quinta-feira, 21 de julho de 2016

Chula do vaqueiro Bité


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A chula marajoara

Ressoando pelas margens

Embalou braço de rio

Pras lagoas deu aragens

 

De cada acontecimento

Fica muito pra cantar

Tantas partes do momento

No viver de cada olhar

 

Envinha de pra longe

Por aqui eu quis passar

E contar minha história

Que é também a do lugar

 

Vivo como o desafio

Que o rio faz ao mar

Sou menor do que a vida

Mas não canso de lutar

 

Minha mãe não me pariu

Se foi antes de eu chegar

Na morte dela que vim

Sou nascido de um findar

 

Fui criado pela lida

Na presença do meu pai

Cavalguei sua desdita

Desde meu primeiro ai

 

Meu pai se foi numa cheia

Na tristeza afogado

Tempo ainda deu menino

Sem madrasta ou pecado

 

Numa mão lavrei um remo

Na outra trancei um laço

Nos pés fiz meu cavalo

A canoa fiz no braço

 

Menino eu fui vaqueiro

Laçando fui coragem

Remando chorei baixinho

No rumo da minha margem

 

Pelas águas fui crescendo

Recebendo o encantado

Que guiava o caminho

Como estando ao meu lado

 

Nos retiros eu cuidei

O tanto de ser amado

Encantei moça donzela

Muita mulher de casado

 

Minha vida em rodopio

Foi em volta do patrão

Nos pastos segui o fio

Virei, sendo, seu ferrão

 

 

 

Doutrina

 

Eu sou balanço

Eu sou de ouro

Eu venho no jogo do mar

O meu cavalo é maresia

Eu sou balanço

Eu moro no fundo do mar

 

(*) Domínio Público Adaptado

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