sexta-feira, 1 de abril de 2016

Guerra sem fim - MQ


 

Os dois eram medíocres, inseparáveis no convívio e nos conflitos; o amor era, o ódio também, um e outro conviviam com outras diferenças e se precisavam.

O egoísmo ora se juntava com o amor ora com o ódio. A coragem, totalmente malvista, nunca se despia totalmente para nenhum deles.

 Vaidosos, cuidavam muito das aparências; disfarçavam, maquiando o rosto da harmonia e tinham cuidado em instigar, afagar o perdão; de todos, era o mais casmurro e falso. Anotava tudo para pequenas chantagens futuras.

A compreensão, coitada, bem que se esforçava para explicar as razões de um ao outro, nunca conseguia. A mentira freqüentava a cama dos dois, lânguida e metida a discreta.

O desejo só se aliava a eles juntos, libertário, imediatista e despudorado. Era o único que conseguia verdadeiramente equilibrar o que do outro havia em cada um.

Promíscuos, inseparáveis e medíocres com suas alianças temporárias, seus instantes de trégua e dissimulações, viviam na guerra sem fim que mora dentro dos seres.

 
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