sexta-feira, 29 de abril de 2016

A vizinha


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Tinha se mudado naquela semana em que a viu pela primeira vez. Balzaquiana simpática e muito séria; sua vizinha, muito falante e educada, gostava de ficar conversando com todos e, por isso, sabia de tudo que se passava com os outros moradores.

Nunca soube o que fazia, saía sempre no começo da manhã e voltava no início da noite.

Mal se viam e, quando acontecia, ele notava um olhar desconfiado de donzela reparando muito, uma espécie de desejo e temor ao mesmo tempo.

No começo não desconfiou, mas com o passar do tempo notou um desconforto dela quando ficavam sozinhos no elevador. Nesses dias, um barulho de móveis sendo arrastados, coisas mudando de lugar ressoava pela calma da madrugada.

Um dia resolveu convidá-la para ouvir música, tomar uma bebida ou um café. Ela prontamente recusou, assustada.

Num sábado, ao sair, viu que a porta estava entreaberta e olhou casualmente. Percebido, foi como se tivesse sido pilhado em uma contravenção. Com o atestado de virgindade sendo exibido em uma das mãos, escancarou a porta antes de batê-la com força. Virou as costas e foi mudar os móveis de lugar.


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