segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
MÁRCIA CORRÊA - Gênese da Palavra
quando escrevo
minha alma descansa
aquieta o ar na garganta
liberta as palavras e canta
as energias invisíveis
quando aperto a caneta azul
entre os dedos da mão direita
até doer as falanges precisas
sobre a imaculada folha branca
respiro o alívio de saber só de mim
enquanto escrevo pensamentos
permito que a maciez do cobertor
acaricie meu corpo exausto
isentando a matéria densa
dos tributos da existência
quando acendo o cordão de prata
conduzo meu espírito aprendiz
à infinitude primordial da palavra
que subscreve o sopro do universo
há milhões de anos-luz de mim
então escrevo como quem ama
sob um firmamento amparado
por estrelas vivas e distantes
esquecidas no céu por um viajante
guiado pelo vigor da saudade
escrevo no ardor de meus músculos
na dor compungida de meus ossos
rogando às palavras que transpirem
arfando sentidos em cada poro
curando a alma da extinção
Márcia Corrêa
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