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Para ela, a novidade mostrada pela amiga soou como uma possibilidade de se encontrar.
Primeiro usou por um longo tempo até entender a mágica criada na comunicação simples e quase instantânea; correspondeu-se com amigos, conheceu novas pessoas e até localizou colegas da escola do Interior onde tinha nascido.
Encontrou pessoas quase esquecidas; descobriu parte da família, que nem sabia existir, vivendo no Exterior.
No sítio de relacionamentos, passava a maior parte do tempo teclando com conhecidos e desconhecidos que se tornaram bons amigos eletrônicos.
Por necessidade de saber mais sobre um membro da comunidade que criou, inventou outra pessoa para si, com o perfil correspondente ao dele, com quem trocava elogios e simulações.
Deu certo; formaram um triângulo virtual que durou meses. Quando ficou chato, inventou outra pessoa completamente diferente, formando dois casais que se teclavam diariamente.
Mais um mês durou a brincadeira, até novamente ficar chato. Mais uma vez convidou uma amiga fictícia que já entrou apresentando um amigo de infância. Os dois tinham o perfil totalmente diferente do grupo formado. Isso a instigava.
Assim passava os dias, trancada no quarto teclando. Faculdade, academia, cinema, festas... nunca mais foi. Teclando, teclando, indicando outras comunidades, falando de festas que não tinha ido, inventando namoros, flertes, comentando apenas filmes antigos. Amarrando papos sofisticados, existenciais, soltando a loucura toda até na abreviação das palavras, mais parecendo um código secreto que o grupo todo entendia.
Nem se deu conta; fazia tempo que o único verdadeiro internauta não participava mais das conversas. Um dia, depois de confirmar a disponibilidade e o desejo de todos do grupo de se conhecerem, marcou um encontro num café da moda.
E foi lá, na hora marcada, que tomou, sozinha, um café curto.
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MQ
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sexta-feira, 24 de julho de 2009
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