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Não queria saber de mais nada, achava sempre que estava melhorando e não percebia que a ponta dos dedos começava a se achatar, as unhas entravam na carne.
Os olhos iam perdendo o eixo do movimento normal, a pele murchando. Na boca, os lábios se repuxavam para dentro; no nariz, a deformidade adquiria um tom avermelhado e o conjunto produzia um mal-estar em quem visse.
Sentia dor, muita dor; a ereção rasgava suas entranhas. Assim eram seus dias e noites; não conseguia esquecê-la, vivia tentando e, assim, confirmava sua loucura.
Sentia o cheiro, a textura da pele, a maciez dos grandes lábios; o pensamento a tinha inteira nas sensações, amava e a queria. Amava e a tinha, amava e a perdia.
Um jogo, uma execução. Ele, o carrasco, era egoísta, covarde e não dormia nunca.
Queria não matá-la dentro de si e ela vivia, queria matá-la fora de si, mas ela não existia.
Esquizofrenia, lapsos de memória, desatenção e muitas esquisitices viveram nele, porque, na verdade, queria matar-se sem matá-la.
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MQ
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sexta-feira, 31 de julho de 2009
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Lindo!
ResponderExcluirE querido, saudade de vê-lo...
Vc desapareceu!
Sempre que posso, venho visitá-lo!
Meu carinho!
Jac.,
ResponderExcluirObrigado amiga querida.
Te visito diariamente com muito carinho.
Abraços.