O primeiro e o segundo
Ela freqüentava, semanalmente,
porções, mandingas, magias e todo tipo de encantamento. Conseguiria, diziam os
vizinhos, parentes, amigos e a vendedora - era só ter fé.
O que mais consumia suas horas: ter
fé.
Toda semana, novas infusões, chás e
beberagens; puçangas e qualquer que fosse a indicação; rezas, jejuns,
simpatias. Havia de conquistá-lo. Tinha fé, muita fé.
Ele, objeto de tanta
perseverança, quando muito um bom-dia, boa-tarde ou boa-noite. Formal e muito
sério. Ela amava e o queria mais que tudo.
Quase desistindo, ouviu falar de um
lugar em que faziam trabalhos, tanto para o bem quanto para o mal. Leituras,
combinados e pactos para os que não se importassem com o preço a pagar.
Lá, ouviu que o caso era muito
difícil, requeria entrar no mistério do mais profundo das trevas e fazer
combinação de troca com o maior. Aceito, nem precisava se preocupar com mais
nada, nem beber preparados, rezar, ter fé, nada disso. Aceito, ficava em curso
a troca. O primeiro e o segundo dos filhos seriam entregues antes da terceira
mamada.
Assim, no outro dia ele parou para
conversar. Em um mês, freqüentava sua porta; pouco mais, o casamento.
O primeiro engasgou com o colostro na
segunda mamada. O segundo, depois que o marido morreu, ela procura todos os
dias quem lhe faça.
O pacto conduz o desejo de mão em mão,
e um maligno sedento mantém leite escorrendo em seus seios, para lembrar a
falta do pagamento.
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