quinta-feira, 29 de setembro de 2016

prelúdio


.

- à amiga distante -

 

imagino-te em vestido solto

sentada numa poltrona

de meias grossas

e pés na janela

num fim de tarde frio

bebendo poesia e vinho

 

imagino na tua pele

tons de manhãs

e olhos orvalhados

em pertencimento

 

e um momento de fingido pudor

quando um verso

se aninha em teu colo

e uma gota de vinho

mancha o tecido

que te emoldura o ventre

 

falamos de nava...

te ouço em palavras

e canto poemas antigos

 - meus versos de procura -

carregando a angustia

 

imagino tua embriaguez

e também bebo saudade

nas palavras sem sujeição

que espalhas por veredas

- é tua alma na minha

em atos de amor e desejos

 

na esquina nova do mundo

a distancia da tua presença

toca com ternura minha emoção

para compartilhar palavras

e a intensidade dos poetas

transgressores, loucos sãos

 

ouço villa lobos

lembro ovalle

e sinto saudades...

quando entrego à amiga

por dito de gesto simples

esse um tipo de amor


.

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