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Na memória do sangue continha o registro de todas as sensações; ao circular, espalhava o que absorvera dos sentidos, célula por célula.
Corpo e alma aprisionados no líquido viscoso impregnados de lembranças, sentimentos e saudades transitando pelos lugares mais improváveis, sustentando o ser imerso em sua melancolia.
Quando fizeram a transfusão, o sangue doado que recebeu não tinha ainda a memória do amor.
Precisou ser tanto que as mais insignificantes partes do corpo e da alma se rebelaram e foram deixando de funcionar aos poucos.
O coração, último rebelde, parou abraçado aos pequenos vestígios da alma, desfeita no ar que o vento esparramou pelas ruas da cidade.
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MQ
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sábado, 25 de julho de 2009
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