quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Amargura da Língua


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De um mote de Paulo Fraga e para ele


Um poeta acadêmico

Saiu na sacada da frente

Olhou pra esquina da rua

E viu o povo adjacente


Não mostrou seus versos

Amestrados noutros modos

Não podiam saber entender

Receitava seus arrogos


Um país de iletrados

Não merece meu poema

Pensou, prezou e entrou

Pra dentro da sua cena


Um poeta do povo

Parou no momento da esquina

Nos seus versos de verdade

Recitou seu modo e rima


Não deixou nenhum passante

Sem lembrar alguma estima

Em seu modo postulante

Escolheu matéria-prima


Um país tão judiado

Carece do meu poema

Pensou, bradou e fincou

A vida em sua cena


Amargura da nossa língua

No jeito de dois irmãos

Um exprime tão claro

O outro não tem noção
MQ
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