quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MARIELZA TISCATE - Pura ficção

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Meia noite e eu caminho à esmo, possuída de estranho prazer: sentir aquele vento frio vestindo minha pele mal escondida sob leve tecido.
Ando sem rumo, com um norte gravado na memória mais funda.
A certeza de meus passos dizem a rota e me levam por ruelas estreitas e vazias. Somente aquele som estranho da expectativa.
Eu nada falo enquanto sorvo a madrugada, gota a gota. O ar penetra-me pela boca que mantenho entreaberta.
Quero ser possuída.
Procuro uma certa porta. E acho.
É a tua e dormes. Dormes entregue à lembranças não vividas.
Entro devagar sem pedir licença. Da porta até a cama vou deixando cair pouco a pouco toda a roupa - O rastro de meu despudorado desejo. Estou em pelo e prometo cobrir teu corpo e pertencer-te.
Pertencer-te de tão leve que não despertarás de teu sonho.

De manhãzinha dirás ao espelho: fui amado e amei. Eu sei.

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