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Primeiro ato
A cidade grande
tentará me engolir
Neles finalizarei alguma coisa
E começarei outra
Poderei estar
muito feliz
Noutros esperarei
É maior que
sofrimento e dor
A cidade com
sua estridência aceita
E respeitando
Assiste meu olhar
E o humano universo
Atravessa-me e mostra
O caminho prazeroso
de andar
Terceiro ato
Na disputa por
um lugar
na rua
Moradores apenas com o senhorio
De suas vontades
e suas carências
Habitando o costume de senti-las
Põe seus improvisos
cara a cara
Entram na cena do meu oficio, encenam
Quarto ato
O assalto se concretiza
A ternura deles rouba a minha
E deles roubo o que
caracteriza
O meu personagem
instante a instante ,
Improvisando o atraente por
si
Nessa hora todos
se transfiguram,
Prepará-lo para o que
se pode
E move a vontade de caminho
De chegar para partir
Desinibindo o passante
E o dono do lugar
sem dono
Calma, cidade de concreto abstrato
Pelas suas avenidas ,
esquinas e ruas
E a solidariedade contracena
Sinto medo
Carregando olhares
E elegem viver sem
indiferença
No leito do seu
asfalto nu
E entendo a aridez necessária
Ao são do meu
corpo
Tenho total consciência
de onde moro
Sou muito amado
Aprendi como será minha loucura
E onde quero lucidez
Nenhuma estrutura há de faltar
Força estou aqui ao seu lado
O amor me
finca estacas
Ah! cidade tão pequena,
Na simplicidade , no perigo
E na grandeza de aprender
Vejo pessoas , reconheço passos
Vejo pessoas crio outros laços
Nenhuma dor embaça
Acredito no humano
No viés de qualquer
desatenção
Procede consentindo
Posso
E transgredir o que
esta anestesiado
E liberar a partilha da generosidade
Retida na beleza humana
A ti dôo meu sangue , cidade grande ,
Da gente que
vive confundida
Escuto com alegria
os que contornam
O jeito do absurdo
Os que me
aconselham
E quando displicente
Impõe-me a dor ou qualquer
incômodo
Valida o que aprendo
E troco freqüentando suas entranhas
Tenho vício de enxergar
E conviver com detalhes
esquecidos
Ao tentar engolir
cidade grande
Deste-me maior tamanho
Os momentos de crescimento
Moram na minha história
E todas as burocracias
Olharam-me, se deixando olhar
O carinho passa
nas minhas horas
E subverte a relação
Sou também a criança
Sinto os muitos gestos
De amor esparramados em volta
E me torno
pessoa
Permutando com as outras pessoas
E todas as aceitações
Tens muitas surpresas
E silêncios cochichando
É assim que
quero
E sei tanta coisa que é possível fazer
Quantas haverão de ser felizes
E se farão divertidas
No valor real
que tem ser
E me submeter
aos seus números
E podemos trocar atenções
Na acuidade do meu olhar
Sobrevivendo noutro olhar
Entendendo a lembrança
De todos os meus
caminhos
Décimo nono ato
Todas as vezes que tentar
Engolir-me, cidade grande,
Aprenderei alguma coisa
Na sua vaidade
de concreto
Sou pessoa e me
trato inteira
E tenho a liberdade
MQ
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