sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Diana Junkes Martha Toneto


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pelas janelas dos jornais de amanhã
palavras de odor desconhecido
tingem de inércia e de cinza
o descontentamento da vida

um cotidiano roto e enfraquecido
escapa às rimas
pelas cortinas destas janelas

entreabertos
enigmas roxo-alaranjados curvam-se
como se um pôr-do-sol em
agonia velada

mulheres ensandecidas e
pobres homens mutilados
padecem
lunáticos
à beira do inatingível abismo
cravado desta linguagem estragada

em pranto o pó das palavras esfacela

a onipotência das notícias é carcerária
não há hora que chegue
para a urgência deste agora
relógios estanques
em ponteiros parados na memória


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