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No meio da tarde o tempo parou.
Para seu olhar, as imagens da rua endureceram no ar, a multidão sem concluir o passo, o movimento.
Os olhares esperavam como uma fotografia em todas as dimensões; a sensação era de ser o único que cortava o ar gelatinoso do tempo parado.
Sua procura era maior que o fenômeno, sabia que iria encontrá-la no meio das pessoas paralisadas. Andou por todas as ruas, do começo ao fim de cada uma delas; viu nos movimentos inconclusos que o ar sustinha todos os elementos da vida.
Um cotidiano trágico e cômico costurado nas imagens paralisadas em expressões. A vida, diversa, desigual em suas igualdades, suspensa para o olhar de uma procura. A multidão e a mágica; um homem precisava encontrar seu amor.
Quando a encontrou, tocou-lhe nos ombros e o tempo descongelou. Sentiu o peso do corpo ser puxado para dentro como se encolhesse.
Tinha envelhecido naquele instante, o tempo de sua procura. Ela se virou sorrindo, não reconheceu o amor; apenas teve pena do velho desconhecido com o corpo e as roupas puídas; deu-lhe a moeda e seguiu na multidão.
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MQ
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segunda-feira, 20 de julho de 2009
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