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Saía, de fato, era do pensamento; o que se pensava quantificado vagava pela intuição, sabendo da responsabilidade do realizado.
Andava pelo que permitia as circunstâncias, mas era pontual nos compromissos, usava o convencionado como respeito.
Dentro, o tempo não tinha nenhuma relevância, não percebia o desgaste do corpo nem o mundo mudando ao redor. Vivia dando conta de viver.
Um amor impossível, muitos projetos em andamento. Certezas: nenhuma; dúvidas: nenhuma. Vivia dando conta de viver. O tempo era uma abstração.
Um dia chegou em casa mais cedo; mergulhado no pensamento, encheu o copo, colocou uma música. Nem se sentou. De repente, deu uma vontade enorme de sair, andar pela rua, sentir a noite e vagar sem rumo. Deixar-se perder pelas lembranças e questões.
Andou poucas quadras até ser surpreendido pela voz rouca chamando seu nome. Olhou para um ponto qualquer esperando ver quem chamava. Ouviu novamente. Só viu a sombra quando já caía sem vida, com a frase perambulando por seu corpo, ecoando:
– Apesar de não acreditar no tempo, o seu acabou.
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MQ
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quinta-feira, 30 de julho de 2009
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As coisas que eu mais gosto de ler são aquelas que falam comigo diretamente, me olham de frente, mas me deixam sem palavras.
ResponderExcluirFoi o que aconteceu quando li esse seu texto.
Abraço carinhoso
Mari,
ResponderExcluirQue bom que gostou.
Abraço.