quarta-feira, 15 de julho de 2009

FRADERICO GALANTE

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Vila de Curiá

Tem gente que sabe até do demais. Olha já, que vento batendo em popa de bajara é do suspiro da mãe do rio. Um garoto um dia espiava atento o silêncio do rio, seu pai pescando. A água refletia aquele sol fraco de fim de tarde, o parto da noite, partida do dia. A água fazia era balançar profundo o casquinho sozinho na imensidão do rio. E o menino olhava que só ele, como que o tudo do mundo fosse só aquelas imagens se formando nas ondinhas formadas do balanço do barco. O menino então sorriu, passou o que foi pela sua cabeça não se sabe não, sorriu e se levantou. Pulou na água tentando foi abraçar coisa que só ele via. O pai desesperado pulou na água atrás do filho. E ele revistou, que revistou por várias vezes, por baixo do barco, em linha mais funda do rio, em um tanto mais longe da canoa, em tudo quanto era fundura que seu peito agüentava, mas não encontrou o menino. Já cansado, triste, chorando que aumentava a água do rio, subiu de volta no barco e fez foi gritar bem alto: filho....Passou foi o instante de uma vida.

Que sucedeu foi um estrondo de um suspiro vindo da água bem perto do bote. E o pai, que tinha ainda esperança, foi logo ver o que era e foi então que viu um boto, grande dos nunca vistos, e seu filho nas costas dele...O menino dava de ver ainda se mexia, mas tinha sinais de sofrido. Foi que o pai pulou de novo no rio e acercou de seu filho, pondo o menino de volta pro barco. O menino respirava fraco, mas com muita massagem o pai fez que ele fosse voltando aos poucos. O menino abriu os olhos e o que se viu foi fato nunca antes relatado: o menino estava com a menina dos olhos da mesma cor do pôr do sol, duma beleza sem igual, que o pai ficou encantado e abraçou mais que mais o filho e disse bem alto, para todo mundo ouvir: a mãe do rio batizou o meu filho!!! E o menino sorriu e os peixes pularam para fora da água e o boto ficou zuando feliz, espirrando água para todos os céus.

O velho Romualdo contava esta história a cinco curuminzinhos quando da chegada dos quatro aventureiros na vila de Curiá. Ainda que deu tempo, pois o velho não parou de contar a história, de João Quinlhão sentar foi ao lado de um negrinho magricela, que estava com tanta atenção na história, que não percebeu as formigas ferrando seus pés, nem os carapanãs, que nessa hora eram muitos, sugando seu sangue mirrado.

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