terça-feira, 9 de maio de 2023

 canto de abertura (canto da terra)

 

 

a floresta range

num rio dentro de nós

o rio  ruge

na floresta aqui em nós

orai por eles

orai por nós

 

sons de lendas

visagens que ardem

rogai por nós

 

mãos postas em desafio

vento  indo

rodopiando as direções

da hora norte

rogai por ele

zelai por nós

 

corpos em eito de águas

impregnados

escorrendo

anchos

esquecidos

orai por eles

rogai por nós

 

alma de floresta

esfarrapada pungindo

orai por ela

rogai por nós

 

alma de rio

se amiudando

sumindo

orai por ele

rogai por ele

zelai por nós

 

afluentes homens rios

calados passando e

vendo passar

 

leito lodo ruindo

homem vindo

da aridez de mãos tardias

e intenções vazias

bisbilhotando

escolhendo

vindo

vindo

 

a floresta range

num rio

o rio ruge

na floresta

urge

urge

 

juntai os homens rios

das margens e matos

com seus calos

e terçados

 

juntai seus afluentes

em estridência de águas

suas chuvas

em emoção de pranto

 

juntai sementes em

húmus férteis

maternais

 

juntai seus habitantes

mais primitivos

sabedores dos seus

mistérios

seres rudes

mas racionais

predadores de mãos

limpas e férteis

 

juntai floresta e rio

suas entidades

suas lendas em  labaredas

o espírito dos seus

mortos

que vivos

estão impregnados

nas suas águas solidárias

no seu verde calado

 

e quando todos juntos

estiverem na oração maior

que é reunir

somente um grito será dado

escolhendo com as entranhas

 

o que se quer daqui


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