quarta-feira, 5 de agosto de 2009

MÁRCIA CORRÊA - Terapêutica noturna

.

a palavra acorda dentro da gente

quer sair espontânea e livre
do fundo da mente
e nem sempre a gente sente

então ela percorre o corpo
inquietando os músculos das costas
agoniando as falanges dos dedos
num estalar dormente

faz revirarem os olhos insolentes

não pergunta que horas são
invade a quietude da madrugada
abrindo no sono um clarão

não respeita o silêncio da noite
faz despertar das quimeras o coração
palavra doida sem limite
agonia da expressão

avilta do papel a branquidão
quer sair de qualquer jeito
lanterna de foco
caneta na mão

desliza no leito macio

da folha nova
onde sem ela
habita a solidão

por letra cai azulzinha
grafando o que dá na
o pra sempre do peito
até regressar a mansidão
.

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