quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Fotografia

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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Fotografia

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domingo, 25 de dezembro de 2016

Fotografia

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sábado, 24 de dezembro de 2016

Fotografia

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Fotografia

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Fotografia

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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Fotografia

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

domingo, 18 de dezembro de 2016

Fotografia

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sábado, 17 de dezembro de 2016

Fotografia

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Fotografia

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Fotografia

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Fotografia

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domingo, 11 de dezembro de 2016

Fotografia

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Fotografia

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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Fotografia

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Fotografia

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domingo, 4 de dezembro de 2016

Fotografia

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Fotografia

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terça-feira, 29 de novembro de 2016

CONVITE

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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Baia de Guajará – primeira travessia


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Sensação de mundo

De imensidão

 

Os dias doíam

A água era o chão

 

O barro agarrava

Como saudade

E a noite sentia

A primeira verdade

 

O mais rústico

Pôs-se no olhar

O cansaço

Desejou se largar

 

Emoção de aldeia

Tantos sons no ar

 

Começar de novo

Renascer, sonhar

Engenhando a vida

No novo plantado

Lambendo as feridas

Do velho lembrado



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sábado, 26 de novembro de 2016

Aveiro

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Tranca

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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

enlace

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enlace

levezas se apalpando
misturando desejos
gestos acordando...
em desvendamentos


espaço da delicadeza
do arrebatamento
de gostos e cheiros
entremeados
confundindo
um corpo e outro

tirando de cada instante
a eternidade
para desmorrer
enquanto morrem

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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Água

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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Último encontro


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A revelação não o surpreendeu; suspeitava desde muito, na infância, na mocidade. Sempre uma coisa estranha, espécie de comichão dando no centro do corpo e uma coisa saliente no pensamento vazando inteira para as extremidades dos membros. A atenção redobrava, os sentidos aguçava o raciocínio formulado com muita rapidez, quase aviltava o interlocutor.

Ela era bela e sofisticada, curvava o olhar enquanto falava, parecendo querer ser interrompida, confrontada com alguma razão. Ele apertava os olhos e disfarçava dúvidas, não contracenava. Ouvia. Só ouvia.

A revelação veio entre a intenção das palavras. Claro como aquela tarde quente, estranha como as probabilidades do seu corpo. Ele era um demônio...

Sim, um demônio, sentia, sentia ser. Foi como um rastilho de pólvora aceso, seu pensamento correu o passado todo. Era mesmo, lembrava-se a cada momento de suas transmudações ao longo da vida.

Queria rir, gargalhar, mas se conteve. Impassível, ouviu a transgressão confessada, o desejo de remissão impresso na voz. Viu nos olhos molhados nostalgia e nenhum arrependimento. O esforço que ela fazia para inventar uma história já não tinha importância. Era só um espectador. A beleza ele já roubara. O arbítrio da fé não o interessava. Apenas ergueu o copo. Em silêncio, brindou ao pecado que a colocara inteira no seu inferno particular.

 
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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

reverdece...

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uma alegria vence a sombra

e cede a claridade

libertada suavemente

criaturas se erguem

recomeçando os ciclos

 

reverdece...

 

o deperecimento

também é vida

floresce e se sustenta

narrando ardor e aflição

enquanto refaz suas formas

 

reverdece...

 

a natureza se dispõe

alentando esperanças

em cada passo do encanto

e da vitalidade das horas

 

reverdece...

 

vidas sussurram

desadormecendo

em nascimentos

nunca desistidos

 

e renascem silenciosamente...

 

 
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sábado, 15 de outubro de 2016

Um passar de triz

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Procuro verdade, umazinha
Qualquer uma
Seja na fotografia estampada
Nos maços de cigarro que fumo
Na segurança de andar amarrado no carro
Ou numa propaganda do governo
De qualquer governo

Procuro originalidade, umazinha qualquer
Na televisão que se copia indefinidamente
No cinema que só aprendeu engatinhar
Ou numa rádio, transformada em moeda política

Procuro nosso tamanho, só uma olhadinha
Nos jornais e revistas
Lá, impressos estão o de outros
Gente de diversos lugares
Significando o nosso

Procuro a fé, só um pouquinho
Nas igrejas e templos
Lá, estão protegidos pela ignorância
Os vendilhões da maior mentira do mundo

Então na intimidade da poesia
Descubro que verdade
Originalidade, fé
E nosso tamanho
É apenas um passar de triz
Diante do falso cultivado
Formidando para criar verdades


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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

insubmissa

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sou a mulher
que finda, ereta
e insubmissa,
a última etapa da vida

sou a mulher
que chora,
pelos cantos,
escondida,
o tempo que só
dentro de mim ficou

sou a mulher
que carrega no ventre
o fim latejando,
minha primeira gravidez
e meu derradeiro parto

sou a mulher
ereta e insubmissa,
que desde nascida
finda


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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

BIPOLÍTICARIDADE - Marco Antonio Quinan

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O Brasil é um país imenso e rico
Onde o fio do telefone de lata, de brincadeira de criança
É feito de arame de circo
O que prejudica a comunicação e balança
Qualquer governança, pro povo propriamente dito.


O fato é feito cortina de fumaça
Onde qualquer um no embate rechaça
Sapateando entre Golpe e Direito
A arbitrariedade é sistema com defeito
Pra decidir que modelo passa.


Ninguém deveria ser adversário
Ainda mais dentro de casa, e digo
Qualquer que seja a decisão, não calha
Onde só sobrar pão e circo
Na mão desses canalhas.


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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O dia amanhece...


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No corredor comprido ladeando a casa, nasciam samambaias entre os tijolos do muro. O musgo formava pequenos tapetes na umidade do chão também de tijolos

 – barro antigo, pobreza antiga e confortável, sobrevindo todos os dias.


Um portão de ferro e lata com desenhos entortados pelo tempo


– pintura antiga, rangido antigo... saudades...

Primeira lembrança teria sido o cão Tuim? O gambá que apareceu uma noite na cumeeira da casa sem forro e provocou a maior confusão? Ou será a primeira letra desenhada no colo da irmã? A bicicleta emprestada, o joelho em carne viva e o amarrado de arame com as marcas do sangue infantil?


- “o que foi isso menino” - na memória da audição... tempos, tempos aqueles...
 

O pensamento vaga por antiguidades. Um cheiro de fartura, um gosto de quitutes temperados de simplicidade.

 
A falsidade na igreja aos domingos espantando meu olhar menino. O pecado espalhado em volta da vida - sabia quão falso, hoje sei que sabia... Era tão frágil tudo o que via. Tantas obrigações... Dois anjos segurando a toalha de linho para minha inocência ser ferida na primeira comunhão. A , o pão doce em formado de jacaré - surpresa lúdica para os olhos.

 
Tão estranho, o amigo com o nome de um comunista discriminado na escola pedindo para ser chamado pelo apelido.

 
O calor do corpo da colega produzindo todas as sensações

 
– matemática bem aprendida - equação da temperatura com o cheiro, elevando a potencia do olhar quase somando ao gosto da boca ávida e das mãos desnorteadas.

 
- momento sublime e breve capaz de minúcias, capaz de tanta vida.
 

Os iguais e os desiguais percebidos na dependência visceral que tem uns dos outros. O terno conseguido emprestado para que o colega não faltasse à formatura.
 

- festa vestida de gratidão.
 

Coisas aprendidas sem querer, sem sentir. Depositadas dentro, fermentando, destiladas aos poucos em modos e percepções daqueles todos dias.
 

A mesa de jogo e um lugar cativo para olhar a crença dos homens nas possibilidades, na ousadia, no jeito de achar o tempo de recuar, de avançar. Pessoas temperadas nas faces dando um ar de procura no sentido imprevisto de cada jogada. Tantos jogadores, uns se equilibrando na sensatez da própria necessidade, outros esbanjando insensatez em cada rodada, mas todos ali procurando, se perdendo, se encontrando na sorte ou no azar.
 

A tosse ressoava na noite da casa sem forro e dava a certeza de madrugada acabando. Uma sensação de imensidão se punha entre os ruídos familiares e a intuição infantil de que o limite do mundo, do vasto, estava dentro de cada um.

 
Sou o menino daquele dia até hoje que fazendo o caminho inverso. Não tenho sonhos me freqüentando mais. Alguns vivi, outros se perderam no meu querer, nem foram perseguidos ou talvez não tenha sabido descobri-los e conquistá-los no seu tempo.

 
Resto velho e menino ao mesmo tempo, engasgado em alguns espaços. É por isso que tento me lembrar de tantas coisas. Espasmos da solidão tentando desengasgar, tirar a trava e redimir alguma coisa que não sei exatamente o que é, quando foi.

 
A goiabeira, o pessegueiro, a jabuticabeira e a horta de onde tirei o punhado de terra como na historia de um maior que resvalou de um livro ou de uma conversa, não sei - queria ter sua terra sempre perto de si - fiz o mesmo, como se adivinhasse nunca voltar.

 
Impudente, a ereção saltava fora do pijama, meu pensamento vagava impreciso, libertário...

 
A vitrola de corda, a caixa de agulhas cobiçada por todos da casa, música perdida no tempo da memória, música encontrada no tempo da memória.

 
Um velho aparentado chegando, estranho e risonhopalhaço de circo, embebedado de estradas, risos e velhice.

 
A charrete pronta para empinar com o peso da família - dia de circo, dia do improvável, do inusitado semear possibilidades. Um tombo do trapézio - o médico socorrendo a moça e o palhaço socorrendo o espetáculo - e tudo ficou bem, o parente e a trapezista ainda moram nas imediações da minha lembrança e de alguma dor. Não dá para recordar tantas coisas que a alimentam e que a negam.

 
Pensar, lembrar guardados, tentar alinhá-los como roteiro, descobrir quem de fato fui ou sou, ou se tudo não passa dessa tentativa diária e impertinente de apurar o que passou para esperar o que virá dentro da morte.

 
O cheiro do cobertor marrom. A finca na terra úmida. O velho rádio de válvulas. As poucas roupas e o único sapato, bastantes, mas transformados em insuficientes pelas vaidades que ferem apesar de sempre negadas.

 
Amigos perdidos no caminho que a intuição comandou, soberana e sem mágica. Retalhos da lembrança na insônia pedindo esse instante. A cerca, a bola, o arame farpado e o banho roubado no córrego de um quintal desenhado na pele do meu corpo para sempre.

 
A sensação de energia sem amanhã, de nenhuma responsabilidade, com responsabilidade. Loucuras cheias de medo e coragem.

 
A madrugada nas madrugadas parecendo pungir qualquer tamanho de liberdade. Um assassinato. E o baile não parou. Uma morte na rua. E a rua parou. Nenhuma lógica em mim triscou.

 
Difícil envelhecer menino, ver saltar de um limbo a inutilidade ou a utilidade de momentos tão distantes. Não enxergar futuro nos de agora.

 
O dia amanhece... É mais um dia sem sonhos, mais um dia apenas para a intuição triturar em volta. Apenas para continuar morrendo enquanto se vive ou vivendo enquanto se morre.

 

MQ

 

 

 
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