias
tudo que a hera esconde

O meu texto é só pretexto
pro coração respirar

  
 
Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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sexta-feira, 29 de julho de 2011

RUY GODINHO - ENTÃO, FOI ASSIM?

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VERGONHA

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WANDA MONTEIRO - POEMA SEM PALAVRAS

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Ofereço-te
Um Poema
Sem Palavras
Lavradas

Ofereço-te
Um Poema Semente
Versos
Arados
Rimas brancas
Rubras
Ritmo de sístoles
E diástoles
Pulsos líricos
Cifrados em minhas veias

Ofereço-te
Um Poema Silêncio
Verbos
Silenciosos
Que respiram
Que Transpiram
Sentidos
Todos

Ofereço-Me
POEMA

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RUY GODINHO - RODA DE CHORO

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RODA DE CHORO – SÁBADO – DIA 30.07.11


Especial Trio Baru


O Roda de Choro deste sábado é especial. Isso porque, durante todo o programa faremos o lançamento, em primeira mão, do CD Alma Brasileira, primeiro disco de carreira do Trio Baru, criado em Brasília em 2000 e formado pelo multi-instrumentista de cordas Nelson Latif, pelo violonista Bosco Oliveira e pelo percussionista Rafael dos Santos.


No repertório, uma seleção de clássicos de Waldir Azevedo, Leandro Braga, Zeca Freitas, Baden Powell, Paulinho da Viola, Heitor Villa-Lobos, Ernesto Nazareth e Jacob do Bandolim, interpretados magistralmente pelo Trio Baru, que já conta com mais de uma década de estrada.

Ouça pela internet:
Rádio Câmara, Brasília: www.radio.camara.gov.br (rádio ao vivo), sábados, 12h.
Rádio UEL FM, Londrina-PR, 5ªs-feiras, 22h, reprise: sábados, 13h.
Rádio Utopia FM, Planaltina-DF, 4ª feiras, 18h.
Rádio Educadora FAFIT FM, de Itararé-SP, 88,7 MHz, domingos, 8h.
Rádio Mandacaru FM, de Cedro-CE 104,9 MHz, domingos 12h.
Rádio Universidade AM, de Santa Maria-RS , 6ªs feiras, às 23h.
Rádio Universitária FM, 100,7 MHz, Viçosa-MG, domingos 10h.
Rádio Unifei AM, 1570 khZ, de Itajubá-MG, terças e sextas, 8h.
Rádio Beta FM, 99,3 Mhz, de Campo Limpo-SP, sextas, 18h.
Rádioweb Tom Social www.tomsocial.com.br, de Santana-SP segunda 20h
RádioCom FM, 104,5 Mhz, de Pelotas-RS, quintas 14:30h
Rádio Nova Geração FM 98,7, de Cristiano Otoni-MG, sextas 9:30h
Rádio Cidade FM, 104,9 Mhz de Diamantina-MG, domingos 12h
Rádio Rede FM, 95,5 Mhz, de Minduri-MG, domingos 13h
Rádio São Francisco FM, 93 Mhz, de Montes Claros-MG, sextas 23h

Produção e Apresentação: Ruy Godinho
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

VINICIUS DE MORAES - POEMA DOS OLHOS DA AMADA

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Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas era
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

ROLANDO BOLDRIN - SR BRASIL

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BADO E SÉRGIO SOUTO - PORTO VELHO

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BIRATAN

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terça-feira, 26 de julho de 2011

JAC. RIZZO - Mareamar

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Atrás do teu olhar verde de candura
o mar se espraia
se espreguiça

Depois vem a ressaca
a maré vazante
e tudo vira antes


 
 
Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amorsonhado

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Amorsonhado...
Amorimenso...
Amorintenso...
Morrendo
Todos os dias

Desmorre um dia
Amorintenso
Amorimenso
Amorsonhado

Meu fim




MQ

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domingo, 24 de julho de 2011

SERTÃO DO SÃO MARCOS - Abrigo


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O calor estava ausente daquelas mãos como se a morte fosse tomar por elas o pedaço primeiro.
Nem o sol da manhã no pátio pequeno conseguia pejar de calor aquelas mãos frias, trêmulas, em arremedo de gestos.
Sentiam saudades de outras mãos, de algum calor, da muita lida, de afagar, de segurar.
Aquele lugar era tão triste.
Triste de esperar, de não estar.
O mesmo diário silêncio.
O mesmo terço de cor, sem cor.
E a fé esquecida no acostumado.
Conformada como se fé fosse sina.
E as mãos não mais lidavam com as misérias do corpo, esquecidas de como segurar, ali mesmo, juntas, tristes, trêmulas, deslembrando.
A luz estava quase ausente daqueles olhos esbranquiçados pela penumbra que seduzia silenciosa.
Olhos que, ainda, guardavam imagens puídas pelo cansaço, sendo esquecidas pela retina, pelo entendimento.
Aquele lugar era tão triste.
Triste de esperar, de não estar, de se olhar.
O cheiro vagava pelos espaços sem significar.
O cheiro da urina, das fezes, do corpo esmaecido, incorporado ao abafado do cômodo.
O mesmo cheiro na comida servida, na roupa fervida. Um cheiro só de desolação, um cheiro mofo.
Um cheiro de silêncio.
De conformação.
Ouvir o quase nada... o heim!
O confuso do dia, esbravejando na quase ausência, no sino triste, no barulho calado.
Aquele lugar era tão triste.
Triste de esperar, de não estar.
De querer ouvir.
De esquecer sonhar.
A consciência cochilava, por qualquer pedaço de tempo, para esquecer aquele lugar.
Aquele lugar tão triste.
Aquela fé tão triste.
De não estar esquecida.
Aquela espera tão triste.
No asilo com o nome daquele São Vicente
Tão triste.
O lugar de esperar, anjos e demônios.
O lugar de não estar.
Último de esperar.
Triste, tão triste...







MQ


Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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sábado, 23 de julho de 2011

tanto di più


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vorrei darti l'aurora
spogliandosi al mattino
e brinare i camini
dei tuoi gesti lungo il giorno,

vorrei darti momenti
mai avuti
e tutti i sogni
non ancora sognati,

vorrei darti di più,
tanto di più,
nelle parole usate
in sbiadite metafore,

vorrei darti molto di più
del mio amore
che non invecchia,
seppur aspettando
solo dentro di me


MQ
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Produzione, Ithaca ©


* Poesie tratte dal libro
Oração de floresta e rio e outros poemas(2003, Projecto Editorial)
Preghiera per la foresta e il fiume e altri poemi
http://www.ithacaservizieditoriali.blogspot.com/


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BIRATAN

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sexta-feira, 22 de julho de 2011

RUY GODINHO - ENTÃO, FOI ASSIM?

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Carlos Drummond de Andrade - Confissão

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É certo que me repito,
é certo que me refuto
e que, decidido, hesito
no entra-e-sai de um minuto.

É certo que irresoluto
entre o velho e o novo rito
atiro à cesta o absoluto
como inútil papelito.

É tão certo que me aperto
numa tenaz de mosquito
como é trinta vezes certo
que me oculto no meu grito.

Certo, certo, certo, certo
que mais sinto que reflicto
as fábulas do deserto
do raciocínio infinito.

É tudo certo e prescrito
em nebuloso estatuto.
O homem, chamar-lhe mito
não passa de anacoluto.


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RUY GODINHO - RODA DE CHORO

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RODA DE CHORO – SÁBADO – DIA 23.07.11



Especial Reminiscências dos Chorões Antigos

Em 1936, o violonista e cavaquinista amador Alexandre Gonçalves Pinto, escreveu e lançou o livro “O Choro – Reminiscências dos Chorões Antigos”. O Animal - como o autor era conhecido - sistematizou os nomes e os respectivos instrumentos de centenas de chorões, desde 1870 até o ano do lançamento.

Na opinião do pesquisador e historiador Ary Vasconcelos é o pior e, ao mesmo tempo, o melhor livro sobre Choro. “O pior porque poucos livros já lançados em todo o mundo foram tão mal escritos e tão massacrados, para não falar da revisão, que certamente sequer existiu. Mas também, o melhor, apesar de todos os desmantelos gramaticais... Um livro insubstituível. Não fosse ele e nada saberíamos hoje da existência de dezenas e dezenas de chorões que ressurgem para todos nós, precisamente graças à pena canhestra de Gonçalves Pinto.”

O livro “O Choro – Reminiscências dos Chorões Antigos” será destaque durante todo o programa, ilustrado com músicas de Galdino Barreto, Viriato Figueira da Silva, Quincas Laranjeiras, Chiquinha Gonzaga, Joaquim Callado, Leandro Santanna, Capitão Miguel Rangel, Cícero Teles de Menezes e outros compositores dos primórdios citados no raro livro.


Ouça pela internet:
Rádio Câmara, Brasília: www.radio.camara.gov.br (rádio ao vivo), sábados, 12h.
Rádio UEL FM, Londrina-PR, 5ªs-feiras, 22h, reprise: sábados, 13h.
Rádio Utopia FM, Planaltina-DF, 4ª feiras, 18h.
Rádio Educadora FAFIT FM, de Itararé-SP, 88,7 MHz, domingos, 8h.
Rádio Mandacaru FM, de Cedro-CE 104,9 MHz, domingos 12h.
Rádio Universidade AM, de Santa Maria-RS , 6ªs feiras, às 23h.
Rádio Universitária FM, 100,7 MHz, Viçosa-MG, domingos 10h.
Rádio Unifei AM, 1570 khZ, de Itajubá-MG, terças e sextas, 8h.
Rádioweb Tom Social FM, - Santana/SP, segunda-feira, 20h.
RádioCom FM, Pelotas/RS, quinta-feira, 14h30.
Rádio Nova Geração FM 09,7, Cristiano Otoni, sexta-feira 9h30.
Rádio Cidade Diamantina FM 104,9, Diamantina/MG, domingo 12h.
Rádio São Francisco FM 93, Montes Claros/MG,domingo, 23h.
Rádio Rede FM, 95,5, de Minduri/MG, domingo 13h.


Produção e Apresentação: Ruy Godinho

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

JAC. RIZZO - Prisão

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Há palavras em mim
que não deixo sair

São loucas
desesperadas

Preciso guardá-las
amordaçá-las

Há palavras em mim
impuras
obscenas

Me calo
só deixo um grito
ferir o espaço

 
Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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quarta-feira, 20 de julho de 2011

SOCORRO LIRA - BRASÍLIA

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Lúcida mulher

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Súbita mulher
Que redesenha
Minha angústia
Em contentamento

Fúlgida mulher
Que colhe
Das labaredas
A umidade do amor

Túmida mulher
Que dança
Improváveis notas
Fingindo aprendiz

Lúcida mulher
Que só é louca
Quando me quer


MQ

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terça-feira, 19 de julho de 2011

SERTÃO DO SÃO MARCOS - Nome de macho

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João mais Durvalina chegaram na boca da noite. Mal apearam já souberam do convite para batismo. A alegria foi comemorada na mesa, ao redor da panela de arroz com galinha.

Depois do café:

- Lila descansa no mês. Dona Custódia já chegou prá apará.

- Agora é home, né cumpadre?

- O que Deus mandá. Peço que leve os nome e, quando nascê, mando recado se é home ou muié, e o cumpadre rigistra cum o Climério, no cartório. Quando nóis for batizá, i’eu pego o papel.


E escreveu num papel:

Noemi
Isidoro
Gonçalves


- Se for muié, Noemi Gonçalves e se for home, Isidoro Gonçalves. Entendeu?

- Pois sim, cumpadre.


O mês passou depressa e, no dia 24, nasceu o menino. Dia de muita alegria para Tiburço, era homem.


No mesmo dia que o umbigo caiu, passou Baldino com sua mulada.

- Avisa o cumpadre João que nasceu e é minino. A Lila passa bem e, no cumeço de maio, vamo p’ro batismo.


Foi o positivo.

Baldino deu o aviso, mal chegou à rua. João imediatamente bateu na casa de seu Climério, para o registro. Entregou o papel amassado com os nomes, contou que era homem, o filho do Tiburço, e ficou de buscar a certidão para a semana.


Assim fez.

Mês de maio, Lila feliz da vida com o batistério na mão. Durvalina levava o afilhado no colo debaixo da sombrinha. Mataram um capado e festejaram até tarde.


- Cumpadre, aqui tá o rigistro.


Tiburço desdobrou o papel e, quando leu, levou o maior susto.

- Mas o qui é isso? Tá errado. Pois nome de muié.

Foram ver, o nome na certidão de batismo estava Noemi Isidoro Gonçalves, sexo feminino.

Imediatamente procuraram Climério, que os levou ao cartório, já quase de madrugada. Abriu o livro e, na luz da lamparina, era assim mesmo que estava registrado.


Climério, falando sem graça.

- Mais eu dei p’ra dona Dita fazê o registro e avisei que era o nome de baixo.

No outro dia, dona Dita toda encabulada.


- Seu Climério, pedi p’ra Salete fazer.


- Seu Climério, dona Dita mandou fazer mas não explicou nada do nome. Eu pensei que fosse mulher, justificou Salete.

Como já havia apontamentos de muitos nascimentos depois daquele, não era possível fazer uma ressalva. Só com ordem de um juiz.


Ficou assim combinado, quando viesse um juiz, Climério faria os requerimentos para mudar o nome.

Sete anos depois, apareceu o juiz, mas Climério não lembrou do caso, nem avisou Tiburço. E assim ficou no esquecer de todos.


Era no tempo da primeira eleição com o voto de mulher. O juiz fazia a chamada pelo nome, o eleitor respondia a presença, dirigia-se à mesa, declarava o voto e assinava o livro.


- Noemi Isidoro Gonçalves.

- Presente. Respondi. E ele repetiu.


Eu repeti.

Ele mandou me prender.


MQ
 
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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I FESTIVAL DA CANÇÃO ANANIN - PARÁ

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NAZARÉ PEREIRA - BELÉM

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segunda-feira, 18 de julho de 2011

MOMBAÇA - RIO DE JANEIRO


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BIRATAN

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domingo, 17 de julho de 2011

AUTO DAS MÃOS - MQ

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sábado, 16 de julho de 2011

Cecília Meireles - O Tempo Seca o Amor

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O tempo seca a beleza,
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.

O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.

O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.

Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.


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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Primeira vez

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Melhor que a verdade
Do passado de cada instante
Pedido, consentido e concedido
São as horas passando
Em meu destino
E a beleza do rio-mar
Esperando
Eu sonhar teu amor

O mais lindo lugar
De sentir o luar

Na primeira vez
Pertenceu aos teus olhos
Mas, a derradeira
É do meu olhar

 
MQ
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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Vital Lima e Nilson Chaves festejam 30 anos juntos - MACAPÁ

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Nilson Chaves e Vital Lima: da amizade na adolescência à afinidade
Quando a natureza e o urbano se encontram, tendo como fonte de inspiração e respiração a Amazônia, surge uma forte sinergia musical. Assim é o encontro de Vital Lima e Nilson Chaves, que comemoram 30 anos de parceria com o lançamento do DVD “Sina de Ciganos”, hoje (14) e amanhã (15), às 21h, no Teatro das Bacabeiras, em Macapá.

O nome do show veio de uma vinheta composta por Vital e gravada por Nilson em seu primeiro vinil. De lá pra cá, os dois têm muita história para contar. Foram sete álbuns em parceria, de onde foram selecionadas as 20 canções que compõem o repertório, a maioria delas com uma nova leitura.

Nilson Chaves explica que selecionar as músicas para o projeto foi simples: bastou fazer um apanhado de tudo que os dois gravaram e cantaram juntos. “A ideia foi registrar tudo que fizemos juntos, não só músicas nossas, mas também de outros compositores que gravamos”.

Os dois se conheceram ainda na adolescência, no bairro do Marco, em Belém. Nilson tinha 15 anos, e Vital, 13. Da amizade nasceu a parceria musical, uma parceria “muito forte e extremamente prazerosa”, como Nilson faz questão de ressaltar. “Há uma grande sintonia musical e de palco. Muita coisa positiva contribui para que dê tudo certo”, afirma.

O show em Macapá integra a turnê de divulgação do DVD, que segue depois para Manaus. No ano passado a dupla se apresentou no Rio de Janeiro, tendo como convidada especial a cantora Leila Pinheiro. “Não dá pra fazer uma turnê longa porque o Vital mora no Rio de Janeiro e eu também tenho meus projetos e trabalhos paralelos, como o ‘Trilogia’ e minha carreira solo, além de outras atividades”, diz Nilson Chaves, que é presidente da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves. O show tem direção musical de Adelbert Carneiro e sairá em breve no formato de CD.

ASSISTA
Show de lançamento do DVD “Sina de Ciganos – 30 anos de parceria de Nilson Chaves e Vital Lima”. Hoje (14) e amanhã (15), às 21h, no Teatro das Bacabeiras, em Macapá. Ingressos na bilheteria do teatro, Sorveteria Jesus de Nazaré e E-flay turismo. (Via Diário do Pará)

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SERTÃO DO SÃO MARCOS - Lalinha

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Para dor de cabeça, rezava Lalinha.

Encontrei Nossa Senhora
Sentada na pedra fria
Benzendo dor de cabeça
Do seu bento Filho

Para Antenor, Lalinha dizia.

- Cura tudo, é só rezar com fé, pondo a mão no lugar da dor. Se for uma ferida muda o nome mas mantém o fervor. Assim.

Encontrei Nossa Senhora
Sentada na pedra fria
Benzendo dor de ferida
Do seu bento Filho

- Mantém sempre o “benzendo dor”. Se for cobreiro.

Encontrei Nossa Senhora
Sentada na pedra fria
Benzendo dor de cobreiro
Do seu bento Filho

Para Lalinha, Antenor perguntava.

- Cura só doença? E dor de amor, cura?

- Cura não, só cura dor instalada. Dor de amor dói mas é por dentro, lateja mas o corpo não distingue.

Respondia Lalinha e ponderava.

- Mas... Sabe-se lá, nunca vi falar... Às vezes, conforme a fé... Que negócio é esse de amor, Antenor, tá atingido?


Antenor quase suspirando.


- E dói, Lalinha, dói tanto, Lalinha.

A mão de Lalinha no peito de Antenor. E ele, de olhos fechados, concentrava com fervor na reza.

Encontrei Nossa Senhora
Sentada na pedra fria
Benzendo dor de amor
Do besta do Antenor


E lascou o beijo na boca dele.


MQ




Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
 
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quarta-feira, 13 de julho de 2011

BIRATAN

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RUY GODINHO - RODA DE CHORO

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No programa do próximo sábado vai ser desvelada a história de uma formação musical de grande importância para a evolução da música brasileira: Radamés Gnattali Sexteto.


Criado nos idos de 1960, o Sexteto marcou profundamente nossa música, por intermédio do talento e da inventividade de Radamés e Aída Gnattali (pianos), Pedro Vidal Ramos (contrabaixo acústico), Zé Menezes (guitarra e cavaquinho), Chiquinho do Acordeom (acordeom) e Luciano Perrone bateria).


O multi-instrumentista cearense Zé Menezes - único integrante vivo da formação original do sexteto - contará como foi que começou a história desse importante grupamento musical, como eram feitos os arranjos, como era a relação de Radamés com os músicos, etc.


Radamés revolucionou a orquestração e a formação da orquestra tornando-a mais brasileira, substituindo a base de jazz americano (com piano, baixo, bateria e guitarra) pela utilização de dois violões, cavaquinho, contrabaixo, bateria e percussão (pandeiro, caixeta, prato com faca e ganzá).


Ouça pela internet:
Rádio Câmara, Brasília: www.radio.camara.gov.br (rádio ao vivo), sábados, 12h.
Rádio UEL FM, Londrina-PR, 5ªs-feiras, 22h, reprise: sábados, 13h.
Rádio Utopia FM, Planaltina-DF, 4ª feiras, 18h.
Rádio Educadora FAFIT FM, de Itararé-SP, 88,7 MHz, domingos, 8h.
Rádio Mandacaru FM, de Cedro-CE 104,9 MHz, domingos 12h.
Rádio Universidade AM, de Santa Maria-RS , 6ªs feiras, às 23h.
Rádio Universitária FM, 100,7 MHz, Viçosa-MG, domingos 10h.
Rádio Unifei AM, 1570 khZ, de Itajubá-MG, terças e sextas, 8h.


Produção e Apresentação: Ruy Godinho

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terça-feira, 12 de julho de 2011

Carlos Drummond de Andrade

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Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.
Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.
Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.

 
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Jorge de Lima - Essa negra fulô

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Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!
Essa negra Fulô!
Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!
Essa negra Fulô!
"Era um dia uma princesa
que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Entrou na perna dum pato
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco".
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Vai botar para dormir
esses meninos, Fulô!
"minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou".
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?
Essa negra Fulô!

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domingo, 10 de julho de 2011

Invenções

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O que não te posso dar
Em todas as horas de viver
Dou-te assim, no pensamento

O corpo de outras mulheres
Ainda me lembro, era o teu
A voz de todas elas
Eu sei que era a tua
O olhar, se as amei
Só poderia ser o teu

A ti pertence o pensamento
Deslembrando o tempo
E as vezes que morri
Antes de te reconhecer

Mando as horas pra frente
E te dou vivido, o que sou
E o que finjo e finjo tão bem
Que sou a mentira me crendo real
Em todas as horas de viver
Dos instantes antes de te conhecer
Até os momentos, os últimos que vou ter

Também te invento inteira
No meu pensamento
E te imagino minha e verdadeira
Para jamais esquecer


MQ
 
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sábado, 9 de julho de 2011

SERTÃO DO SÃO MARCOS - Irino do Além

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As duas portas, sempre abertas, no cômodo caiado há muito, mais banco que mesa e, fechando a porta do fundo, o balcão, fora a fora, dividia a mercadoria do freguês. Dividia a prosa fuxiquenta com todo tipo de gente que ali parava. Gente vinda dos arredores, os moradores do lugar e quem mais chegasse.


Seu Alcebíades era manco, mas havia virado Manco na maldade de gente poderosa que firmou esse chamar. No começo, se importava, depois foi se acostumando.


A venda ficava na Rua de Cima, quase em frente da igreja em construção. Era ali que o pai tomava as suas, todo dia, de tardinha. Carecer não carecia, pois o cavalo levava ele sozinho para casa, mas era do costume, desde que fui ficando moça, buscá-lo na venda. Pouco pela quantia que ele bebia e levava para beber no caminho, pouco para vigiar as anotações dos haveres que se faziam no fiado dele, e muito para ver os moços e ouvir a falação do Manco. Entretinha.


Ele já estava acostumado, saía dali noite indo, eu na garupa. Varava a Vila pela Rua de Baixo até ganhar a estrada do Lajeado e, de quando em quando:

- Qué um gole, minha fia?

Eu nunca queria. Quando passávamos a última casa da rua o medo sempre tomava conta. No cochilo dele, vez em quando despertava.

- Qué um gole, minha fia?

- Quero não, meu pai. E o medo tomava conta.

Num dia, de repente, no negror da noite, apareceu aquele vulto enorme, desmontado, puxando o cavalo pela rédea, com aquele clarão na cara parecendo fogo pegando embaixo do chapéu.


Meu coração foi parar na boca, o pai deu um pulo e pôs a garrafa em riste.

- Qué um gole, seu moço?

O clarão na cara da figura desapareceu no escuro e ela também. O medo rodopiou por dentro.

- O que é isso, minha fia?

- Assombração. Respondi, tremendo dos pés à cabeça.

De novo a cara de fogo apareceu, e não estava só, vinham muitos vultos atrás. Até o cavalo dessa vez se assustou. Quando o pai ia virando o animal para correr, aquela voz grossa falou, com os braços abertos como se quisesse pegar a gente:

- Noite, moça Adelaide. Noite, seu Benzinho.

Era Baldino chegando e parecia assombração quando tentava acender o cigarro de palha com a binga nova.


Quando cheguei, no outro dia, para buscar o pai na venda, lá só se mangava dele, oferecendo pinga para assombração. Ele mesmo quem contou.

- E elas bebe mesmo. Dizia ele.

Foi o que bastou para o Manco e os amigos fazerem a brincadeira, o escolhido foi Irino. O dia, em que eu não fosse buscar ele.


Irino arranjou um lençol de algodão, furou o lugar de enfiar a cabeça, separou numa lata cal e alvaiade e ficou esperando o dia em que estivesse só. Nesse dia, ao sair da venda, deram para ele mais uma garrafa cheia, a sem paga. A noite era um breu. Irino, ajudado pelo Manco mais Nacleto, vestiu o lençol, passou nos cabelos, no rosto e no chapéu, o alvaiade com cal e saiu a galope. Quando chegou na estrada do Lajeado, escolheu a melhor moita. Acendeu sete velas.


Ia o pai pelo caminho, no seu cochilo, gole, cochilo, outro gole. Quando ouviu no meio do mato:

Se do mal for o pagão
Combino judiar não
Se do bem for o cristão
Espeto com meu ferrão

Ele assustado.

- Virgem Maria!

Chegou perto e viu a roda de vela e Irino aparecendo com aquela roupa muito maior que ele. A luz das velas fazia a sombra dançar pela copa do pequizeiro, era assombração em pessoa.

- Qué um gole, seu moço? Esticando a mão com a garrafa.

Irino olhou bem para ele e falou.

- Se do bem for o cristão, espeto com meu ferrão.

O pai respondeu:


- Sou do bem não, nem do mal, seu moço. Sou só do gole e da boa prosa, seu sombração.


- E é boa essa pinga, cristão? Perguntou Irino.

- Das boa, é lá da venda do Manco, cunhece? Fica no Vai Vem perto da igr..... intendência. O Manco num ingana ninguém, só gosta de falá, as vêiz, um poco do alheio.


Desarrolhou a garrafa e passou para Irino que, surpreso com a reação dele, acabou tomando um gole grande e começou a fazer a sua latumia.

- Tenho que levá ao menos trêis alma comigo.


O pai não deixava ele falar e foi dando pinga e fingindo beber igual, dando pinga e ajudando a escolher as almas, desconversando a conversa dele. A noite foi passando, a assombração se embebedando, meu pai dominando a conversa.

- Qué mais um gole, seu sombração?

A situação ficou no laço bem apertado em volta de Irino, já bêbado de cair. Foi amarrado na sela e levado para a venda, puxando o cavalo, o pai com a assombração amarrada, vez em quanto tomando uma talagada e apontando com a garrafa.

- Seu sombração, qué um gole? Seu sombração.

O dia ia amanhecendo quando ele bateu na porta. O Manco abriu, levou um susto. O pai entrou com Irino, amarrou ele no pé duma mesa e pediu duas pingas. Para o Manco ver a assombração beber.


Manco contou que era brincadeira, que aquele era Irino. Pai dizia que era só paricido. Que a sombração era ardilosa, gostava de parecer com os do lugar prá fazê enganação. Que ia esperar o povo na venda prá ver que a sombração gostava é por dimais de pinga da boa.


E foi chegando gente, a venda foi enchendo e o pai pondo pinga na boca de Irino, amarrado no pé da mesa. Foi preciso que jogassem um balde d’água e lavassem a cara da assombração, ali, no meio da venda, com o povo olhando para ele acreditar.


E foi desse jeito que Irino, desse dia em diante, passou a ser mais conhecido como Irino do Além.


 
MQ
 
 
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