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O carro parou na esquina, não puderam se conter. Uma revolução foi desencadeada no momento da despedida.
Nas mãos, o desejo se configurou e desarmou todas as roupas. O cheiro dos corpos explodiu no ar, embaçando os vidros; veio da bomba construída nos olhares.
O calor da pele derreteu maçanetas e transformou o ponteiro do velocímetro em ventilador. Todas as curvas se rebelaram, misturando-se, entrelaçando-se, recurvando-se numa única conspiração.
Nas bocas, todas as palavras do mundo soaram iguais e mastigaram dezenas de beijos. Os sexos portaram eretas suas armas e se lamberam, feridos de amor e paixão.
Na esquina, dentro do carro havia uma revolução, parecia a única batalha do desejo, um início de fim.
Foi quando, num instante, a manhã caiu em cima do carro e matou os dois.
MQ
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quarta-feira, 6 de maio de 2009
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As manhãs são sempre desconcertantes.
ResponderExcluirAh, essas manhãs assassinas de amores e gozos... Marcos, vim conhecer o blog e vou sair carregando nostalgias (lembrei do açaí de verdade e do tucupi adocicado do Pará)! Obrigada por seu comentário lá no Toda Quinta e é claro que podes republicar texto meu aqui! (é só dar o crédito risos) Grande abraço e parabéns também por seu trabalho (vou ver seu livro lá no Lado de Dentro). Vássia.
ResponderExcluirVássia,
ResponderExcluirObrigado.
Pode ter certeza, o crédito e o endereço. Fique sempre a vontade aqui.
Prazer, abraço.
Márcia,
ResponderExcluirAs manhãs, às vezes, são desconcertantes mesmo.
Abraços.