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Seus olhos revelavam sabedoria e intimidade com a solidão. Uma sabedoria simples nos gestos nervosos, compromissada com uma comoção de dor, misturados à sensualidade, abstração e o calor pontuando o desejo.
Assim ela se apresentou em armas de cristal, íntegra e sofrida, mas disponível para a luta. Uma guerreira trazendo, penso ao corpo, um rumor de guerras perdidas.
Ficaram frente a frente.
Ele costurava cicatrizes na altivez, orgulhoso de todos os ferimentos tatuados no corpo. Também amava a solidão e tinha volúpia nos olhos. Tratava a dor com cumplicidade e não tinha um deus para fazer calar.
Estavam frente a frente.
Emudeceram a dor. Ficaram sem armas tentando nascer dali. Olharam-se longamente e se viram num desejo vertiginoso.
Tiveram-se na forma do instante. Dois guerreiros vindo de suas guerras. Estilhaçados, nem vencidos nem vencedores.
Frente a frente, perdidos em paz.
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MQ
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terça-feira, 21 de julho de 2009
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"Emudeceram a dor. Ficaram sem armas tentando nascer dali."
ResponderExcluirTentar nascer daí, "aí", me parece ser a altermnativa à dor. Esta, jamais emudecível. No entanto, é preciso "tentar". Talvez se compreenda meu comentário conferindo meus posts de "Vertigem e Significação". Passa lá!
Abraço!
Edilson,
ResponderExcluirParabéns pelos posts, compreendi sim.
Abraços.