sábado, 28 de fevereiro de 2015

ENTÃO, FOI ASSIM? - RUY GODINHO

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O programa Então, Foi Assim? deste sábado, vai desvendar as histórias das seguintes músicas:

- Para Lennon e Mc Cartney (Lô Borges/Fernando Brant/Márcio Borges)
 
- Gota de sangue (Angela RoRo)
 
- Homem-Aranha (Jorge Vercillo) e
 
- Stephen Frey (Zeca Baleiro)
 
 
 
Então, foi assim? Os bastidores da criação musical brasileira, sábado, às seis da tarde na Nacional FM com retransmissão para mais de 240 emissoras em todo Brasil.
 

Produção e apresentação: Ruy Godinho
 
 
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

RODA DE CHORO - RUY GODINHO

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RODA DE CHORO - ESPECIAL CHORANDO NA GAROA II
O Roda de Choro deste sábado vai ser segundo programa especial, dedicado ao lançamento do livro Chorando na Garoa - memórias musicais de São Paulo.
 

Durante todo o programa vamos conversar com o pesquisador e escritor José de Almeida Amaral Junior, que vai nos contar porque o livro está sendo considerado a Bíblia do Choro.
 

Na parte musical do segundo programa, choros contemporâneos, dentre os quais:
 
- Chorando em São Paulo (Magda Santos/Pó);
 
- Amolador (Copinha);
 
- Camundongas (Laércio de Freitas);
 
- Marana (Premeditando o Breque);
 
- Nas graças de Emanuel (Nailor Proveta);
 
- Um chorinho em Brasília (Oswaldo Colagrande);
 
- Saudades de Radamés (Milton Mori)
 
- Nebuloso (Danilo Brito) e
 
- Conta outra (Danilo Penteado)
 
 
Roda de Choro, sábado, meio dia pela rádio Câmara FM, 96,9 MHz, de Brasília, retransmitido em mais 205 emissoras pelo Brasil, Japão e Angola.


 
Produção e apresentação: Ruy Godinho
 
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

QUINTAL - MQ

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Acabei com elas - MQ


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Lindaura reclamava todo dia e Linoro fingia que escutava. Prometia providências mas, na verdade, não fazia nada. Ia levando no depois faço, até que fez mesmo. Catou  estrume seco no curral do curtume e pôs para queimar, enchendo a casa de fumaça. Espantar as muriçocas? Espantava. Mas logo, elas iam acostumando com a fumaça e os da casa enojando cada dia mais daquele cheiro.

Aparecendo ali e nos vizinhos, em quantidade maior que o de costume, Lindaura pediu a Linoro para achar o lugar de onde elas vinham. Na mesma noite os dois foram no terreiro, com a lamparina na mão,  e encontraram o foco na casinha.

 

- Traiz querosene que vou pôr fogo e matar o ninho, pediu ele. Lindaura lhe convenceu a esperar o outro dia de tardinha, hora que elas não tinham saído ainda, matava mais.

 

Ele acatou. No outro dia, com uma lata de quarto derramou o querosene na fossa deixando um rasto para pôr fogo de longe. Foi no borralho do fogão, acendeu um chumaço de palha de milho e quando ia chegando perto com o fogo... Bum. Só se ouviu o estouro da labareda sapecar o monte de lenha rachada e a copa das mangueiras ao redor.

A fossa exalando seus gases, somados ao querosene que ele derramou, explodiu, abrindo um buraco que engoliu até ele, espalhando sedimento e pedaços da casinha para todo lado. Foi um corre-corre danado. Lindaura gritava.

 

– Acode, meu Deus. Os vizinhos assustados com o estrondo e aquela gritaria, correram, de pronto, no tempo de segurá-la desmaiando.

Seu Ambrósio, mais dois passantes, correram para procurar e não encontraram Linoro em lugar nenhum em volta da casa. Sumira.

Dentro a consternação. Para todos ali, ele tinha voado com a explosão, caindo longe em pedaços. Era em volta do quintal em chamas que eles agora o procuravam. A casa foi enchendo de gente, chegavam só até a porta do terreiro para ver o buraco em chamas, sem aproximar. Dona Lindaura desesperada, em prantos, gritava querendo sair e procurar o marido. Batira, nora de seu Ambrósio, segurava, acalmando com chá de erva cidreira, e Deus sabe o que faz.

O fogo no buraco crepitava no queimar a lenha e o que restou da casinha, quando seu Geraldinho Mulato transpôs o umbral da porta descendo o degrau para o terreiro, querendo ver o acontecido, a madeira queimando estralou mais forte e um vulto saiu de dentro do buraco. Seu Geraldinho identificou como o diabo em pessoa, por causa das duas pontas do chapéu que sobrou e do corpo queimado, uma mistura de carne viva com o sedimento da fossa, como se o buraco tivesse dado nas profundezas. Deu um grito e saiu correndo sem olhar para trás.

 

– É o diabo. Passando dentro da casa cheia, derrubando tudo pela frente até ganhar a rua .

 

O povo que enchia a  sala, no curioso, seguiu ele gritando.

 

- Cruz Credo, Ave Maria! O buraco deu nos infernos, o diabo saiu de dentro da terra.

 

Quem procurava nos arredores os pedaços de Linoro, ouviu aquela assuada, na gritaria correu, também, sem saber direito de quê.

Sobrou só dona Lindaura e Batira que levaram o maior susto quando Linoro adentrou pela cozinha, surdo, todo chamuscado de fogo e lambuzado de merda, ainda com o chumaço de palha na mão, olhou para mulher gritando;

 

– Acabei com elas.

 
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O TAPAJÓS - MQ

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Atalho - MQ

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Monjolo cascava o arroz, Zefinha catava feijão. Na roça, Dito Véio esfriava os calos da mão. O cabo apontado para o céu, encostado no peito, e o corte da enxada virado para dentro, onde ele limpava a terra do solado da butina.

A roça ficava de jeito que, do seu eito, ele avistava a janela da cozinha, enxergando Zefinha de longe. O pensamento distinguia ela, mais longe ainda, na formação das roças, na puxada do rego d’água, na doença do pai, e depois da mãe. Ia lembrando da menina nova sempre ao lado dele, pedindo garupa e ajudando tirar leite no curral. Lembrava até do dia que ela nasceu. E agora, avistando Zefinha na janela, catando o feijão, remoía por dentro o desassossego de ver ela tão moça, bonita e sozinha no mundo, mercê dos espertos. Ele foi o único que ficou, mesmo sem a paga, no esquecer dos anos.

Distraído nos pensamentos só viu quando já estava rodeado daqueles cavaleiros.

 

- Quem é seu patrão, nego véio?

 

Respondeu meio assustado levando eles até a casa onde Zefinha, já sem avental, esperava na porta.

 

- Que deseja, seu moço? – perguntou Zefinha.

 

- Tamo procurano dois preso fugido. Um tá atirado na perna, o outro é preto igual esse véio, nóis num sabe quantos  tiro pegô. O rumo deles era esse, a moça viu gente estranha passá?

 

- Passou ninguém não.

 

Mal deram água aos cavalos e ganharam  estrada.

 

- Dito, que será que os dois fizeram?

 

- Sabe lá minha minina, pelo tamanho da tropa, coisa muito ruim.

 

No decorrer de dois dias, Zefinha começou a dar falta dos indez que ela deixava nos ninhos das galinhas poedeiras.

 

- Dito, as galinhas num tão pono, que será que foi?

 

- Sei não, minha minina, será algum gambá? Vou pôr reparo.

 

Passou Dito Véio duas noites seguidas vigiando e nada viu. As galinhas não botavam mais. Aí começaram a sumir coisas: primeiro, foi a colcha de algodão da estima de Zefinha, depois uma panela de barro, um pedaço de toucinho do varal. Outro dia foi o facão do Dito.

Os dois viviam assustados o dia inteiro, os afazeres, às vezes, entretinha. Mas logo vinha aquele desconfio de tudo que mexia no redor da casa.

Estando Dito Véio na limpa da roça, com o sentido posto no em roda, viu a sombra no lado do paiol. Foi lá que pegou os dois, nem precisou levantar a arma, estavam caídos no chão, sujos, fedendo e magros de dar dó. O que estava atirado ardia em febre, o lugar do tiro inchado e cheio de pus. O outro não dava conta de carregar o companheiro, ia deixar ele ali e seguir só.

Zefinha atrás de Dito já foi dando as ordens.

 

- Vamos levá eles prá dentro.

 

Dito carregou o atirado e Zefinha deu sustento no apoio do outro, que mal dava conta de andar. Deitou o são, deu água, comida, enquanto Dito banhou, de bacia a perna do ferido já estendido no catre, delirando. Zefinha apanhou umas folhas de fumo no terreiro e preparou um emplastro de urina com fumo e pôs na ferida; deu chá de mamacadela com palha de alho, o homem foi sossegando devagar até dormir sereno. Seu companheiro não disse uma palavra, caiu logo no sono. Ela ficou a noite toda na cabeceira do ferido vigiando a febre dele, trocando o emplastro. Essa labuta durou dois dias. Enquanto ela cuidava, ia ouvindo a história da boca do de nome Zaqueu.

 

- Trabaio p’ro seu Cristino, ele é da pulítica lá da Bahia; prendero nóis ano passado, nóis num matô nem robô não. Seu Cristino defendia o povo das glebas do Arreal da Barrera, terra que Coronel Ladera pois cobro cum arrumação de papel e pulítica. Prendero nóis muitos mêis, mais em sala livre, enquanto o pai do seu Cristino era vivo. Depois foi na grade mesmo. Nóis iscapô pur ajuda do cabo Olino que veio fugino tamém, mais levou um tiro derradeiro na persiguição e ficou na barranca do rio. Eu mais seu Cristino, atirado na perna, garramo num toco e descemo quase dois dia intero até a barra desse córgo e vimo dá aqui.

 

Na semana seguinte, Cristino já dava demonstração de cura, já passava um tempo acordado, mas não dizia nada, ainda fraco, ganhando sustento nas canjas e nas beberagem que Zefinha fazia. Zaqueu já ia limpar roça com Dito. Da janela ela ficava vendo os dois no capino, sempre conversando.

 

- Minha minina, qué qui nóis vamo fazê cum os dois.

 

- Sei não. O Cristino inda tá muito fraco. Mas se aparece a tropa do governo nóis esconde eles na dispensa.

 

- Eles num vão vim mais, vão só cercá na barranca do rio pr’eles num vortá.

 

O tempo passando e um dia Zefinha que cochilava ao lado do catre de Cristino, tigela na mão, acordou com as dele procurando as suas. Ele sorriu e beijou suas mãos agradecido.

Conversaram o dia inteiro, ele pôs mais detalhes na história, contou da sua terra, da sua gente, da morte do pai, da sua sina, agora de sozinho no mundo.

No começo, andava escorando numa vara de tambu, que Dito escolheu no mato para ele. Depois já andava pela casa, encostando aqui e ali. Nesse tempo, ajudava Zefinha nos serviços da casa. E por fim já curado.

 

- Tá chegando o tempo de ir.

 

- Por que não fica, trabalho é o que mais tem. A terra é grande, eu mais Dito carecemo de ajuda.

 

- Num posso abandoná minha gente, tenho que voltá.

 

- Traz eles, o Zaqueu falô deles p’ro Dito. Aqui tem terra prá todo mundo, nóis ajuda no dismato. Agrega os que for possível.

 

- Minha minina tá certa, seu Cristino. Sou seu positivo prá buscá eles; Baldino tá perto de passá, sigo cum ele até a barranca do rio, de lá o senhor dá orientação.

 

Naquela mesma noite, Cristino e Zefinha dormiram a primeira vez juntos. Seis meses depois começaram a chegar os baianos no Sertão do São Marcos.

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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Luz - MQ

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sábado, 21 de fevereiro de 2015

ENTÃO, FOI ASSIM? - RUY GODINHO

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O programa Então, Foi Assim? deste sábado, será inteiramente dedicado à excepcional parceria do cantor e compositor pernambucano Alceu Valença com o cantor e compositor baiano Vicente Barreto, que rendeu frutos preciosos.  
 
Na ocasião, eles nos contarão as histórias de:
 
- Cabelo no pente;
 
- Tropicana;
 
- Pelas ruas que andei e
 
- Vou pra Campinas.
 
 
Então, foi assim? Os bastidores da criação musical brasileira, sábado, às seis da tarde na Nacional FM com retransmissão para mais de 240 emissoras em todo Brasil.
 

Produção e apresentação: Ruy Godinho
 
 
 
 
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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

RODA DE CHORO - RUY GODINHO

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O Roda de Choro deste sábado vai ser um dos dois programas especiais, dedicados ao lançamento do livro Chorando na Garoa - memórias musicais de São Paulo.
 
Durante todo o programa vamos conversar com o pesquisador e escritor José de Almeida Amaral Junior, que vai nos contar porque o livro está sendo considerado a Bíblia do Choro.
 
Na parte musical do primeiro programa, choros históricos, gravados no início do século XX, dentre os quais:
 
- Tico tico no fubá (Zequinha de Abreu);
 
- Rapaziada do Brás (Alberto Marino);
 
- Abismo de Rosas (Canhoto);
 
- Bicho mau (Nabor Pires de Camargo);
 
- Magoado (Dilermando Reis);
 
- Vamos acabar com o baile (Garoto);
 
- Dono da bola (Armandinho Neves) e
 
- Uma noite no Sumaré (Esmeraldino Salles).
 
 
 
Roda de Choro, sábado, meio dia pela rádio Câmara FM, 96,9 MHz, de Brasília, retransmitido em mais 205 emissoras pelo Brasil, Japão e Angola.
Produção e apresentação: Ruy Godinho
 
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Chifre queimado - MQ


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De cócoras, na soleira da porta, Bento tentava, com o tição na mão, acender o chifre que não pegava fogo de jeito nenhum. Muita impertinência, imagina dois dias no borralho e o fogo não pegava. Resolvido, voltou à cozinha e, com o ferrão de Tenório no oco do chifre, enfiou no meio do braseiro.

Foi o que bastou. Zumira ao entrar já foi logo deitando falação. Aquilo não aceitava. Onde já se viu misturar aquela catinga no feijão que cozinhava desde cedo. Lugar de homem não era na cozinha. Se a simpatia de espanto de cobra fosse aquele fedor, que ele queimasse o chifre lá no curral, que ficasse longe do fogão.

Bento saiu no terreiro ainda com o chifre enfiado no ferrão. Tenório, que chegava suado da lida, reconheceu a vara pelo entortado do cabo. Já foi logo enfezando com o cunhado. No consentir de quem ele estava usando o ferrão? Ainda mais naquele uso inadequado. Para que queimar o chifre? Se fosse espantar cobra não era assim que fazia, tinha que ralar o chifre e misturar com estrume que encorpava a fumaça. Bento, contrariado com a falação, devolveu o ferrão e foi até a casa do vaqueiro Osório emprestar um ralo.

Depois de quase a tarde inteira que Bento estava pelejando com o chifre, o vaqueiro viu que ele estava usando o ralo de fazer quitanda de sua mulher Izaltina. Maior ciúme dum outro objeto ela não tinha. Osório, sem graça, reclamou que Bento devia ter falado o que ia ralar. Se soubesse ele não emprestava. Para que ele estava fazendo aquilo? Bento contou da simpatia de espantar cobra, disse que elas estavam aparecendo muito no paiol e atacando as galinhas. Osório explicou que não era assim, de ralar o chifre e misturar estrume, tinha de raspar com a faca melhor de corte que tivesse na casa, juntar com pólvora e, também, que chifre secado em borralho de fogão não servia. Tinha que secar ele numa fogueira, acesa em noite de céu encoberto, sem lua e sem estrelas, noite de só breu.

Misterioso, Bento juntou as pedras e fez a fogueira. Depois de secar o chifre numa seqüência de noites bem escuras, passou quase um mês raspando e guardando dentro de um embornal. Dos cartuchos do cunhado retirou a pólvora e guardou em outro.

Seu Baldino, passando rente à cerca, parou num dedo de prosa. Bento, na curiosidade dele, foi explicando o que estava fazendo. Baldino lhe disse conhecer a simpatia, a raspagem do chifre estava correta, a pólvora também, mas pedra na fogueira não podia usar não. Carecia fazer uma bacia de barro, do tamanho duma braça, encher de gravetos. Só assim espantava as cobras. O efeito só seria duradouro se a simpatia fosse feita à meia- noite e quando acabasse de queimar, ele espalhasse as cinzas em volta do local.

Bento, com a bacia de barro pronta e os dois embornais pendurados no esteio do paiol, esperava ansioso a noite chegar. O cunhado, vindo do curral com o balde de leite na mão, mangou dele dizendo que nunca tinha visto homem mais sem opinião e que ele não tinha fé no que fazia. A simpatia tinha lá suas liturgias mas sem a fé não valia nada. Já que ele aceitava palpite de todo mundo por que não ouvia o Mané Benzedor, conhecedor por profissão e morando tão perto. Bento, quase na zanga com o cunhado, resolveu procurar Mané Benzedor que lhe deu todas as orientações. Explicou como fazer, corrigiu o errado, acrescentou o estrume na bacia de barro, mandou pôr, além dos gravetos, sabugos e palha de milho e que esperasse uma noite de bem breu.

Feliz da vida, Bento ficou esperando a melhor noite, determinado a não aceitar mais palpite de ninguém, nem falar mais no assunto, evitando apodo do cunhado.

Veio a cheia e nada. Na minguante deu a noite esperada, escura, fechada e sem vento, parecia noite cega de nascença.

Na paciência, com todos os detalhes, Bento preparou a bacia na porta do paiol, calculou o meio da noite e pôs fogo.

0 barulho foi seco, bum..., nem ressoou. O fedor foi exalando pelo ar e impregnando as palhas de buriti que cobriam o paiol, espantando as galinhas do poleiro. Foi quando Bento viu a sombra se transformar na figura que andava em volta exalando pior cheiro que a mistura que ardia na bacia de barro.

Dela ouviu, atrás do bafo, bem na sua frente.

 

- Cobra, que cobra levo.

 

E o coisa ruim sumiu do susto.

 

Cobra nunca mais apareceu lá e Bento morre de medo, na noite escura, quando começa exalar aquele cheiro de chifre queimado por todo o corpo.

 

 
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Sinos - MQ

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

breganha - mq


 
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pareceu agora na minha lembrança

um caso do diabo que se assucedeu...

muitos ano atráis

lá nas bera do Ri do Braço

 

Rosinha ruim dos peito nem ia iscapá,

famia tudo avisado, a mãe, as irmã, as tia

puxava reza, fazia promessa

era uma consumição vê ela daquele jeito

benzedô num dava jeito,

dotô só balangava a cabeça desacorsoado

i’eu no meu canto

me apegava com pai de todos e nada

foi aí que resovi chamá o dêmo

e fazê breganha

vida de Rosinha prá cá

arma pecadora prá lá

 

foi como se o coisa ruim tivesse esperando,

de repente Rosinha miora,

fica boa que os dotô e benzedô num creditava

vinha de longe prá vê

 

i’eu no meu canto

isperano o rabudo cobrá o trato

numa tremedeira nem durmino tava

e deu-se um tempo

desalembrei do beiçudo

que num vinha acertá

um dia tano tocano boiada

só animá pejado de brabeza

e muita pricisão de chegá

no relance

apareceu o vermelhão,

o ronca quente, capeta no duro

pele carroquenta e chifrão afiado

 

- vim te buscá

 

- agora num vô, tô cheio de sirviço

 

- trato é trato

 

- tem que isperá

 

- vou te levá

 

- agora num vô, tô ocupado

 

- ocê tratô tem que pagá

 

- pagá i’eu pago, mais tem que isperá

 

dipois de muita discussão o gramulhão intestô

e bufando veio prá riba de mim

i’eu num devorteio

garrei o rabo dele e dei um nó

o bichão saiu pulando,

peidando e cagando fidido

era bosta do dêmo prá tudo que é lado

do Carvueiro até a Meia Légua

ficou uma catinga só

no rasto do beiçudo

pulano cerca

 

dafeita que o feioso nunca mais vortô

i’eu num temo a morte pur sê coisa certa

mais arma minha na rezança do céu

vai parecê não

 
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